Cenário externo fez Copom revisar estratégia, diz Tombini
Segundo Tombini, nesse período de 40 dias entre a reunião do comitê de julho e de agosto, muitas coisas aconteceram. Primeiro, houve a constatação de que a economia americana vai crescer muito menos do que se esperava. No início do ano as projeções indicavam crescimento de 3,5% a 4% nos EUA. Por ocasião da reunião do Copom em julho, as expectativas eram de um crescimento de 2,5%. Agora, fala-se em 1,6%. No dia 9 de agosto o Federal Reserve (o banco central dos Estados Unidos) decidiu postergar por pelo menos um ano o início do ajuste monetário, da normalização das condições monetárias, que passou do segundo semestre de 2012 para, no mínimo, o segundo semestre de 2013. O Banco Central Europeu começou a indicar que poderia mudar de estratégia e na, quinta feira, o presidente do BCE ( Jean Claude Trichet), anunciou que não vai subir os juros.
O que pesou mesmo, na decisão do último Copom, foram as condições externas, mais do que o anuncio de uma economia adicional de R$ 10 bilhões nas contas públicas este ano. Ao dimensionar, no artigo 18 da ata do Copom, que a situação externa pode produzir, na economia brasileira, um quarto (25%) dos danos causados na crise de 2008/2009, o Banco Central está calculando uma perda de 1,25 ponto percentual no PIB, o que se sobreporia á desaceleração já em curso.