Flávio repete que candidatura é irreversível e rejeita desistir se PL da Dosimetria for aprovado
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Por Eduardo Simões
9 Dez (Reuters) - O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) repetiu nesta terça-feira que sua candidatura à Presidência é irreversível e agradeceu o apoio manifestado na véspera pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), rejeitando desistir mesmo que seja aprovado pelo Congresso um projeto de lei que reduza a pena de prisão de seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Flávio concedeu entrevista coletiva pela manhã depois de visitar seu pai na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, onde Bolsonaro cumpre pena por tentativa de golpe de Estado.
"Expliquei para ele (Bolsonaro) um pouquinho, atualizei o que está acontecendo aqui fora. Passei a minha impressão do impacto sobre o lançamento do meu nome como pré-candidato à Presidência da República e ele ficou muito feliz", relatou Flávio aos jornalistas.
"Palavras dele: 'Não vamos voltar atrás, vamos seguir em frente'. E a partir de agora a gente está conversando com as pessoas para ter as pessoas certas do nosso lado, os especialistas em algumas áreas com quem eu já estou conversando. Ele me deu algumas sugestões de quem procurar", disse o senador.
Flávio disse que seu pai lhe pediu para agradecer Tarcísio, que na véspera reafirmou sua lealdade "inegociável" a Bolsonaro e manifestou apoio à candidatura do filho mais velho do ex-presidente.
"(Bolsonaro) pediu para agradecer ao governador Tarcísio pela fala dele, que ele conseguiu acompanhar aqui da televisão. Eu também quero de público aqui agradecer o posicionamento do governador Tarcísio, e a gente vai estar mais junto do que nunca. Muito importante também ele forte em São Paulo, que é isso que vai tracionar para a gente fortalecer o nosso nome também em âmbito nacional", disse o senador.
O anúncio na última sexta-feira de que Bolsonaro havia escolhido Flávio para ser o candidato do campo bolsonarista à Presidência na eleição do ano que vem, quando o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva buscará a reeleição, foi mal recebido pelos mercados financeiros.
O Ibovespa, referência do mercado de ações brasileiro, caiu mais de 4% na sexta, depois de operar em máximas recordes no dia, o dólar disparou contra o real, assim como os juros futuros. Agentes financeiros entendem que Flávio reúne menos condições que Tarcísio, o favorito dos mercados, para atrair o eleitor de centro e derrotar Lula, cuja política econômica criticam.
Na entrevista após visitar seu pai nesta terça, Flávio disse entender a reação dos mercados, e afirmou que a preocupação desses agentes é com a possibilidade de reeleição de Lula. Ele disse que provará que é o candidato mais forte para derrotar o atual presidente.
"Essa é uma interpretação que eles têm, a qual eu até entendo, porque o que o mercado quis sinalizar com isso? A preocupação de mais quatro anos de Lula, e eles estão cobertos de razão. Não tem possibilidade do Brasil ficar vivo com mais um governo desse", disse o senador, que colocou-se à disposição para conversar com integrantes do mercado financeiro.
"Cabe a mim provar que a minha candidatura é a que vai ser a vencedora, é a que vai tirar esse projeto falido do Lula em 2026, e com o passar do tempo eles (mercados) vão compreender isso. E eu espero que aí eles também sinalizem na bolsa de valores o ânimo quando o Flávio Bolsonaro já estiver à frente de Lula nas pesquisas."
Flávio chegou a colocar em dúvida no domingo a sua candidatura, afirmando que poderia desistir de concorrer por um "preço" relacionado ao interesse da família de buscar a aprovação da anistia para os envolvidos nos atos do 8 de janeiro de 2023, inclusive para o próprio pai.
No dia seguinte, porém, ele afirmou em entrevista à Folha de S.Paulo que a candidatura era "irreversível" e que só desistirá se a inelegibilidade e a prisão do pai forem revertidas, o que, admitiu, não é um cenário provável.
Em outra entrevista mais tarde nesta terça-feira, quando questionado sobre uma possível desistência da candidatura caso seja aprovado pelo Congresso o chamado Projeto de Lei da Dosimetria, que reduziria a pena de prisão de Bolsonaro e dos demais condenados pela tentativa de golpe, o senador reiterou que só desistirá caso o pai possa concorrer.
"A única hipótese de eu não ser candidato é o candidato ser Jair Messias Bolsonaro. É simples assim. Tem que ter Bolsonaro livre e Bolsonaro nas urnas", afirmou.
"Eu só estou indo para essa missão porque o meu pai não pode neste momento. Vou continuar trabalhando enquanto eu suspirar, com todas as minhas forças, para que o candidato seja Jair Bolsonaro, mas o cenário real hoje é que ele não tem condição e me designou essa missão".
(Reportagem de Eduardo Simões, em São Paulo)
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