Grande teste dos mercados após rebaixamento dos EUA é agora

Publicado em 08/08/2011 08:17
A agência de classificação de risco Standard & Poor’s disse que faria e fez. Na sexta-feira à noite cortou a nota AAA dos Estados Unidos, dizendo que o plano de consolidação orçamentária aprovado semana passada fica aquém do que seria necessário para estabilizar a dinâmica da dívida do governo a médio prazo.

O primeiro mercado a reagir foi o da Ásia, onde o tom começou bastante negativo e com roteiro conhecido de quedas nas bolsas e commodities. No câmbio, o dólar perdeu para o franco e para o iene, novos "portos seguros" em momentos de crise.

No entanto, o grande teste acontece agora pela manhã, com a abertura dos mercados na Europa e depois nos Estados Unidos.

Na sexta-feira pela manhã correu pelas mesas de operação em Wall Street que a S&P poderia rebaixar a nota americana após o encerramento do pregão. Assunto que perdeu força no decorrer do dia.

A decisão da S&P provocou a ira do secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, que disse que a determinação da agência foi “um terrível erro de julgamento”. E colocou os líderes das principais economias do mundo em estado de alerta. O fim de semana não foi de descanso para líderes e presidentes de bancos centrais, que tiveram de agir em antecipação a imponderável reação dos mercados.

 Na Europa, o Banco Central Europeu (BCE) está pronto para implementar um programa de compra de títulos. Mesmo sem menção direta, ficou subentendido que papéis da Itália e Espanha também podem ser comprados, como uma forma de conter uma “crise dominó” na região, que já derrubou Grécia, Irlanda e Portugal.

O G-7 disse estar pronto para responder às tensões do mercado. “Estamos comprometidos em tomar ações coordenadas, onde necessário, para assegurar a liquidez e dar suporte ao funcionamento dos mercados, à estabilidade financeira e ao crescimento econômico.”

E  G-20, que reúne as maiores economias desenvolvidas e emergentes, avisou que não vai alterar a gestão de suas reservas internacionais por causa do rebaixamento da nota de crédito americana.

Por aqui, a página do Banco Central não traz nenhum comentário ou recomendação especial. O mesmo vale para a página eletrônica do Ministério da Fazenda.

Em artigo publicado no fim de semana, o presidente-executivo da gestora Pimco, Mohamed El-Erian, aponta que o rebaixamento é o prelúdio de uma nova era. Os mercados abrem, hoje, em uma realidade modificada, com consequências operacionais imediatas, como uma reavaliação de risco e liquidez.

No lado real da economia, El-Erian, acredita que o custo de crédito para virtualmente todos os americanos deve aumentar.

Por outro lado, diz o gestor, esse rebaixamento deve funcionar como um “despertador” para os líderes americanos. Esse foi um sinal inconteste da erodida força econômica e posição global dos EUA, diz. E ressalta a urgência de se retomar a iniciativa por meio de melhores políticas econômicas e governança mais coerente.

Em entrevista à TV Bloomberg, Nouriel Roubini, que ganhou notoriedade por estar entre os poucos que previu a crise de 2008, disse que a economia dos EUA está a caminho de um “duplo mergulho” recessivo.

Roubini apontou, ainda, que o BCE não pode ficar para sempre comprando papéis de países endividados como Itália e Espanha e disse que economias como Japão e Reino Unido estão com problemas.

Também sobre o rebaixamento, Paul Brodsky e Lee Quaintance, responsáveis pela QB Asset Management, apresentaram uma avaliação diferente sobre o tema.

Segundo os especialistas, o que de fato ocorreu foi um rebaixamento de moeda. Algo que parece bastante razoável, atrasado e, em termos reais, insuficiente.

Para os especialistas, as obrigações do Tesouro dos EUA em termos reais (isto é, ajustadas pela inflação e poder de compra do dólar) não são grau de investimento. Eles acreditam que os títulos são um “bem monetário”, só que o principal e os juros serão pagos com “moeda ruim”.

O ponto principal é a necessidade de se emitir mais dinheiro para pagar o serviço e o estoque de dívida do Tesouro, algo que sugere uma substancial redução do poder de compra do dólar americano, justamente a moeda na qual os credores receberão juros e principal. O risco que já existia e se agrava é a perda de capital em termos reais.

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Fonte:
Valor Online

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