Juros futuros refletem vontade do governo em reduzir a Selic

Publicado em 19/08/2011 17:01 e atualizado em 10/03/2020 05:37
Mais um dia, mais um pregão de baixa no mercado de juros futuros. As taxas não esboçaram reação ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15), que veio no teto das expectativas, ao marcar alta de 0,27% em agosto, ou mesmo à indicação de que o governo terá uma política fiscal mais frouxa em 2012.

Segundo o vice-presidente de tesouraria do Banco WestLB, Ures Folchini, o mundo botou na cabeça que a situação é ruim. Então a preocupação não é tanto com inflação ou mesmo com controle de gastos.

Ainda de acordo com o especialista, mesmo que exagerado, esse movimento de firme baixa nas taxas futuros encontra respaldo nas declarações recentes de membros do Banco Central (BC).

O discurso está mais para quem quer cortar a taxa de juros. Essa semana o presidente do BC, Alexandre Tombini, declarou que a inflação cairá “fortemente” a partir de setembro. Já o diretor de Política Econômica, Carlos Hamilton, disse que o mercado de trabalho, bem com a inflação, estão mostrando sinais de moderação.

“Aumentou bastante a chance de corte de juros ainda neste ano em função das declarações recentes do BC”, diz Folchini, ponderando que o corte da Selic não deve ocorrer já na reunião de 31 de agosto do Comitê de Política Monetária (Copom).

Além dos fatores domésticos e externos que puxam as taxas futuras para baixo, um operador que pediu anonimato chamou atenção à entrada de recursos externos no mercado, o que sempre adiciona pressão de baixa na curva.

Outro operador resume a situação da seguinte maneira: “O mercado está com cabeça de que o ambiente é o mesmo que em 2008, então vai para a venda.”

Com uma postura mais ponderada, o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, aponta que essa visão de que a chance de uma recessão externa derrubará a economia brasileira esbarra num problema mais grave que é a inflação doméstica.

“Mesmo com uma desaceleração da economia, tenho dificuldade em ver a inflação desacelerando muito. Temos que lembrar que 2009 foi ano de recessão e a inflação, ainda assim, só ficou na meta”, diz Vale.

Olhando a questão por outro prisma, o economista aponta que o governo opta, escancaradamente, pelo crescimento a despeito da inflação.

“Se o risco para o ano que vem é de inflação alta e crescimento baixo, o governo optará por tentar manter o crescimento mais forte, mesmo que a inflação fique elevada. Essa é a intepretação que se pode fazer dos juros futuros baixos que vemos”, explica.

Ainda de acordo com Vale, na verdade, essa é uma leitura que o mercado está fazendo sobre o que o governo quer fazer, independentemente dessa politica ser correta ou não.

“Embutido nisso está uma percepção, que mantemos aqui na MB desde o ano passado, de que a inflação no governo Dilma ficaria sistematicamente acima da meta. Cada vez mais isso se confirma e o ajuste, quando for feito, terá que ser bem doloroso. Provavelmente apenas em 2015, com o próximo presidente”, conclui.

Antes do ajuste final de posições na BM&F, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em setembro de 2011 caía 0,01 ponto percentual a 12,38%. Outubro de 2011 apontava queda de 0,04 ponto, a 12,32%. Novembro de 2011 marcava 12,28%, baixa de 0,01 ponto. Janeiro de 2012, o mais líquido do dia, projetava 12,10%, queda de 0,05 pontos. E julho de 2012 devolvia 0,11 ponto, a 11,72%.

Entre os contratos mais longos, janeiro de 2013 apontava baixa de 0,13 ponto, a 11,46%. Esse contrato abriu o mês em 12,70%. Janeiro de 2014 também registrava desvalorização de 0,13 ponto, a 11,42%. Janeiro de 2015 tinha queda de 0,09 ponto, a 11,46%. E janeiro de 2017 projetava 11,51%, perda de 0,06 ponto.

Até as 16h10, foram negociados 1.831.818 contratos, equivalentes a R$ 165,31 bilhões (US$ 102,92 bilhões), queda de 28% sobre o registrado no pregão anterior. O vencimento janeiro de 2012 foi o mais negociado, com 700.906 contratos, equivalentes a R$ 67,22 bilhões (US$ 41,85 bilhões).

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Fonte:
Valor Online

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