Taxas dos DIs caem após decisões do Fed e do Copom; rendimentos dos Treasuries recuam
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Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO, 11 Dez (Reuters) - As taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) abriram a tarde em baixa, em especial entre os vencimentos mais longos, após as decisões sobre juros na véspera no Brasil e nos Estados Unidos, enquanto no exterior os rendimentos dos Treasuries têm quedas firmes.
Às 12h47, a taxa do DI para janeiro de 2027 estava em 13,74%, em baixa de 2 pontos-base ante o ajuste de 13,757% da sessão anterior. A taxa para janeiro de 2035 marcava 13,565%, com baixa de 8 pontos-base ante o ajuste de 13,64%. O rendimento do Treasury de dez anos -- referência global para decisões de investimento -- caía 5 pontos-base, a 4,116%.
Na tarde de quarta-feira o Federal Reserve cortou sua taxa de referência em 25 pontos-base, para a faixa de 3,50% a 3,75%, conforme esperado, mas passou indicações de que nova redução em janeiro é improvável.
Já o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou à noite a manutenção da taxa básica Selic em 15% ao ano, sem dar uma sinalização clara sobre quando o ciclo de cortes poderá começar.
"O Comitê avalia que a estratégia em curso, de manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado, é adequada para assegurar a convergência da inflação à meta", apontou o Copom no comunicado, adotando a palavra "adequada" no lugar de "suficiente", usada em novembro.
Parte do mercado esperava por indicações mais claras sobre a possibilidade de corte da Selic já em janeiro, o que não se confirmou, ainda que o BC não tenha fechado a porta para esta possibilidade.
No comunicado, o BC avaliou que a estratégia “em curso” de manutenção dos juros por “período bastante prolongado” é “adequada para assegurar a convergência da inflação à meta”. No comunicado anterior, de novembro, não havia o termo “em curso”.
“Essa adição está em linha com o discurso recente de (presidente do BC, Gabriel) Galípolo, que esclareceu que o ‘bastante’ não reinicia a cada reunião, ou seja, esse período já vem ocorrendo há meses”, avaliou o consultor Sérgio Goldenstein, da Eytse Estratégia, em comentário enviado a clientes. “A retirada do caráter de guidance abre espaço para corte já em janeiro sem ruptura na comunicação.”
No início do mês, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, havia dito que a contagem de tempo da Selic restritiva por prazo “bastante prolongado” não zera a cada reunião.
Para o economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management, Gino Olivares, o BC manteve no comunicado seu diagnóstico e sua sinalização.
“Entendemos que isso deve esvaziar as apostas do mercado pelo início do ciclo de cortes de juros em janeiro. Nossa opinião, há algum tempo, é de que as condições para esse início não estarão dadas antes de março”, pontuou em comentário após a decisão.
Em meio às dúvidas persistentes sobre o início do ciclo de cortes da Selic, a taxa do DI para janeiro de 2027 chegou a recuar no início do dia, mas nesta tarde já registrava leve baixa, com poucas mudanças na precificação do mercado para o encontro de janeiro do Copom.
A curva de juros precificava nesta quinta-feira em 65% a probabilidade de corte de 25 pontos-base da Selic em janeiro. Na véspera, antes do Copom, o percentual era de 63%, pontuou a analista Lais Costa, da Empiricus Research, pontuando que a "barra não está tão alta para um corte em janeiro".
"Acho que ele (o BC) tinha pouco incentivo para antecipar o corte já no comunicado, por isso não fez", acrescentou. "Ele tem o Relatório de Política Monetária, que vai mostrar a expectativa de inflação para terceiro trimestre de 2027, e tem outros canais de comunicação até a próxima reunião."
Na semana que vem, o BC publica a ata do encontro mais recente do Copom na terça-feira e o relatório sai na quinta-feira, com entrevista coletiva de Galípolo.
Mais cedo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que as vendas no varejo tiveram alta de 0,5% em outubro na comparação com o mês anterior, contra expectativa em pesquisa da Reuters de queda de 0,1%. Este foi o maior crescimento em sete meses. Houve ainda alta de 1,1% em relação a outubro de 2024, ante expectativa de recuo de 0,2%.
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