“A política agrícola brasileira é imprevisto puro”, diz Katia Abreu
Conforme a senadora, o Brasil precisa estimular a organização do setor agrícola, a exemplo do que fizeram outros países, como os Estados Unidos, por exemplo. “Nós não temos sequer um planejamento de plantio no ano. Simplesmente se entrega R$ 650 mil por ano para cada produtor e cada um planta o que quiser, sem controle de produção, de mercado e de custos”, argumentou Kátia, observando que no primeiro encontro com a presidente, a CNA expôs, por meio de gráficos e tabelas, a relevância de implementar um novo modelo de política para o agronegócio nacional. “O mecanismo de hoje é o mesmo de 40 anos atrás e que favorece a criação de dificuldades para vender facilidades. E o que nós queremos é facilidade, como funciona nos EUA, onde é tudo muito bem programado e previsto. Não é um leilão que vai resolver o problema dos agricultores. O que vai solucionar é o que os americanos fizeram. Lá, por exemplo, quando os preços não são compatíveis, o agricultor recebe na hora essa diferença em subvenção. A coisa é automática e direta na mão do produtor”.
Direcionamento dos recursos
Para a presidente da CNA, o pragmatismo de Dilma e o bom relacionamento do novo ministro da Agricultura com todas as bancadas deve favorecer o setor e dar celeridade a tramitação de projetos importantes para o agronegócio brasileiro, sobretudo em questões envolvendo a votação do Código Florestal e a construção de uma nova política agrícola que traga sustentabilidade para o produtor. “O que nos anima é que o Mendes Ribeiro conta com o prestígio e a confiança da presidente”, comentou Kátia Abreu, acrescentando que o Ministério está demonstrando “um grande espírito de trabalho conjunto, sobretudo quanto à questão do novo modelo de política agrícola, que é a nossa principal reivindicação”.
De acordo com a senadora, não são necessários mais recursos para a agricultura, mas sim os que estão disponíveis sejam direcionados correta e adequadamente para os produtores. “Nós não queremos um centavo a mais. Basta que os recursos disponíveis possam ser direcionados para a mão certa, porque hoje os recursos para garantir o preço de referência e o seguro agrícola para o setor estão indo para as mãos erradas, estão indo para os intermediários. E aquele produtor que de fato produz o arroz e o feijão não está vendo a cor desse dinheiro”, justificou, defendendo que “o nós precisamos é mudar os processos, porque mudando as políticas nós vamos apenas tirar o mesmo dinheiro que está indo na direção errada e direcionar para a direção correta”.
Ao longo da reunião, Kátia defendeu que o novo modelo de política se aproxime do norte-americano. Com isso, os diferentes instrumentos de apoio à comercialização, como PEP e AGF, seriam substituídos por subsídios diretos ao produtor sempre que o preço de mercado estiver abaixo do preço de referência. “Esses mecanismos retrógrados, antigos, fazem jus a uma política agrícola de 40 anos atrás. Com muita simplicidade, demonstramos à presidente que a aplicabilidade dos atuais processos não atende mais à agropecuária”, frisou a senadora, reiterando que acredita em uma aplicação piloto do novo modelo para culturas de arroz e trigo. A senadora ainda explicou que, para operacionalização do repasse direto de recursos ao agricultor, é preciso uma central de produtores rurais, com cadastro de propriedades por regiões, georreferenciamento e limites de produção com apoio por produtor.
“Precisamos de uma política que acompanhe o dinamismo da agricultura”, disse o presidente do SR de Carazinho
Carlos Scheibe foi um dos presidentes de sindicatos convidado para participar da reunião-almoço com a senadora e presidente da CNA, com o ministro da Agricultura e com o presidente da FARSUL. Para ele, um dos pontos principais do encontro foi o debate acerca de uma nova política agrícola para o setor. “A agricultura é uma atividade muito dinâmica e que, ao longo dos anos, vem trabalhando com valores e produtividades muito maiores. Além disso, o acesso global a um universo imenso de informações, somada a volatilidade do mercado, tem transformado o campo. Por isso, precisamos de uma política que acompanhe esse dinamismo”, assegurou Scheibe.
Para o presidente do Sindicato Rural de Carazinho, o encontro entre as lideranças do setor colocou em evidência a necessidade de reformar a política agrícola para que os produtores não percam competitividade. “O dinamismo na parte econômica não foi acompanhado por uma evolução em outros setores, como o de infraestrutura e o de armazenagem”, analisou, acrescentando que a afirmação do ministro da Agricultura de que o Ministério atua muito mais na resolução de problemas do que na sua antecipação e prevenção. “O Mendes Ribeiro disse que hoje demoramos tanto para encontrar soluções que, quando as encontramos, elas já estão ultrapassadas, pois os problemas já são outros ou estão mais graves. E é isso que ele pretende reverter estando à frente da Pasta”.
O ministro, analisou Scheibe, embora não tenha um perfil técnico, dispõem de uma ampla aceitação no Congresso e um bom trânsito na Presidência da República, o que deve favorecer o crescimento do setor. “Não adianta termos um ministro com perfil técnico se ele não consegue tramitar politicamente os projetos do setor”, finalizou.
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