BC ouve do mercado que crise terá efeito limitado na inflação
Segundo três economistas que participaram de reunião fechada, realizada em São Paulo, a percepção da maioria dos que se manifestaram no encontro foi de que a desaceleração que tende a acontecer no Brasil por conta do desaquecimento global é relativamente pequena --e não justificaria uma queda dos juros.
"A questão da Europa ainda preocupa, mas ninguém está trabalhando com cenário de um novo Lehman Brothers", afirmou à Reuters um dos participantes da reunião. "O menor crescimento global não seria suficiente para fazer com que a inflação convirja à meta no ano que vem."
Os analistas entendem ainda que o mercado interno continua aquecido, sobretudo pelo lado de serviços, onde há pressão inflacionária. As perspectivas de crescimento econômico do país, mesmo com as turbulências externas, continuam robustas: no encontro, falou-se entre 3,5 e 4 por cento neste ano e em torno de 3,5 por cento em 2012.
"Do lado doméstico, a desaceleração (econômica) que tende a acontecer é muito pequena", afirmou um outro economista que também participou da reunião.
O BC promove reuniões regulares com representantes do mercado financeiro para colher impressões sobre o ritmo da atividade econômica, da inflação e do cenário externo. Nos encontros, os representantes da autoridade monetária fala pouco e os economistas são estimulados a fazer suas avaliações sobre a economia.
Na reunião desta segunda-feira, pelo menos um economista manifestou, ainda, preocupação com o cenário fiscal de 2012. A avaliação é que as obras relacionadas à Copa do Mundo e a base política fragmentada do governo da presidente Dilma Rousseff imporão pressão sobre os gastos, ameaçando o cumprimento de um superávit primário --economia feita para pagamento de juros-- próximo a 3 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).
O mercado financeiro reduziu pela segunda semana consecutiva sua estimativa para a inflação, segundo a sondagem Focus divulgada pelo BC nesta segunda-feira. A previsão para o IPCA (índice de inflação ao consumidor) este ano caiu de 6,28 por cento para 6,26 por cento, e a do próximo passou de 5,27 por cento para 5,23 por cento.
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