Federal Reserve mantém taxa de juros nos EUA em 2% ao ano

Publicado em 05/08/2008 17:47

O Federal Reserve (Fed, o BC americano) decidiu nesta terça-feira manter sua taxa de juros em 2%, marcando a segunda reunião consecutiva de pausa em sua política de cortes de juros. O banco reduziu a taxa entre setembro do ano passado e abril deste ano, na expectativa de, ao baratear o crédito, dar um estímulo à economia, afetada pelas crises nos mercados imobiliário, hipotecário e de crédito.

Em comunicado, o Fed destaca que apenas um integrante era a favor da alta, os outros votaram pela manutenção. No documento, o órgão explica que a preocupação com a inflação continua --apesar da expectativa que as altas se moderem no próximo ano--, mas ressalta o crescimento das exportações e dos gastos dos consumidores. Além disso, admite que os preços da energia, o enfraquecimento do mercado de trabalho e o mercado imobiliário devem pesar nos próximos quatro trimestre.

Além dos juros, o governo também tem adotado outras medidas para estimular a economia e evitar uma recessão --como o pacote de devolução de impostos aprovado pelo presidente George W. Bush, em fevereiro deste ano.

Tanto os esforços do Fed como os do governo, no entanto, ainda não renderam os resultados esperados. No primeiro trimestre, o governo mostrou diversos ritmos de crescimento para a economia --0,6%, divulgado em abril; 0,9% anunciado em maio; e 1% anunciado em junho (a leitura mais recente, anunciada também na sexta, mostrou revisão para baixo, ficando em 0,9%). Todos resultados fracos. Na semana passada, o Departamento do Comércio informou que a economia cresceu 1,9% no segundo trimestre, abaixo da expectativa dos analistas, 2%.

Arte - Folha Online/Federal Reserve
Juros nos EUA
Juros nos EUA

O resultado foi beneficiado em parte pelo pacote de estímulo do governo, de US$ 168 bilhões, mas principalmente pelo crescimento nas exportações: o comércio internacional contribuiu com 2,42 pontos percentuais para a expansão da economia. As exportações americanas cresceram 9,2% no trimestre passado, enquanto as importações tiveram recuo de 6,6%. No primeiro trimestre do ano, o comércio exterior havia contribuído com 0,77 ponto percentual do PIB (Produto Interno Bruto).

Já o pacote de estímulo fez com que os gastos do consumidor no trimestre passado tivessem crescimento de 1,5%, contra 0,9% no primeiro trimestre. Os gastos com consumo respondem por cerca de 70% de toda a atividade econômica dos EUA). Mesmo assim, o impulso não foi suficiente para que a economia como um todo crescesse em níveis satisfatórios.

Na avaliação dos economistas, para os próximos dois trimestres, a expectativa é de resultados ainda mais fracos, uma vez que os fatores que ajudaram o resultado no trimestre passado poderão não estar mais presentes. O movimento acentuado de desvalorização do dólar perdeu força, o que pode se refletir em um ritmo mais lento de exportações. Além disso, os envios dos cheques do pacote de estímulo já terão terminado.

O governo ainda revisou para baixo os indicadores de crescimento dos dois último trimestres de 2007: no quarto trimestre, a economia passou de um crescimento de 0,6% para uma contração de 0,2%. Já no terceiro trimestre, a expansão teve ligeiro recuo, de 4,9% para 4,8%.

O dado sobre consumo de julho já não trouxe um bom sinal: os gastos dos consumidores caíram 0,2%, quando descontados os efeitos da inflação.

Inflação

Preços são um obstáculo que o Fed vai ter de encontrar uma forma de superar sem apertar ainda mais a política monetária. Na leitura sobre gastos do consumidor em julho, o Departamento do Comércio informou que os preços registraram uma alta de 0,8%, a maior desde fevereiro de 1981, quando houve alta de 1%.

Em junho, o CPI (Índice de Preços ao Consumidor, na sigla em inglês) subiu 1,1%, maior avanço mensal desde setembro de 2005. O núcleo do índice (que exclui os preços de energia) teve alta de 0,3%, contra uma elevação de 0,2% em maio e de 0,1% em abril.

O PPI (índice de preços no atacado, na sigla em inglês) de junho, por sua vez, apresentou alta de 1,8%. No acumulado dos 12 meses, o índice teve alta de 9,2% (dado sem ajuste sazonal), maior avanço nessa comparação desde junho de 1981. O núcleo do índice 0,2%, mesmo avanço registrado em maio e abaixo do índice de abril --alta de 0,4%.

No comunicado da reunião de junho, o Fed informou que "as condições restritas de crédito, a contínua contração do mercado imobiliário e a alta nos preços da energia devem pesar no crescimento econômico nos próximos trimestres". Além disso, com as altas nos preços da energia --o preço do petróleo tem recuado nas últimas semanas, mas em 11 de julho atingiu a marca recorde de US$ 147,27 e as expectativas de inflação, "a incerteza sobre o cenário de inflação continua alta".

Analistas e investidores esperam por uma elevação dos juros no fim deste ano, mas a economia não apresenta sinais animadores de uma recuperação significativa neste segundo semestre. O mercado de trabalho continua a perder vagas --em julho foram fechados 51 mil postos de trabalho, enquanto a taxa de desemprego subiu para 5,7%. O resultado foi melhor que o esperado (a previsão era de um corte de 72 mil vagas), mas ainda assim o dado é negativo.

Imóveis

O mercado imobiliário, por sua vez, ainda sofre com a crise. O índice S&P/Case-Shiller, divulgado no fim do mês passado, mostrou que os preços dos imóveis residenciais nos EUA caíram 15,8% em maio nas 20 principais regiões metropolitanas do país, na comparação com maio do ano passado. A queda foi recorde e marcou o 22º mês consecutivo de baixa de preços.

O índice também teve queda recorde, de 16,9%, na apuração dos preços nas 10 principais regiões metropolitanas do país, na comparação com maio de 2007.

As vendas de casas novas em junho caíram 0,6%, marcando o sétimo declínio nos últimos oito meses. Em relação a junho de 2007, a queda foi de 33,2%. Os preços dos imóveis tiveram uma queda de 2% na comparação com junho do ano passado. Já as vendas de casas já construídas nos EUA caíram 2,6% em junho na comparação com maio. Na comparação com junho de 2007, houve uma queda de 15,5%.

"O Fed está encurralado agora. Não pode ir para frente nem para trás", disse o professor de economia da Smith School of Business da California State University em Channel Islands, Sung Won Sohn.

 

Fonte: Folha Online

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Folha Online

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