EUA preveem que Ucrânia continuará lutando durante inverno; aliados reforçam defesas aéreas

Publicado em 12/10/2022 18:37

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Por Phil Stewart e Sabine Siebold e Philip Blenkinsop

BRUXELAS (Reuters) - A Ucrânia deverá continuar lutando em meio às duras condições do inverno para tentar retomar ainda mais território da Rússia, disse o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, nesta quarta-feira.

Enquanto isso, aliados do esforço de guerra contra a Rússia anunciaram entregas de novas defesas aéreas e se comprometeram com mais auxílio para a Ucrânia, após novos ataques com mísseis russos contra o país.

Analistas militares estão observando para ver se as batalhas diminuem durante o duro inverno da Ucrânia, potencialmente dando às tropas dos dois lados da guerra uma oportunidade para reagrupar depois de meses de combates desde que a Rússia invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro.

Mas Austin, falando em uma reunião no quartel-general da Otan em Bruxelas com quase 50 países que fornecem auxílio militar à Ucrânia, disse que espera que Kiev faça o que puder para avançar, após recuperar território ocupado por forças russas nas últimas semanas.

“Eu espero que a Ucrânia continue a fazer tudo que pode durante o inverno para recuperar seu território e ser eficiente no campo de batalha”, disse Austin, em entrevista coletiva.

“E vamos fazer tudo que pudermos para garantir que eles tenham o que precisam para serem eficientes.”

Uma autoridade de alto escalão dos militares dos EUA disse que há uma “enxurrada” de apoio para ajudar a Ucrânia a sobreviver aos meses de combate durante o inverno, incluindo o fornecimento de roupas para tempo frio.

“Mas e aquelas forças russas? Que tipo de apoio elas terão durante o inverno? Neste momento, os russos estão isolados e sozinhos”, disse a autoridade.

Muitos países condenaram a invasão, que o presidente russo, Vladimir Putin, chama de “operação militar especial” para garantir a segurança da Rússia e proteger cidadãos que falam russo na Ucrânia.

A Ucrânia e seus aliados acusam Moscou de começar uma guerra para ganhar território ou mesmo ocupar o vizinho pró-Ocidente.

Austin abriu o evento da Otan sentado ao lado de seu correspondente ucraniano e condenando os ataques letais com mísseis de Putin contra “alvos sem propósito militar” ao redor da Ucrânia dois dias atrás.

O general do Exército dos EUA, Mark Milley, chefe do Estado-Maior Conjunto, afirmou que os ataques cumpriram a definição de crimes de guerra sob as leis internacionais de guerra. Kiev e seus aliados acusaram repetidas vezes as forças russas de crimes de guerra e de visar atingir civis, alegações que a Rússia nega.

“A Rússia atingiu deliberadamente infraestrutura civil com o propósito de ferir civis”, disse Milley a repórteres. “Eles visaram idosos, mulheres e crianças da Ucrânia. Ataques indiscriminados e deliberados contra alvos civis são crime de guerra pelas leis internacionais.”

Os últimos ataques aéreos da Rússia mataram 19 pessoas na Ucrânia, feriram mais de 100 e derrubaram o fornecimento de energia ao redor do país, dando nova urgência aos pedidos de Kiev por sistemas de defesa aérea para proteger suas cidades.

A Alemanha anunciou que o primeiro de quatro sistemas de defesa aérea IRIS-T chegou à Ucrânia. A ministra da Defesa alemã, Christine Lambrecht, chamou-o de um “apoio muito importante para a Ucrânia na luta contra ataques com mísseis”.

A reunião em Bruxelas também é a primeira grande da Otan desde que Moscou proclamou em setembro que estava anexando quatro regiões da Ucrânia, anunciou uma mobilização e emitiu ameaças nucleares veladas – ações que a aliança classificou como uma clara escalada da guerra.

Uma autoridade sênior da Otan disse que um ataque nuclear da Rússia mudaria o curso do conflito e quase certamente geraria uma “resposta física” dos aliados da Ucrânia – “e potencialmente da própria Otan”.

A autoridade não detalhou o que uma resposta física implicaria.

O grupo de planejamento nuclear da Otan realizará uma reunião a portas fechadas na quinta-feira e a aliança não divulgou detalhes sobre o que será discutido especificamente.

Falando antes de uma reunião de dois dias entre ministros da Defesa da Aliança, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse que a aliança avançará com exercícios de prontidão nuclear anuais na próxima semana.

Ele se referiu ao exercício “Steadfast Noon”, no qual as forças aéreas da Otan treinam o uso de bombas nucleares dos EUA baseadas na Europa com voos de treinamento, sem armamentos verdadeiros.

Cancelar os exercícios por causa da guerra na Ucrânia enviaria um “sinal muito errado”, disse Stoltenberg.

“É um exercício para garantir que nossa dissuasão nuclear continua segura e efetiva”, disse, acrescentando que a força militar da Otan era a melhor maneira de impedir que as tensões aumentem. Moscou acusa o Ocidente de intensificar o conflito ao apoiar Kiev.

A Europa já está no fio da navalha após ataques contra os oleodutos Nord Stream que passam por baixo do Mar Báltico, embora ainda não esteja claro quem está por trás das explosões.

A Otan disse que reagirá a ataques contra infraestrutura crítica de aliados com uma “resposta unida e determinada” e que já dobrou sua presença nos mares Báltico e do Norte, para mais de 30 navios apoiados por aeronaves e atividades submarinas.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, disse nesta quarta-feira que o aumento do apoio financeiro de doadores internacionais ajudará a acabar com a guerra contra a Rússia mais rapidamente e citou necessidade de 38 bilhões de dólares para fechar o déficit orçamentário estimado para o próximo ano.

Zelenskiy também afirmou que a Ucrânia precisa de 17 bilhões de dólares para reconstrução de infraestrutura crítica e que está buscando junto ao FMI um novo programa de auxílio financeiro orçado em até 20 bilhões de dólares.

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Fonte:
Reuters

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