Lula se irrita com equipe econômica
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez na segunda-feira, 5, uma dura cobrança à equipe econômica sobre a necessidade de o Brasil intensificar o financiamento das exportações para evitar a perda de mercado que vem permitindo, por exemplo, o avanço dos produtos chineses na Argentina.
Na reunião ministerial realizada na Granja do Torto, umas das residências oficiais da Presidência, Lula disse já ter determinado "mais de uma vez" que a área econômica resolvesse este problema, mas até agora não viu resultado. Segundo o presidente, a China "está fazendo isso nas nossas barbas".
Lula quer que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financie a compra de produtos brasileiros por outros países e que essa ofensiva seja deflagrada o mais rápido possível, principalmente nos países da América do Sul. E desabafou, em tom de cobrança: "tem de resolver isso logo. Eu já falei isso mais de uma vez e não aconteceu nada. Tem de acelerar isso."
A área econômica vem estudando várias medidas para estimular as exportações, entre elas a criação de uma instituição subsidiária do BNDES destinada a financiar a venda de produtos brasileiros ao exterior. Mas até agora, por causa das divergências entre os ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento, ainda não está definido o perfil desse novo organismo, que seria semelhante aos Eximbanks existentes em vários países.
Lula disse que, se não for possível fazer financiamento das exportações, que se concedam empréstimos aos países compradores para assegurar mercado ao produto brasileiro. Ele lembrou que, quando vendem produtos no Brasil e pelo mundo a fora, os estrangeiros levam seus financiamentos a tiracolo.
O presidente fez a cobrança depois de ouvir relatos do ministro da Fazenda, Guido Mantega, e do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, sobre o aumento do déficit em conta corrente. Segundo o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, o presidente reforçou a determinação para que a área econômica acompanhe o assunto com atenção, mas com tranquilidade, porque as reservas internacionais elevadas dão robustez à economia para enfrentar qualquer vulnerabilidade externa.
Para Lula, o crescimento do déficit em conta corrente é fruto muito mais do aquecimento da economia brasileira, que demanda mais importações, do que de uma debilidade econômica como a que aconteceu na década passada, "quando o déficit era muito maior do que o atual".
Meirelles chegou a citar que o déficit em conta corrente é hoje da ordem de 2% do Produto Interno Bruto (PIB), muito inferior aos 6% registrados no governo passado. E previu que ele deve se reduzir, por causa, entre outros fatores, do aumento dos preços internacionais de commodities como o minério de ferro, que fará crescer o valor das exportações.
Durante a reunião, de acordo com Padilha, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, apresentou uma pesquisa mostrando que o Brasil está em primeiro lugar no mundo em relação à expectativa de geração de emprego deste ano.
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