Retaliação aos EUA é adiada por dois anos

Publicado em 14/04/2010 13:27
O governo brasileiro aceitou a proposta dos Estados Unidos (apresentada na última semana) e irá adiar a retaliação no caso dos subsídios aos produtores de algodão até 2012, ano em que será revista a lei agrícola (Farm Bill) do país. A declaração é do diretor do departamento de comércio exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Roberto Gianetti.

Segundo ele, o governo brasileiro está dando um voto de confiança aos Estados Unidos para que não haja uma guerra comercial. "O governo americano apresentou uma proposta de compensação ao Brasil, que dá vantagens aos produtores de algodão brasileiros, enquanto o governo norte-americano não pode tomar as medidas necessárias para acabar com o subsídio aos produtores de algodão de seu país. Esta ação só poderá ser efetivamente tomada em 2012, quando o Congresso americano modificar os itens da lei agrícola (Farm Bill) e rever os benefícios concedidos."

Gianetti afirmou ainda que a Fiesp, em conjunto com o setor privado brasileiro, apoiam a decisão do governo brasileiro, que achou por bem aguardar essa revisão da lei agrícola e adiou a retaliação autorizada pela Organização Mundial do Comércio (OMC). A posição foi confirmada pelo ex-embaixador Rubens Barbosa. "A melhor saída para os empresários dos dois países é a negociação, para que não haja um número maior de perdas do que já houve."


A proposta

Representantes do governo norte-americano entregaram aos ministros brasileiros a proposta de criação de um fundo no valor de US$ 147 milhões para os produtores de algodão do País, além do comprometimento de reformar o sistema de créditos à exportação (GSM). Por isso, o governo brasileiro adiou a data de início da retaliação para o dia 22 de abril.

O valor do fundo é equivalente aos programas de apoio doméstico de subsídios que os americanos não podem alterar sem mexer na lei agrícola.

De acordo com grandes mídias americanas, a opinião pública reagiu negativamente a proposta de criação do fundo aos produtores brasileiros de algodão.

"Ao invés de privar os produtores nacionais de subsídios, Washington vai pedir aos americanos para gastar ainda mais dinheiro, dessa vez para subsidiar os agricultores brasileiros", escreveu o The Wall Street Journal.

"O que seria mais ultrajante que os pesados subsídios que o governo dos EUA desperdiça com os ricos fazendeiros americanos de algodão? Que tal os pesados subsídios que o governo pode começar a desperdiçar com os ricos produtores de algodão brasileiros?", alfinetou a revista Time.

Outra proposta dos EUA diz respeito à febre aftosa. Segundo o diretor do Departamento de Economia do Ministério das Relações Exteriores, Carlos Cozendey, os negociadores americanos se comprometeram a declarar o Estado de Santa Catarina como livre de febre aftosa sem vacinação.

Durante a última declaração de Cozendey sobre o assunto, ele frisou que o período de discussão inicial sobre compensações temporárias permanecerá até o próximo dia 22, quando o lado norte-americano terá de tomar algumas medidas. "Se eles efetivamente tomarem essas medidas, no dia 22 começa um novo prazo de 60 dias para uma negociação completa", pontuou Cozendey.

"A retaliação é desagradável e indesejável pelos dois países. Aceitar a negociação da compensação comercial irá beneficiar alguns setores da economia brasileira, o algodão principalmente e o de carne bovina e carne suína que terão acesso ao mercado norte-americano, que hoje não tem a carne in natura. Além disso, temos a promessa que em 2 anos irão acabar todos os subsídios ao algodão", reiterou Gianetti.

"O Brasil não abrirá mão de fazer a retaliação, será uma decisão voluntária de não aplicá-la agora, mas caso os Estados Unidos não cumpram com sua parte de acabar com os subsídios, temos a autorização da OMC que não tem validade. Até 2012 vamos esperar as compensações comerciais oferecidas. Se modificarem a lei agrícola o assunto está encerrado, se não modificarem o litígio continua e ainda mais forte, pois o valor autorizado pela OMC sofrerá reajuste financeiro e deve atingir US$ 1,5 bilhão ou US$ 2 bilhões. Será uma declaração de guerra comercial nítida, em termos do que está conversado", completou o diretor da Fiesp.

Outro ponto abordado por Gianetti foi a perda dos países africanos com relação à queda do preço do algodão.

"Ainda surge a variável dos países africanos, que foram atingidos de forma nociva pelos subsídios aos produtores americanos, que tiveram o preço do produto muito abaixo do mercado. Os empresários destes países e a própria economia dos países africanos forma duramente atingidos, pois eles dependem mais do algodão do que o Brasil em sua economia e merecem algum tipo de compensação por parte dos Estados Unidos. Nós ainda vamos propor ao governo brasileiro que nas negociações se garanta esta ajuda aos países africanos", concluiu Gianetti.
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Fonte:
DCI

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