Governadores propõem encontro com Bolsonaro para tentar diminuir crise institucional

Publicado em 23/08/2021 14:38

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Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - Em reunião na manhã desta segunda-feira, em Brasília, os governadores decidiram pedir um encontro com o presidente Jair Bolsonaro para tentar a abertura de um diálogo que melhore o ambiente no país, diante do clima de tensão entre o Executivo e Judiciário e as constantes ameaças de ruptura por parte de Bolsonaro.

"A intenção é solicitar uma agenda com o presidente onde o objetivo é demonstrar a importância de o Brasil ter um ambiente de paz, de serenidade, onde possamos garantir uma forma de valorização da democracia, mas principalmente criar um ambiente de confiança que permita atração de investimentos, geração de empregos e renda", disse Wellington Dias (PT) em entrevista depois da reunião.

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), que tem um bom relacionamento com Bolsonaro, reafirmou a intenção de que os governadores sejam recebidos.

"Espero que o presidente, pelo nível que o país chegou nesse momento, com essa disputa institucional, receba os governadores. O que procuramos é o bem comum e vamos levar isso ao presidente. Dizer a ele que não tem ninguém contra ou a favor dele, mas queremos um ambiente de normalidade e discutir os reais interesses do povo", afirmou o governador, apesar da animosidade declarada de Bolsonaro com alguns, como João Doria (PSDB), de São Paulo.

O encontro em Brasília já estava marcado e tinha como pauta temas econômicos, mas passou a incluir a última crise institucional causada pelos ataques mais recentes aos demais Poderes. Na semana passada, 13 governadores já haviam divulgado uma carta em defesa do Supremo Tribunal Federal (STF), mas sem citar Bolsonaro.

Na reunião, a tônica foi a necessidade de reagir aos constantes ataques de Bolsonaro a outras instituições, inclusive aos próprios governadores, mas a carta que deverá ser divulgada pelos 27 deve ter um tom mais ameno do que era esperado por alguns, já que governadores mais alinhados com o bolsonarismo não concordaram com uma carta mais crítica.

Ronaldo Caiado (DEM), governador de Goiás, foi um dos que defendeu a reunião com Bolsonaro, apesar do ceticismo de alguns governadores, que não prevêem sucesso em fazer com que o presidente reduza o tom.

"Tem todo meu apoio a insistência ao diálogo para com o presidente para que possamos parar com essas interpretações que só provocam cizânia e desentendimentos", disse Caiado.

Apesar do ceticismo de alguns com a possibilidade de mudança do comportamento de Bolsonaro, todos concordaram em pedir uma audiência com o presidente, assim como encontros com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e do STF, Luiz Fux.

A crise entre Executivo e Judiciário piorou ainda mais com o pedido de impeachment do ministro do Supremo Alexandre de Moraes, apresentado por Bolsonaro na último sexta-feira.

7 DE SETEMBRO

Alguns governadores mostraram preocupação com as manifestações marcadas para o 7 de Setembro e incentivadas por Bolsonaro, que pretende comparecer a encontros em Brasília e São Paulo.

"Esse tipo de manifestação que está se anunciando para 7 de setembro não se insere nas fronteiras legítimas da democracia. Pessoas armadas? Pessoas armadas na rua não é passeata, é motim. Agiu bem o governador Doria ao enquadrar desde logo porque há sim esse risco. Alguns acham maior, outros menor, mas o risco existe", disse o governador do Maranhão, Flávio Dino (PSB), citando o fato de Doria ter afastado nesta segunda o chefe do Comando de Policiamento do Interior-7 da Polícia Militar de São Paulo, coronel Aleksander Lacerda.

Em postagens nas suas redes sociais, Lacerda convocava as pessoas para as manifestações de 7 de setembro e distribuía xingamentos ao governador, ministros do STF e presidente do Senado.

"Se já não bastassem as ameaças cada vez mais crescentes à democracia nas últimas semanas, teremos nesse mês de setembro manifestações, não apenas exercendo direito de se manifestar contra ou a favor. Mas manifestações ruidosas, para colocar em risco a democracia", afirmou o governador de São Paulo.

"Há estímulo pelas redes sociais para que militantes do movimento bolsonarista utilizem armas e saiam às ruas armados. Isso não é defender a democracia. Não é defender o diálogo. Isso é desrespeitar o país. É desrespeitar a vida. Quero enfatizar que nós estamos diante de um momento gravíssimo da vida nacional. Não é o momento de nós silenciarmos", acrescentou Doria.

(Reportagem adicional de Eduardo Simões, em São Paulo)

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Fonte:
Reuters

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3 comentários

  • Eduardo Ferraz Pacheco de Castro Cuiabá - MT

    O POVO está ligado, está conectado. Estamos acompanhando tudo o que tem acontecido para dizer o seguinte: que RESPEITEM os NOSSOS 57 MILHÕES DE VOTOS !! Somos a Maioria e estamos com o Presidente B0LS0NARO.

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  • Wagner Jardim

    Sou a favor do movimento de 07 DE SETEMBRO e todos os cidadãos de bem devem participar, pois queremos um país crescendo, com liberdade em todos os sentidos, queremos os nossos direitos constitucionais de volta, queremos a valorização das famílias, da religião, do direito de proteger nossas famílias, o direito ao porte de armas, queremos paz e um país próspero, queremos juízes que não façam livre interpretação das leis constitucionais a seu bel prazer, queremos corruptos na cadeia, queremos o fim do sistema eleitoral vigente, queremos o fim do coeficiente eleitoral, queremos o fim do fundo partidário, enfim queremos um país gigante com empregos e não um país de pelegos, cachaceiros, marginais, queremos que pessoas que estão respondendo a processos longe da política ditando regras, queremos um Brasil livre e democrático onde as leis sejam aplicadas igualmente a todos, sem foros privilegiados, que qualquer pessoa indistintamente de seu cargo ou função cumpra como qualquer cidadão o tempo necessário e receba apenas como aposentado o teto do INSS como os cidadãos da iniciativa privada. Simples assim, o resto é demagogia barata e hipocrisia sem fundamento

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    • Adilson Dilmar Dudeck Cascavel - PR

      A ruptura institucional é irreversivel. Não tem mais volta. Acredito que está mais ou menos assim: Executivo e Câmara dos Deputados versus STF e Senado... Dia 07 de setembro será uma espécie de autorização do povo. Será avaliado o número de manifestantes pró e contra. Preparem suas dispensas de víveres e combustiveis, porque dias negros virão.

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    • Hilario Bussolaro Cascavel - PR

      Sim eu concordo com um país livre só querem que tenhamos pessoas bem capacitadas a administrar com altos cargos e ganhando salário miseráveis e o mesmo que colocar a raposa cuidar do galinheiro, o nosso problema e justamente esse um pequeno salário e para esconder muitas vantagens dar aos justos o que e justo isso sim um grande salario com boa assistência e uma grande responsabilidade para quem ocupa os cargos elevados, o maior problema e a corrupção que nunca tem fim e nunca se satisfazem com os valores das propinas, o sistema comessar a ferrar a propina e ela se arrasta por todas as instâncias até o mais alto escalão, quando a verdadeira justiça predominar aí sim teremos um país gigante

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    • Otávio Perrone Santos Casa Branca - SP

      Nosso problemas é gastar 8% do PIB (mais de 500 bilhões), somente com gastos federais, ou seja, senadores, deputados federais, presidente, juízes, funcionários públicos federais etc. Vejo mts vídeos reclamando do desvio do BNDES de 10bi (que tem que ser investigado com ctz), mas não vejo nenhuma manifestação pedindo a redução dos gastos federais. Por exemplo, se reduzirmos os gastos federais em 5%, que ainda é pouco, conseguiríamos uma economia de 25 bilhões de reais, o dobro do que foi desviado do BNDES. Isso só a nível federal, imagina colocar estados + municípios, a economia seria gigantesca, mas os apoiadores das manifestações do 7/set preferem reivindicar um golpe militar, eu não entendo, deve ser algum fetiche com farda.

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    • Gilberto Rossetto Brianorte - MT

      Sr. Adilson, a ruptura institucional já houve e de onde menos esperávamos do: STF.

      A partir do momento que passaram a decidir fora das 4 linhas da Constituição, houve a ruptura. Ou como justificar uma prisão onde a pretensa vítima é o próprio que instaura processo, acusa, julga e executa a pena? Alguém já viu isso? Isto só ocorre em países sem leis, que não estão sob a égide de Estado democrático de direito.

      Portanto, a partir do dia que o Supremo passou a ditar leis e prender houve o golpe. Então agora, graças ao STF somos um pais sem lei.

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    • Gilberto Rossetto Brianorte - MT

      Sr, Otávio, concordo em parte com o senhor. Vamos começar extinguindo a Justiça do Trabalho, economia de R$ 30 bi ; também acabar com Justiça Eleitoral, R$ 12 b. Acabar com as universidades públicas e passar a dar bolsas em universidades particulares, economia de mais R$ 50 bi. ... No entanto, para que isso ocorra, só com o STF novo, porque esse que aí está julgará tudo inconstitucional e não deixará extinguir nada. Portanto, tudo começa por um STF novo.

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  • Gilberto Rossetto Brianorte - MT

    Governador Dória é o tipo da pessoa cafajeste, covarde e sacana, construído uma narrativa de ódio. Sujeito imprestável, me admira os paulistanos terem eleito um trastes desse.

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    • carlo meloni sao paulo - SP

      Ele falou uma coisa três meses depois virou completamente---A melhor definicao foi dada por Jo Soares,,,___Doria abraçou Jo, e colou nas costas dele um cartaz ---VOTE NO COLLOR---

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    • CLELITON LIMA DALBEN Capitão Leônidas Marques - PR

      Mas o Dória tem uma rejeição altíssima no próprio estado que governa, pra quem esse sujeito está falando, para militancias esquerdistas que apoiam qualquer coisa contra o presidente, esse cara é patético, podem pegar qualquer pesquisa, ele perde em todos os cenários, e esses governadores que vão contra o presidente são cegos??? Olhem as ultimas pesquisas, do nordeste pra baixo a maioria da população está com o presidente, essa lacração é medo da grande mídia, coisa que Bolsonaro não tem, fala verdades doa a quem doer. Dória é um sujeito que vive de holofotes, como muitos outros governadores.

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    • Adilson Dilmar Dudeck Cascavel - PR

      Não vi em nenhuma rede social alguem falar em armas no protesto. Vejo agora da boca do Agripino Calça Apertada. Quanto a estes governadores, eles estão tentando virar heróis da pacificação para tentarem se reeleger, o que é uma missão quase impossível, a não ser através do código fonte das urnas eletrônicas.

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