Para Fipe, alimentação continuará com papel de destaque na inflação
“Essa pequena diferença é porque alimentação, apesar de ter subido, não subiu tanto como esperávamos”, comenta. Comune aguardava elevação de 1,02% para os alimentos na atual medição, acima dos 0,89% verificados, taxa ainda alta em sua avaliação. Os números pressionados, no entanto, não são uniformidade dentro da classe de despesa.
Os alimentos industrializados tiveram desaceleração de 0,47% para 0,13% entre uma semana e outra, enquanto a taxa dos in natura praticamente dobrou, indo de 0,36% para 0,65% no período. O destaque é o limão, com avanço de 66,92% no período, responsável por 7% da taxa do índice geral movimento que é pontual, ressalta Comune. “Isso é questão de safra. De qualquer maneira, ele está colocando um viés que não vai persistir. Não é uma preocupação”. De janeiro a agosto, o limão acumula deflação de 6,09%.
Por outro lado, o frango, cuja aceleração responde por 16% do índice geral, continuará em trajetória de alta, segundo o pesquisador. Na atual leitura, o item avançou 6,48%. “Basicamente são seus insumos que influem, como milho, ração e soja”, explica Comune, que também destaca a elevação de 3,12% no arroz, com contribuição de 6% no indicador geral. “Mas na próxima semana ele já deve diminuir um pouco sua pressão”, pondera.
A carne, no entanto, já está incomodando e seus preços devem seguir aumentando com a entressafra na projeção da Fipe. Na primeira prévia de setembro, o contrafilé aumentou 2,8%, a alcatra, 3,73% e o coxão mole, 2,11%. “Estamos tendo sinais de alta com a entressafra. Primeiro sobem as carnes de primeira e em seguida, as carnes de segunda. O frango já está com preço alto e carne de porco virá na sequência. Daqui para frente, só teremos preços altos em carne”, afirma.
A expectativa de Comune é que o IPC-Fipe tenha novo recuo na próxima semana e fique em 0,30%, taxa que será mantida na terceira medição do mês e acelerará para 0,35% no fechamento de setembro. A alimentação deve ter pequeno recuo em relação a agosto, mas continuará sendo o principal grupo a puxar o índice e seguirá em patamar alto no longo prazo, projeta o economista.
A previsão é feita com base em tendências apresentadas por produtos na semana que entra no índice em relação a que está saindo, também levando em conta informações de mercado, como a alta de commodities e problemas de safra.