PIB chinês cresce 8,7% e supera a meta oficial

Publicado em 22/01/2010 06:29 e atualizado em 22/01/2010 09:19
Consultoria diz que país vai passar Japão e virar 2.ª economia do mundo, por Cláudia Trevisan, correspondente em Pequim de O Estado de S. Paulo.
O Produto Interno Bruto (PIB) chinês cresceu 8,7% no ano passado, acima da meta oficial de 8%, mas a inesperada alta de preços em dezembro pôs o governo em alerta para os riscos de inflação, superaquecimento da economia e surgimento de bolhas no mercado imobiliário.

"Nós estamos tentando promover o crescimento econômico e controlar a inflação ao mesmo tempo, o que é uma tarefa muito difícil", afirmou ontem o diretor do Escritório Nacional de Estatísticas, Ma Jiantang, ao divulgar os dados de 2009. Segundo ele, a contenção dos preços será a principal preocupação do governo em 2010.

Outro desafio será evitar o surgimento de bolhas de ativos, principalmente no setor imobiliário, que já dá sinais de descontrole. "O preço de ativos está crescendo muito rapidamente e a alta do preço dos imóveis em algumas cidades se intensificou", disse Ma, ressaltando que o objetivo do governo é "estabilizar" o mercado.

O diretor do Escritório de Estatísticas observou que os responsáveis pela política econômica estão "trabalhando" para conciliar crescimento e controle de preços, mas não revelou as medidas que estão em análise.

O ritmo de expansão do PIB chinês atingiu 10,7% no quarto trimestre, bem acima dos 6,2% do período de janeiro a março - no segundo e terceiro trimestres o índice foi de 7,9% e 9,1%, respectivamente.

O vigoroso crescimento em meio à desaceleração mundial fortaleceu a posição relativa da China, que antes do fim do ano deverá ultrapassar o Japão e se tornar a segunda maior economia do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Ontem, a empresa de consultoria PriceWaterhouseCoopers divulgou estudo no qual prevê que a economia chinesa vai superar a americana em 2020.

O Japão vai divulgar o resultado de seu PIB de 2009 na próxima semana, mas a previsão do FMI é de que atingiu US$ 5,05 trilhões no ano passado, ligeiramente acima dos US$ 4,91 trilhões alcançados pela China.

O governo chinês começou a apertar a política monetária na semana passada, depois de 18 meses de ampla expansão do crédito e da quantidade de dinheiro em circulação na economia. No dia 7 de janeiro, o Banco do Povo da China (banco central) elevou em 0,5 ponto porcentual a quantidade de depósitos que as instituições financeiras devem manter como reserva, sem emprestar aos clientes, o que retirou de circulação cerca de US$ 43 bilhões.

Desde então, a autoridade monetária também aumentou em duas ocasiões os juros de seus títulos de um ano, que servem de referência para operações interbancárias. Na prática, a decisão encarece o custo do dinheiro para os bancos e reduz a margem para concessão de financiamentos.

Anteontem, Liu Mingkang, responsável pela regulação dos bancos, afirmou que o aumento do volume de crédito neste ano será 22% menor que o do ano passado, quando as novas linhas atingiram US$ 1,4 trilhão, o dobro de 2008. O governo espera manter a expansão dos empréstimos em US$ 1 trilhão, valor inferior ao do ano passado, mas superior aos US$ 690 bilhões de 2008.

A economista-chefe do UBS na China, Wang Tao, lembrou que a decisão de reduzir os novos financiamentos em 2010 foi adotada no início de dezembro, na conferência econômica anual da cúpula do governo que traça as metas do ano seguinte.

O índice de preços ao consumidor fechou o ano com queda de 0,7%, mas se acelerou nos dois últimos meses. Em novembro, o indicador subiu 0,6% em relação a igual período do ano passado. No mês seguinte, saltou para 1,9%.

O principal motor do crescimento de 2009 foram os investimentos, estimulados em grande parte pelo US$ 1,4 trilhão em novos empréstimos bancários. Os investimentos cresceram 30,1% e atingiram 22,5 trilhões de yuans, ou US$ 3,29 trilhões, o equivalente a 67% do PIB de 2009, de US$ 4,91 trilhões.

Impulsionados pelo pacote de estímulo de US$ 584 bilhões anunciado pelo governo em novembro de 2008, os investimentos em infraestrutura se expandiram em 44,3%, para US$ 614 bilhões. Os recursos para construções tiveram alta de 16,1% e somaram US$ 530 bilhões. O índice de expansão foi 4,8 pontos porcentuais inferior ao de 2008.

O crescimento de 8,7% de 2009 levou à criação de 9,1 milhões de postos de trabalho nas áreas urbanas e evitou o desemprego em massa que se desenhava no início do ano. O número de migrantes rurais que deixam suas vilas em busca de trabalho nas cidades chegou a 149 milhões em dezembro, com crescimento de 1,7 milhão.

A expansão do PIB também aumentou a renda, que teve expansão real de 9,8% nas zonas urbanas e de 8,5% no campo. A renda dos moradores das cidades ficou em US$ 2.500, e a dos camponeses em US$ 754.

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Fonte:
O Estado de S. Paulo

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