Às vésperas da eleição, ministra do Meio Ambiente busca apoio para cumprir as metas brasileiras
É um barulho incomum para um dado tão banal: a série anual do Deter, de 12 meses, só será fechada mesmo daqui a duas semanas. Os dados mensais têm sido simplesmente postados no site do Inpe, com uma explicação da ministra do Meio Ambiente à imprensa no mesmo dia.
E o Deter, como o próprio governo faz questão de frisar, não serve para fazer cálculo de área desmatada.
Izabella Teixeira, que assumiu o ministério no lugar do midiático Carlos Minc, tem dois motivos para dar tal tratamento ao número. O primeiro é o óbvio esforço de produzir fatos positivos no momento eleitoral. O segundo é a necessidade de obter visibilidade e apoio para o setor ambiental do governo numa hora delicada, a da discussão do Código Florestal.
A ministra comprou briga contra o projeto de reforma da lei em tramitação na Câmara dos Deputados. De autoria do deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP), ele tem pontos que o ministério considera inaceitáveis, como a anistia a desmatadores e a redução das áreas de preservação permanente.
Teixeira quer propor um novo projeto de código, o que já despertou reação contrária do Ministério da Agricultura.
Há também uma insurgência dos pecuaristas da Amazônia contra o acordo entre os grandes frigoríficos e o Ministério Público, que barra a compra de carne vinda de área desmatada ilegalmente.
A ministra quer mostrar que as medidas do governo para conter o desmate têm dado resultado, e que o Brasil está a caminho de cumprir, com folga, sua meta de cortar o desmatamento em 80% até 2020 -a meta para este ano seria de 9.000 km2, e é improvável que o desmatamento chegue a tanto.
Mas, para isso, as medidas têm de ser mantidas, com um apoio fundamental: o de Luiz Inácio Lula da Silva.