IOF eleva dólar e protege real por tempo limitado
A moeda americana subiu 1,26% ontem, fechando a R$ 1,687. A alta, em boa medida, refletiu a elevação dos juros na China, que derrubou a moeda americana mundo fora. Analistas reafirmam que a tendência de fortalecimento do real no médio e longo prazos permanece, pois os fundamentos continuam os mesmos e, também, porque os investidores sabem driblar em parte os obstáculos do imposto. Há um consenso, no entanto, que sem a atuação da Fazenda o dólar estaria abaixo de R$ 1,60.
O IOF maior deverá elevar a demanda por fianças bancárias, as únicas garantias usadas na BM&FBovespa que não pagam a alíquota de 6%. Uma carta de fiança custa de 0,5% a 2% do valor garantido ao ano. Assim, acaba sendo mais barata que o IOF para o investidor do fundo de hedge, que atua mais no curto prazo. Há também tendência de migração do mercado de derivativos da bolsa, que exige garantias sobre as quais incide o imposto, para o mercado de contratos entre os bancos e os fundos, no qual essas garantias não são obrigatórias e, quando exigidas, não pagam IOF.
O IOF maior tornou os ativos em reais no exterior mais caros e raros do que no mercado interno. Os títulos prefixados do Tesouro brasileiro com vencimento em 2021, no país, tiveram alta de rendimento ontem, de 11,40% ao ano para 11,90%. No mercado externo, os papéis para 2022 pagavam 8,8%. Para Armínio Fraga, presidente do Conselho da BM&FBovespa e ex-presidente do Banco Central, o risco é de os negócios saírem das bolsas brasileiras e do Brasil. Ele não duvida que as medidas mais recentes do governo para conter a apreciação do real possam ter algum impacto, mas não acredita que elas sejam capazes de mudar a tendência do câmbio. Segundo ele, "é possível que uma taxa de câmbio de R$ 1,60 não esteja necessariamente errada para o país hoje".