Grécia aprovou medidas e mercados tiveram quarta-feira positiva

Publicado em 30/06/2011 08:02
Conforme o previsto, o Parlamento grego aprovou o pacote de austeridade necessário ao recebimento de ajuda do Fundo Monetário Internacional (FMI) e União Europeia (UE). Com isso, o país deve evitar um calote da dívida no curto prazo.

Assim que a aprovação foi confirmada, os mercados ensaiaram um clássico “compra do boato e vende no fato”, que levou bolsas a operar em baixa e o dólar a mostrar leve alta. No entanto, isso não passou de tentativa, com o viés positivo se restaurando nas bolsas, bem como a venda de moeda americana. Mas nada muito exagerado, tendo em vista que a situação da Grécia tinha sido amplamente antecipada pelos investidores.

Nesta quinta-feira, está prevista outra votação na Grécia. Os parlamentares devem regulamentar o plano, mostrando como vão entregar os cortes de gastos e aumento de impostos.

Tudo isso sob forte protesto da população. A consultoria Aon, especializada em seguros de crédito e risco político, lançou recentemente seu “Mapa de Terrorismo” e, pela primeira vez, computou riscos de violência política, tais como tumultos, comoção civil, greves e guerras civis.

O interessante é que, dentro dessa nova categoria, a Grécia foi o único país da União Europeia (UE) a receber a classificação de “alto risco”. Outros países como Portugal, Irlanda e Espanha foram classificados como risco médio.

De acordo com comunicado da Aon, o risco de comoção civil e greves continuará alto devido às medidas de austeridade. Portanto, qualquer investimento de curto prazo na Grécia ou nos outros Pigs (Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha) precisa ser avaliado minuciosamente e deve ter um retorno maior para justificar o risco.

De volta à quarta-feira, as bolsas americanas garantiram novo dia de alta. O Dow Jones subiu 0,60%, para 12.261 pontos. O S&P 500 ganhou 0,83%, a 1.307 pontos. O Nasdaq se valorizou 0,41%, a 2.740 pontos.

Entre as matérias-primas, o petróleo teve novo dia de alta. O barril de WTI subiu 2%, fechando a US$ 94,77. O índice CRB ganhou 1,29%, a 338,80 pontos.

Bovespa

Após duas altas seguidas que levaram a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) a retomar a linha dos 62 mil pontos, o pregão de quarta-feira foi marcado por elevada volatilidade e encerrou praticamente estável.

O Ibovespa fechou com ligeira apreciação de 0,05%, aos 62.333 pontos. O giro financeiro atingiu R$ 6,713 bilhões, dos quais praticamente 25% partiram dos papéis do Pão de Açúcar, que seguiram em destaque pelo segundo dia, conforme os agentes digerem a proposta de fusão com o Carrefour.

Em junho, o índice já acumula baixa de 3,5% e, no trimestre, de 9,1%. Em 2011, o Ibovespa ainda perde 10,1%.

As ações PN do Pão de Açúcar chegaram a subir 12,1% na jornada, mas inverteram a direção e fecharam com a maior queda do Ibovespa. Os papéis cederam 3,07%, para R$ 71. O volume financeiro disparou e ficou muito acima do giro das “blue chips”, ao atingir R$ 1,669 bilhão. Petrobras PN, por exemplo, marcou R$ 410 milhões.

Grandes instituições movimentaram os papéis, com destaque para Credit Suisse e Link Investimentos, com maior atuação na ponta compradora, e Barclays e Itaú, na vendedora.

Ao mesmo tempo que o mercado mostrou certa euforia com a proposta de fusão, chamou atenção o aumento de 61,1% dos contratos de aluguel de ações da empresa em aberto entre segunda e terça-feira. Investidores alugam para montar posições "vendidas", apostando na queda dos papéis.

Câmbio

O desfecho favorável da votação do plano de austeridade na Grécia e a pressão dos vendidos para a formação da Ptax (média das cotações ponderada pelo volume, que liquidará os contratos futuros) levaram a cotação do dólar a se aproximar das mínimas do ano.

No mercado à vista, o dólar comercial cedeu 0,38%, para R$ 1,572 na venda. Tal preço é o menor desde 27 de abril, quando do dólar fechou a R$ 1,571. O preço mínimo do ano foi observado no dia 26 de abril, a R$ 1,564.

Nos atuais R$ 1,572, o dólar comercial aponta queda de 0,51% no mês de junho, baixa de 3,62% no segundo trimestre e desvalorização de 5,64% agora em 2011.

Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o dólar pronto caiu 0,37%, para R$ 1,5716. O giro despencou de US$ 312,25 milhões para US$ 56 milhões.

No mercado futuro, o dólar para julho registrava desvalorização de 0,57%, a R$ 1,5685, antes do ajuste final. Esse contrato expira amanhã. O contrato de referência passa a ser agosto, que declinava 0,66%, a R$ 1,5795, também antes do ajuste final.

Além da conjuntura externa favorável à venda de dólar, a formação da Ptax também soma pressão vendedora conforme os vendidos, que ganham com a queda do dólar, tentam rentabilizar sua posição.

Os grandes vendedores de moeda são os estrangeiros, com estoque recorde de US$ 21,314 bilhões. Os grandes compradores são os bancos, com US$ 15,599 bilhões.

Os bancos também têm outras modalidades de exposição cambial, como mercado à vista (onde estão vendidos em US$ 13,6 bilhões) e derivativos de balcão. Portanto, não dá para saber a exposição líquida das instituições financeiras locais.

A Ptax será fechada nesta quinta-feira e fica a dúvida sobre a possibilidade de novas quedas, já que o dólar está próximo das mínimas do ano. Em dias de Ptax de fim de mês, a formação de preço fica descolada de eventos externos.

O mês de junho será o último mês no qual a Ptax será apurada como média ponderada. A partir de sexta-feira, dia 1º de julho, a taxa será calculada como uma média aritmética de quatro consultas feitas pelo Banco Central (BC) entre 10 horas e 13 horas. Com esse novo método se pretende uma formação de Ptax mais transparente e menos passível de manipulação por parte dos agentes.

No câmbio externo, o euro também teve novo dia de alta. A moeda comum subiu 0,40%, retomando a linha de US$ 1,443.

Juros futuros

O recado extraído do Relatório de Inflação do Banco Central (BC) é de que o ajuste de alta na Selic pode ser estendido para além do encontro de julho. No mercado futuro, no entanto, a movimentação não foi muito acentuada. A curva seguiu dando como certa um alta de 0,25 ponto na Selic em julho, mas ainda não incorpora completamente um novo aperto em agosto.

Segundo o economista-sênior do Espirito Santo Investment Bank, Flávio Serrano, a revisão para cima nas projeções de inflação aumenta a chance de ajuste adicional, ainda mais se levar em conta o discurso do BC de trazer a inflação para o centro da meta de 4,5% em 2012.

No entanto, isso não pode ser tomado como certeza. Por isso, o banco mantém sua previsão de apenas mais um ajuste na Selic no encontro de julho do Comitê de Política Monetária (Copom). “O relatório não confirma nem refuta um ajuste em agosto. Então, o mercado segue na mesma, aguardando novos dados”, disse.

Dentro do Relatório de Inflação, a projeção de alta do IPCA do BC em 2011 está em 5,8%, superando em 0,2 ponto percentual a taxa prevista anteriormente. O cenário de mercado também projeta inflação oficial de 5,8%.

Para 2012, o modelo do BC sugere IPCA de 4,8%, marginalmente superior ao esperado no documento de março, que sugeria 4,6%. Pelo cenário de mercado, a taxa seria de 4,9%.

Dentro do quadro do BC, inflação no centro da meta de 4,5% apenas no segundo trimestre de 2013.

Outro ponto interessante levantado pelo RI foi a menção ao crescimento dos salários acima da produtividade como fator inflacionário. Bem como as incertezas que o reajuste do salário mínimo em 2012 pode ter sobre as expectativas de inflação.

Em entrevista, o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton Araújo, notou que, embora o aumento do salário mínimo já esteja incorporado na projeção da inflação de 2012, o reajuste pode piorar as expectativas de inflação.

De volta à BM&F, antes do ajuste final de posições, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em julho de 2011 apontava baixa de 0,01 ponto percentual, a 12,11%. Outubro de 2011 marcava alta de 0,01 ponto, a 12,34%. E janeiro de 2012, o mais líquido do dia, ganhava 0,03 ponto percentual, a 12,44%.

Entre os contratos mais longos, janeiro de 2013 mostrava elevação de 0,03 ponto, a 12,58%. Janeiro de 2014 também ganhava 0,03 ponto, a 12,53%. Janeiro de 2015 avançava 0,01 ponto, a 12,47%. Janeiro de 2016 acumulava 0,02 ponto, a 12,38%. E janeiro de 2017 projetava 12,28%, avanço de 0,01 ponto.

Até as 16h10, foram negociados 798.238 contratos, equivalentes a R$ 70,29 bilhões (US$ 44,29 bilhões), alta de 65% sobre o registrado no pregão anterior. O vencimento janeiro de 2012 foi o mais negociado, com 450.229 contratos, equivalentes a R$ 42,40 bilhões (US$ 26,78 bilhões).

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Fonte:
Valor Online

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