No Blog Questão Indígena: Mais uma criança xavante morre na Suiá-Missu apesar da posse plena da Terra Indígena

Publicado em 09/06/2014 10:42 e atualizado em 10/06/2014 11:41

Apesar dos 165 mil hectares tomados dos produtores rurais da Suiá-Missu com auxílio do Governo Federal, os xavantes de Marãiwatsédé continuam morrendo de doenças simples. Na última sexta-feira, mais um curumim de quatro meses de idade faleceu de insuficiência respiratória agravada por um grado de desnutrição.

O valente cacique Damião Paridzané argumenta que há tempos têm enviado pedidos à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) para compra de equipamentos para o posto de saúde do Distrito Sanitário de Saúde Indígena da aldeia. “Se tivesse oxigênio na aldeia, poderíamos ter salvado minha neta”, lamenta Alcione Wa'aihã Tseredze, que trabalha no posto como agente indígena de saúde.

Em 2013, logo depois da grande e milionário operação de expulsão dos brancos que entregou da área aos índios, quatro crianças xavante, incluindo dois netos do cacique morreram com diarreia e da desindratação decorrente.

Há um ano e meio o MPF também pede à Sesai para que execute melhorias no posto de saúde de Marãiwatsédé, mas até hoje os equipamentos não foram providenciados. “Esta infelizmente é uma situação recorrente em toda a região”, lamentea Sette.

O procurador informou que há 10 meses foi retomado um programa de vigilância nutricional para tentar controlar a subnutrição na população de gestantes, menores e idosos em Marãiwatsédé. Uma das principais ações foi a volta da multimistura.

Desnecessário lembrar que o Governo Federal gastou mais de R$ 10 milhões na operação de expurgo étnico que derrubou todas as casas e retirou todos os não indígenas da área para entregá-la aos xavante. Agora, além dos índios, os produtores rurais também vivem em situação de miséria.

A foto é de Paulo Whitaker publicada originalmente no post: Indians, or farmers-to-be? 

Funai instala Comitê Regional no Noroeste do Mato Grosso 

Contando com a participação da Assessoria da Presidência da Funai, servidores e representantes das comunidades indígenas foram capacitados sobre o atual modelo de gestão da fundação e a importância da participação dos índios no Comitê Regional. Representantes indígenas e servidores da Fundação elaboraram e aprovaram o Regimento Interno, normatizando o funcionamento do Comitê.

Para Audecir Vela Arara, representante da Organização dos Povos Indígenas do Noroeste do Mato Grosso, a criação do Comitê para a região é muito importante para o acompanhamento da gestão dentro do próprio órgão, "e também pra própria comunidade saber todo o processo que tem dentro da Funai, que a gente não conhecia. Hoje, com esse Comitê, a gente vai ter uma clareza de como funciona toda a questão dos recursos como vai ser executado".

Antônio Carlos Ferreira de Aquino, Coordenador Regional e Presidente do Comitê, entende que a criação do Comitê Regional é uma ferramenta muito importante principalmente para a participação dos indígenas nas decisões de políticas e promoção da cidadania, do etnodesenvolvimento e de todas as ações que competem à FUNAI dentro da comunidade indígena.

Segundo o coordenador, "é uma ferramenta muito importante e nós entendemos que agora a Coordenação Regional pode tomar outro rumo, porque muitas vezes as decisões ficavam muito centralizadas na figura do Coordenador. Agora, com o Comitê Regional, todas as ações serão socializadas e as decisões e resultados serão compartilhados com todos".

A Coordenação Regional Noroeste do Mato Grosso tem sede na cidade de Juína, atende 09 etnias indígenas distribuídas em 11 terras indígenas.

Os Comitês Regionais fazem parte da estrutura da FUNAI, tendo composição paritária entre servidores e representantes indígenas. É uma instância de fortalecimento do controle social e participação das comunidades indígenas na formulação de políticas públicas de proteção territorial e promoção ao desenvolvimento sustentável, assim como na elaboração do planejamento anual da Coordenação Regional. Além disso, o comitê pode propor ações de articulação com outros órgãos dos governos federal, estadual e municipal e organizações não-governamentais. Fonte e foto da própria Funai. 

Du'uptabi: Protociência afirma que incêndios provocados por indígenas são bons para o meio ambiente 

Nos últimos sete anos, os índios xavantes da aldeia Pimentel Barbosa, no Mato Grosso, atearam fogo a cerca de 370 mil hectares de cerrado, o equivalente a 83% da terra indígena em que vivem. A maioria das queimadas é provocada intencionalmente para caçar animais que fogem das labaredas para caírem nas mãos dos caçadores indígenas.

Os xavantes, assim como outras etnias, usam o fogo rotineiramente para preparar a terra para o plantio de suas roças rudimentares, para rituais e para promover a Du, a "caçada de fogo". Orientados pelos mais velhos da tribo, os índios incendeiam o Cerrado formando grandes círculos de fogo, que podem se estender por centenas de hectares. Os caçadores se posicionam em locais estratégicos para abater os animais que tentam desesperadamente escapar dos incêndios. A caça de fogo precede cerimônias como casamentos e ritos de passagem para a vida adulta.

A Protociência indigenista têm feito um grande esforço para convencer a sociedade de que os incêndios provocados pelos índios, ao contrário daqueles promovidos por não indígenas, são benéficos ao meio ambiente. Alguns estudos recentes argumentam que as "caçadas de fogo" não são apenas inofensivas, mas promovem a proteção da vegetação e da fauna. Uma matéria publicada na edição de maio da Revista Ciência Hoje faz um esforço gigantesco para provar o improvável relatando alguns desses estudos.

De acordo com a matéria, pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) usaram imagens de satélite da Terra Indígena Pimentel Barbosa registradas nas últimas quatro décadas e mostram que incêndios dos índios não são tão ruins quanto a o agricultura dos produtores rurais do lado de fora da terra indígena. Comparando coisas diferentes, os "cientistas" da Fiocruz mostraram que a área desmatada na Terra Indígena se manteve estável entre 1973 e 2010, enquanto o desmatamento em seu entorno aumentou de 1,5% para 26% no mesmo período, logo, o fogo é bom.

“Ao analisar os dados, observamos que dentro da terra indígena não existe devastação ambiental”, afirmou o biólogo e antropólogo Carlos Coimbra Jr. fechando os olhos para os incêndios. “Fica claro que a caçada de fogo promove a preservação, disse o protocientista cego de paixão pelo mito do bom selvagem.

A bióloga Vânia Pivello, da Universidade de São Paulo (USP), afirma que o "fogo não é só benéfico, como necessário para o cerrado.” Experiências conduzidas por Pivello mostram que queimadas previnem o avanço de incêndios ao queimarem o excesso de matéria seca acumulada, um combustível poderoso que só espera por uma centelha para deflagrar calamidades. Ou seja, o fato de os índios queimaram o Cerrado garante que ninguém mais o faça, o que prova definitivamente que o fogo é bom. “O fogo pode ser um importante instrumento de manejo da vegetação”, explica a pesquisadora.

O antropólogo James Welch, também da indefectível Fiocruz, fica indignado quando alguém fala em tom de acusação sobre a prática dos índios de incendiarem o Cerrado. "Muitas pessoas acusam a caçada de fogo de ser destrutiva, mas os xavantes sabem o que fazem", rebate Welch. Segundo ele, os índios têm um calendário próprio para promover as queimadas. "Em maio só colocam fogo em campos abertos. De julho a setembro [auge do período seco] eles queimam áreas com vegetação mais alta. Cada lugar tem seu momento certo de queimar", ensina Welch mostrando que o fogo indígena é bom.

Em 2013, o sistema de Monitoramento de Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou 28.553 focos de incêndio nas terras indígenas do Brasil. Muitos deles saem completamente do controle e se transformam em gigantescos incêndios florestais.

Mostramos quase em tempo real aqui no Questão Indígena o maior incêndio da história do Mato Grosso, ocorrido no ano passado na Terra Indígena Marãiwatsédé (Suyá-Missu). Mas 100 mil hectares foram calcinados por um incêndio que começou na aldeia dos índios xavante. Veja no final deste post a impressionante sequencia de imagens de satélite mostrando desde o início o grande incêndio da Suyá-Missu no ano passado.

Embora o período seco de 2014 esteja apenas no início, o sistema do Inpe já flagrou quase três focos de calor este ano.

A ação dos protocientistas em defesa do paradigma do bom selvagem causa intercorrências inusitadas. Em 2012, no período em que o estudo da Fiocruz estava sendo realizado, um grupo de índios xavante da Terra Indígena Pimental Barbosa iniciou um dos seus incêndios do bem. O fogo saiu do controle e incendiou a Terra Indígena Meruri ocupadas por índios bororo. O episódio quase levou a uma guerra entre as duas etnias. Ao ser interpelo pelos bororo um os xavantes responsável pelo incêndio argumentou que o "fogo faz bem e era comprovado cientificamente".

Rodrigo Falleiro, do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (PrevFogo), do Ibama discorda dos protocientistas e afirma que os jovens indígenas estão perdendo a cultura dos seus ancestrais e abusando do uso dos incêndios. "Hoje a juventude está mais preocupada em comprar moto do que em manter as tradições, e ocorre o uso errôneo do fogo, em períodos críticos de queimadas por exemplo. Dependendo do modo como o fogo se alastra pode ser bem nocivo" diz Falleiro.

James Welch, o antropólogo que olha para os índios como uma mãe olha para um filho delinquente, afirma por outro lado que é preciso compreender que os povos indígenas têm uma visão própria da conservação. "Para os indígenas, a noção de conservar o ambiente é totalmente coerente com a ideia de extrair recursos da natureza, de continuar caçando com fogo. Eles têm sua noção de preservação, que não é a mesma dos biólogos. Temos que ver os indígena como parceiros na conservação", ordena Welch.

E assim caminha o indigenismo. Invasão é retomada, estupro e infanticídio são práticas culturais que devem ser toleradas, guerras intertribais não existem. Índio assassino é preso, não pelo crime, mas por perseguição étnica. Até fogo agora tem etnia e é bom para meio ambiente.

Veja a evolução do Grande Incêndio da Suiá-Missu no verão de 2013 em imagens de satélite capturadas desde o dia 2 de julho, dia em que surgiu primeiro foco, e 4 de setembro, quando caíram as primeiras chuvas na região:

Situação em 02 de julho de 2013

Situação em 18 de julho de 2013

Situação em 28 de julho de 2013

Mapa questão indígena

Situação em 03 de agosto de 2013

Mapa questão indígena

Situação em 19 de agosto de 2013

Mapa questão indígena

Situação em 27 de agosto de 2013

Situação em 04 de setembro de 2013

Mapa questão indígena

Entenda porque esta terra indígena foi incendiada e porque este site monitorou o incêndio: Fogo na Suiá-Missu: Sequência de imagens de satélites mostra queimadas na Terra Indígena Maraiwatsede

Depois da demarcação, o abandono: Índios são atendidos debaixo de lonas no Pará 

índios Pará

Índios do município de Oriximiná, no oeste do Pará, estão sendo atendidos em barracas de lona no quintal da Casa de Saúde Indígena (Casai) local. Os alojamentos improvisados, são feitos pelos próprios índios diante da superlotação na casa de saúde.

A Casai atende casos de baixa complexidade e funciona como abrigo para os indígenas que precisam de atendimento médico e exames na cidade. "Os índios ficam ali, debaixo de chuva e de sol, durante três, cinco dias, dependendo do caso", explicou um índio que não quer ser identificado por mede de represálias. Segundo ele, os indígenas, que somam mais de 15 etnias atendidas na casa, também reclamam da falta de estrutura.

A técnica em enfermagem da Casai, Lourdes de Carvalho, afirma que alguns índios preferem ficar debaixo das lonas. "É o costume deles. Eles já vem da aldeia com todo o material", explica.

Lourdes conta ainda que a casa possui três quartos, que são priorizados para os idosos, mulheres que tiveram filhos recentemente e pacientes que foram operados. Os demais são alocados nos alojamentos improvisados, do lado de fora da casa. Ela conta que trabalha há 11 anos com a saúde indígena e revela que, ultimamente, a casa tem ficado cada vez mais lotada.

Além dos atendimentos em pacientes, a Casai também abriga os familiares. "A capacidade deve ser para, no máximo, umas 60 pessoas e nós devemos ter 100 pessoas aqui. A maioria vem acompanhada da família, alguns trazem até os filhos porque não tem com quem deixar na aldeia", relata Lourdes.

O Ministério da Saúde informou que está prevista a construção de uma nova Casai em Oriximiná, mas o projeto ainda está em fase de elaboração. Para a Casai atual, estão sendo tomadas providências para melhorar as acomodações do local com empresa já contratada para realizar os serviços. 

Polícia Federal identifica antropólogos de ONGs e servidores da Funai que financiaram manifestação de índios em Brasília 

O jornalista Claudio Humberto publicou ontem em eu blog a informação de que antropólogos ligados ao governo por meio de ONGs e servidores públicos ligados à Funai financiaram o protesto de índios em Brasília no final do mês passado. O questão indígena mostrou aqui que um antropólogo da ONG IIEB sugeriu que a exposição da taça da copa do mundo em Brasília no dia da manifestação dos índios era uma "oportunidade".

De acordo com o post do Claudio Humberto, a Polícia Federal foi acionada para investigar o caso e identificou servidores e antropólogos ligados ao governo federal ou financiados com recursos públicos, por trás do inesperado protesto dos índios.

Se a informação divulgada pelo jornalista, alguém deveria cobrar explicações da Presidente da Funai, Guta Assirati. Recentemente ela mesma assinou uma portaria através da qual a Funai pode usar recursos públicos para pagar passagens e hospedagens para lideranças virem a Brasília participar de eventos. Não raro esses eventos descambam para protestos como o que acabou com um policial fechado.

Apesar disso, Claudio Humberto, informa que o Governo ainda não decidiu se indiciará servidores e antropólogos que estavam por trás da baderna indígena entregando o caso à Justiça. 

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Fonte:
Blog Questão Índigena

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