Brasil e China são inimigos no câmbio

Publicado em 19/10/2010 08:43
"Na guerra cambial, o Brasil não pode ficar do lado da China, país que roubou milhões de empregos por praticar um capitalismo desleal, com subsídios tributários, trabalhistas e cambiais." A afirmação é do economista Roberto Giannetti da Fonseca, diretor de comércio exterior da Fiesp, em entrevista à Folha de São Paulo. Segundo o economista, é "escandalosa" a carona da China na desvalorização mundial do dólar.

Brasil flerta com China na guerra cambial

O Brasil se aproxima cada vez mais da China na chamada "guerra cambial", que opõe os interesses de países ricos e de emergentes no câmbio, motivando protestos de exportadores brasileiros e da comunidade internacional, que pressiona pela valorização do yuan.

Na reunião anual do FMI (Fundo Monetário Internacional), nos últimos dias 9 e 10, o Brasil e a China surpreenderam os demais países com discursos bastante parecidos na crítica aos países que imprimem dinheiro em vez de ajustar suas políticas fiscais -caso dos EUA.
Ambos os países também defenderam que os emergentes se protejam dos efeitos desse desajuste global: o Brasil intervindo no mercado de câmbio e a China mantendo a cotação apreciada do yuan.
Paralelamente aos debates nos fóruns internacionais, o Brasil discute o tema cambial diretamente com a China, apesar de a posição oficial do BC brasileiro seja negar qualquer alinhamento prévio. Os dois países querem desenvolver um sistema de câmbio direto entre real e yuan, sem passar pelas cotações do dólar e euro.
Nos fóruns globais, como a reunião anual do FMI, a China é constantemente pressionada a valorizar o yuan, que "pega" carona na desvalorização internacional do dólar americano e mantém-se indefinidamente competitivo no comércio global.

JUNTAR-SE AO INIMIGO
No Brasil, há uma visão no governo de que o país tem mais a perder do que a ganhar com a valorização do yuan, apesar da rivalidade dos dois países no comércio de produtos manufaturados.
A eventual flutuação da moeda chinesa poderá derrubar os preços de commodities internacionais, como minério de ferro e soja, prejudicando os produtores e a balança comercial brasileira.
A posição dúbia do Brasil, que prefere se "juntar ao inimigo que não pode combater", é duramente criticada por analistas internacionais, que acusam o país de prejudicar sua economia por conta de um alinhamento político questionável.
O Brasil perdeu sucessivos mercados internos e externos para os chineses, especialmente nas indústrias de bens de consumo e duráveis -calçados, têxtil e máquinas.
Após fracassar no FMI, o embate cambial terá um segundo round na reunião do G20 em Seul, em novembro.
O G20 reúne número maior de países emergentes e é considerado um fórum relevante para as discussões da economia pós-crise e do conserto das finanças globais.

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Fonte:
Folha Online

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