Safra 11/12 contabiliza perda de R$ 70 milhões devido ao preço dos fertilizantes

Publicado em 11/07/2011 09:50
A safra 11/12 nem começou a ser plantada e os produtores já contabilizam uma perda de R$ 70 milhões só por conta da alta dos fertilizantes, representados pela formulação NPK (Nitrogênio, Fósforo e Potássio), insumos indispensáveis no plantio de grãos, em Mato Grosso. A elevação dos preços começou a partir de maio e deve atingir uma área de aproximadamente 1 milhão de hectares no Estado, o equivalente a cerca de 15% de toda a área a ser cultivada na próxima safra (6,5 milhões de hectares). A estimativa é do agrônomo e consultor Naildo da Silva Lopes, que é também coordenador da Comissão de Gestão da Produção da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja/MT).

Segundo ele, a alta dos fertilizantes causou surpresa nos produtores, já que o insumo é cotado em dólar e, do final de abril até agora, o câmbio não sofreu elevação. A tonelada do fertilizante, que chegou a ser comercializada por até R$ 867 no último dia 30 de abril, agora é encontrado em média por R$ 950/t, alta de 9,57%. O fósforo, que era vendido por R$ 651/t, está custando R$ 780/t (majoração de 9,81%). O cloreto de potássio foi o componente que sofreu a maior alta este ano (25%), passando de R$ 1,04 mil/t para R$ 1,30 mil/t.

Na opinião de Naildo Lopes, o aumento dos preços fará a safra ficar mais cara, chegando a comprometer o resultado do próximo ciclo para cerca de 15% dos produtores que ainda não adquiriram o insumo. “Pelos nossos cálculos, o produtor que ainda não comprou os fertilizantes vai ter de desembolsar até duas sacas a mais por hectare para cobrir a diferença. E, se considerarmos a área total a ser plantada este ano, vamos desembolsar em torno de dois milhões de sacas, gerando uma perda de aproximadamente R$ 70 milhões no final da safra só por conta da alta dos fertilizantes”, aponta o especialista.

O que ele não entende é “por que houve esta alta, sendo que o dólar caiu e os preços dos produtos se mantiveram”. Por isso, Lopes defende a criação de um órgão de controle para orientar o produtor nessa questão justamente no momento em que ele está fechando seus custos de produção e se preparando para o plantio. O segmento de fertilizantes está nas mãos de cinco empresas, que dominam o mercado no país.

Lopes entende que o alto preço dos fertilizantes é um fator que vem onerando os custos de produção e colocando em risco a atividade para muitos agricultores. Os estudos mostram que os custos com fertilizantes estão impondo fortes perdas e reduzindo drasticamente a margem de lucro do setor.

“A alta nos preços desse insumo foi tão grande do ano passado para cá que hoje os fertilizantes preocupam tanto quanto a falta de logística”, afirmam os analistas. Outro detalhe é que agora o peso do fertilizante, em Mato Grosso, como fator de perda da competitividade, está praticamente equiparado com o da logística.

Para Naildo Lopes, a alta dos preços dos fertilizantes deve pressionar os custos de produção desta nova safra. No caso da soja, os gastos com adubação do solo respondem por 30% do custo de produção.

O presidente da Aprosoja/MT, Glauber Silveira, diz que os produtores estão adotando uma modalidade de compra antecipada, garantindo a estabilidade do preço. A prática consiste em estabelecer um valor fixo pela commodity e trocar o grão por insumos. “O produtor deve analisar a relação de troca para travar vendas garantindo os custos”, orienta.

Governo federal quer conter alta dos produtos

O governo federal quer aumentar a produção de fertilizantes no país como um instrumento para conter a alta nos preços do insumo. Feito à base de potássio, fosfato e nitrogenados, os fertilizantes tiveram reajustes acima de 100% nos últimos meses, tornando-se um dos principais fatores de pressão inflacionária no setor.

A intenção do governo federal é a de reverter um quadro de dependência externa, reduzindo de 75% para 25% do consumo a importação desse tipo de produto. Em relação ao potássio, contudo, o próprio governo admite que não há condições de o país tornar-se autossuficiente.

Técnicos do governo já haviam apontado a alta dos fertilizantes como um dos principais vilões no aumento do preço dos alimentos. Eles culpam a alta no preço dos fertilizantes e a concentração na produção dos mesmos - apenas quatro companhias controlam o mercado mundial - como um obstáculo a ser vencido, juntamente com o aumento no preço dos combustíveis.

O aumento do consumo de fertilizantes pelos produtores rurais mato-grossenses se deve, principalmente, ao cenário positivo observado na cultura do algodão. Além disso, a safrinha de milho também foi responsável pela alta no uso do insumo.

De acordo com os estudos, os fertilizantes se destacaram como os maiores encargos no custo de produção do milho e soja na safra 10/11. A participação dos fertilizantes, no custo de uma lavoura, variou entre 30% e 39% do valor desembolsado para produzir o cereal por hectare, ficando entre R$ 157,50 e R$ 315, de um custo total que varia de R$ 898 a R$ 1.283, dependendo do porte da propriedade.

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Fonte:
Diário de Cuiabá

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