Itália: cresce protesto por ajuste que exclui custos políticos
Desde este domingo os italianos terão que pagar 10 euros para cada consulta com um médico especialista e 25 euros pelos serviços de urgências que não sejam graves. Os analistas calculam que o plano de ajuste vai aumentar a pressão fiscal sobre as famílias, que terão de pagar em média 500 euros a mais a cada ano.
Por isso, a raiva dos italianos cresce quando se soube que os cortes aos custos da política desapareceram praticamente do projeto de lei inicial.
Antes da votação no Parlamento foram eliminadas duas emendas, que previam economia de 82 milhões de euros, e com as quais estava previsto reduzir os pagamentos extras aos parlamentares.
A emenda previa adequar o pagamento extra dos parlamentares italianos, em torno de 11 mil euros, à média dos 17 países da zona do euro, sobre os 5 mil euros, no entanto ao final decidiu-se fazer uma média dos seis principais países da União Europeia (UE), por isso que o corte foi mínimo.
Também desapareceu a lei que suspendia as pensões vitalícias aos parlamentares que ficaram no cargo poucos meses e que representa cerca de 218,3 milhões de euros anuais.
As únicas medidas incluídas no plano de austeridade para cortar as despesas, e a partir da próxima legislatura em 2013, são a limitação no uso dos voos de Estado, salvo aos presidentes do governo, da República e da Câmara Baixa e Alta, e restrições ao uso de carros oficiais.
"Os italianos só percebem uma coisa neste momento: que os políticos gozam de privilégios ao estilo Luis XVI", diz um comentário postado no site do partido governamental, Povo da Liberdade.
Um italiano que foi demitido após 15 anos de contratos como empregado no Parlamento criou um grupo na rede social Facebook no qual está revelando os privilégios dos políticos e em menos de 24 horas já conta com cerca 30 mil seguidores.
Em sua página está publicando documentos que provam os privilégios dos políticos, como uma lista das vantajosas tarifas telefônicas para os parlamentares, assim como os desperdícios ao mostrar que os barbeiros que trabalham no Parlamento recebem 11 mil euros por mês.
Estes benefícios já foram contados em alguns livros sucesso de vendas, mas a falta de cortes aos custos da política no plano de ajustes voltou a reavivar os ânimos dos italianos.
Alguns partidos na oposição como a Itália dos Valores (IDV) tachou o plano de ajuste de "vergonha" ao não cortar "as dezenas de bilhões de desperdício na política" e aumenta os impostos às famílias.
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