Relatório de Inflação e resultado do PIB dos EUA são destaques do dia

Publicado em 29/09/2011 08:06
A quinta-feira reserva indicadores relevantes tanto no mercado local quanto externo. Por aqui, o foco está voltado ao Relatório de Inflação do Banco Central (BC). O documento mostra como os modelos operados pela autoridade monetária estão projetando o IPCA para este ano e e para o próximo.

Ainda na agenda local, o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) de setembro, que deve mostrar inflação ao redor de 0,65%, acelerando de 0,44%. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulga o Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (Inec) de setembro. O Tesouro apresenta o resultado primário do governo central em agosto. E também acontece a reunião mensal do Conselho Monetário Nacional (CMN).

Nos Estados Unidos, o Departamento de Comércio traz o dado final sobre o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre. A previsão sugere crescimento de 1,2% contra 1% da leitura anterior.

Os investidores também reagem aos pedidos semanais por seguro-desemprego e à venda de imóveis usados em agosto.

A semana acaba com indicadores de renda, gasto e confiança do consumidor americano.

*Mercados Ontem

O tom positivo que pautou a segunda e a terça-feira não teve força para avançar mais um dia. Sem motivos para novas compras ou mesmo para vendas desesperadas, os investidores parecem ter optado por uma realização de lucros nas bolsas e outros ativos de risco.

Da zona do euro, nenhuma nova medida.  A Comissão Europeia (CE) anunciou que um novo time da troika, que reúne Banco Central Europeu (BCE), Fundo Monetário Internacional (FMI) e União Europeia (UE), chega a Atenas nesta quinta-feira. Também ficou acertada uma reunião extraordinária dos ministros de Finanças em outubro para tratar do endividamento grego.

Anda na região, Itália e Espanha estenderam a proibição temporária de vendas a descoberto de ações do setor financeiro, introduzida no mês passado numa tentativa de conter a volatilidade do mercado. França também faz parte desse grupo.

Em Wall Street, o dia terminou com queda de 1,61% para o índice Dow Jones, que fechou aos 11.010 pontos. O S&P 500 teve baixa de 2,07%, a 1.151 pontos e o Nasdaq recuou 2,17%, a 2.491 pontos.

Dia de baixa, também, na Europa. Londres cedeu 1,44%, Frankfurt teve baixa de 0,89%, enquanto Paris cedeu 0,92%.

Entre as matérias-primas, o barril de petróleo do tipo WTI cedeu 3,8%, para US$ 81,21, devolvendo boa parte da alta de mais de 5% vista na terça-feira. E o índice de commodities CRB perdeu 2,52%.

*Bovespa

Depois de avançar 1,6% no começo dos negócios, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) acabou seguindo os pares externos. O Ibovespa encerrou com queda de 1,21%, aos 53.270 pontos. O giro somou R$ 5,18 bilhões.

O gestor de renda variável da Máxima Asset Management, Felipe Casotti, avalia que a melhora do mercado segue inconsistente, diante da demora dos países europeus em dar um fim à crise. Segundo ele, o risco sistêmico ainda paira no mercado.

A torcida, contudo, ainda segue firme pela elevação do tamanho do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (EFSF, na sigla em inglês), medida aprovada ontem pelo Parlamento finlandês e a ser votada nesta quinta-feira na Alemanha.

*Câmbio

Depois de três dias de queda e um ajuste de 4,80% para baixo, o dólar voltou a tomar fôlego ante o real. A demanda por moeda americana cresceu durante à tarde, conforme o humor externo piorou, provocando a queda de bolsas, commodities e outras moedas.

No fim do dia, o dólar comercial mostrava valorização de 1,82%, a R$ 1,837 na venda, mas fez máxima a R$ 1,842 e mínima a R$ 1,801. No mês, a moeda americana acumula alta de 15,32%.

Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o dólar pronto avançou 1,64%, para R$ 1,8252. O giro ficou em US$ 40,75 milhões, contra US$ 38,75 milhões no pregão anterior.

Também na BM&F, o dólar para outubro mostrava avanço, de 1,82%, a R$ 1,840, mas fez máxima a R$ 1,846 (+2,16%).

No câmbio externo, o dólar ganhou do euro e de outras moedas emergentes, como o peso mexicano, dólar canadense e dólar australiano.

De volta ao câmbio local, o diretor da Corretora Futura, André Ferreira, nota que o mercado parece mais calmo na ausência de grandes novidades envolvendo a crise na Europa.

No entanto, o dólar segue e vai seguir pressionado, diz o especialista, apontando para a posição comprada do estrangeiro no mercado futuro, além da “proibição” à venda de moeda que existe no mercado local via cobrança de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre ampliação de posição vendida em derivativos de câmbio.

“Qualquer espirro lá fora e o dólar pode voltar à corrida de alta”, diz o especialista.

Para Ferreira, o governo deve estar esperando a Medida Provisória (MP) do IOF ser votada para zerar a tributação de 1%.

Na visão do diretor, essa limitação tem de ser revista. Não faz sentido tributar a venda de moeda em uma situação como a atual. O mercado está distorcido. Por isso, o dólar sobe mais aqui do que lá fora em dias ruins e cai menos em dias bons.

“O time da venda joga com menos gente. Seria como um 11 contra seis no futebol. A vantagem está do lado do comprado”, exemplifica.

Ampliando a análise, Ferreira acredita que a possibilidade de piora do cenário externo já está no preço dos ativos. Então, qualquer sinal de alívio, qualquer indicação de o default da Grécia ser postergado, deve gerar resposta positiva do mercado.

No quadro atual, os investidores estão na defensiva, o dinheiro está empoçado em dólar e em títulos da dívida americana, que seguem mostrando taxas em recordes de baixa.

*Juros futuros

Depois do repique de alta da terça-feira, os contratos de juros futuros voltaram a perder prêmio de risco na BM&F. O viés de baixa, no entanto, só foi confirmado à tarde, conforme o tom ficou negativo no mercado externo.

Segundo um operador, nada mais natural que sair vendendo juros a qualquer sinal de fraqueza do quadro externo. Afinal de contas, é com isso que o BC está contando para dar sequência a seu plano de voo.

Os investidores também operaram no aguardo do Relatório de Inflação, que sai nesta quinta-feira pela manhã. Para o sócio-gestor da Leme Investimentos, Paulo Petrassi, será interessante olhar a evolução dos prognósticos de inflação.

O especialista lembra que, desde a última avaliação do BC, as expectativas para inflação só pioraram, a taxa de juros caiu e o câmbio está bem acima do R$ 1,60 utilizado nas projeções anteriores.

As variáveis que jogam a favor são a piora de cena externa e a menor expectativa de crescimento da economia doméstica. Certamente o Produto Interno Bruto (PIB) de 4% estimado pelo BC será colocado para baixo.

Ainda assim, diz Petrassi, fica difícil imaginar como o modelo apontará para 4,5% de Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2012.

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Fonte:
Valor Online

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