Grupos tribais dominam campos petrolíferos na Líbia

Publicado em 01/03/2011 08:36
Duas semanas depois do início dos protestos da Líbia, opositores do ditador Muamar Gadafi já controlam a maior parte dos campos de petróleo e de gás natural do país, disse ontem a União Europeia.

Os novos "donos" das reservas líbias são tradicionais grupos familiares - ou tribais - que ainda têm influência nos hábitos sociais e algum peso na política local. Além deles, líderes políticos regionais também estariam controlando a maior parte dos campos. A Líbia possui a maior reserva de petróleo comprovada de toda a África.

O presidente da estatal National Oil, Shukri Ghanem que, na prática, tem status de ministro de energia, admitiu que a produção de petróleo caiu 50%, muito em função da saída maciça de funcionários estrangeiros que trabalhavam no setor petroleiro na região. Ghanem insistiu que o governo de Gadafi é quem continua controlando campos, refinarias e oleodutos do país. A afirmação foi uma reação à declaração do comissário de Energia da União Europeia, Guenther Oettinger que disse ontem haver "razão para acreditar que a maioria dos campos de petróleo e gás já não está sob o controle de Gadafi".

Se controlam mesmo a produção, líderes locais, inimigos do ditador, parecem tentar garantir que os campos sigam operando. Ontem o porto da cidade Tobruk, uma das que estariam nas mãos de opositores, foi reaberto e um cargueiro, carregado para levar petróleo para a China,

Gamal Shallouf, porta-voz do conselho municipal de Tobruk, disse que o campo de Nafoura, nas proximidades da cidade, assim como outros campos importantes, como o de Sarir e Misla, estão produzindo.

A pergunta dos analistas se é a quem se deve pagar pelo petróleo que sai das zonas supostamente controladas pela oposição.

O governo da Alemanha defendeu que a União Europeia imponha um congelamento total dos pagamentos pelo petróleo líbio. Oettinger, o comissário europeu para Energia, disse que como Gadafi já não controla a maior parte dos campos, a Europa estaria "punindo as pessoas erradas". "Nós poderemos, na verdade, estar punindo pessoas que já mudaram seus caminhos, que estão agindo melhor", acrescentou ele, numa referência a líderes regionais que retiraram seu apoio a Gadafi e estão agora defendendo sua saída.

Uma autoridade líbia da região leste do país, berço da oposição, disse que o petróleo que saiu do país em fevereiro já foi pago. Mas aqueles cujos carregamentos deixam o país este mês, não. Segundo ele, que falou sob a condição de não ter seu nome citado, disse que, se e quando Gadafi cair, o dinheiro do petróleo iria para o novo governo. Mas por ora, os recursos parecem estar sendo retidos pelos governos regionais.

Analistas do setor dizem essa situação de incerteza sobre quem controla os campos líbio cria uma dificuldade prática para as petroleiras: como saberão que o que estão pagando vai para as mãos dos reais proprietários do petróleo. E se um novo governo assumir o controle do país, que garantia as empresas teria de que um novo presidente não exigiria pagamentos já feitos para os poderes locais. A Líbia produz cerca de 1,6 milhão de barris por dia. Cerca de 85% de suas exportações são para a Europa.

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Fonte:
Valor Online

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