Índios "alugam" terras para exploração ilegal de madeira

Publicado em 05/09/2014 18:09

Matéria dos jornalistas Aguirre Talento, Felipe Luchete e Katia Brasil publicada no jornal Folha de São Paulo em janeiro do ano passado mostra que várias etnias indígenas da Amazônia têm loteado e "alugado" suas terras para madeireiros retirarem madeira de forma ilegal em troca de pagamentos.

Com base em investigações da Polícia Federal, Ministério Público e relatos de servidores da Funai, os jornalistas identificaram casos em pelo menos 15 terras indígenas no Amazonas, Pará, Mato Grosso, Rondônia e Maranhão, onde fica a terra indígena dos urubu-kaapor.

Essa semana a Agência Reuters divulgou imagens de índios urubu-kaapor armados praticando violências contra madeireiros que supostamente teriam invadido a Terra Indígena Alto Turiaçú.

De acordo com a matéria da Folha, nas transações com os índios madeireiros pagam R$ 15 pelo m³ da madeira, depois revendida por preços na casa dos R$ 1.000, de acordo com a PF. Além de pagamento em dinheiro, os índios também aceitam aparelhos eletrônicos, bebidas ou até mesmo prostitutas, conforme relatos de funcionários da Funai.

Ainda de acordo com a matéria da Folha, fora da Amazônia, a prática é menos comum, por haver menos madeira disponível com interesse comercial.

Além da madeira, também existem investigações sobre o envolvimento de índios na extração de minério. Também no ano passado índios mundurucu entraram confronto armado com agentes da Polícia Federal durante uma operação contra o garimpo ilegal no sul do Pará. Um indígena morreu e dois foram baleados. Várias balsas de extração ilegal de ouro foram dinamitadas pela PF no rio Tapajós.

Na terra indígena Anambé, em Moju, também no Pará, um relatório da Funai diz que os índios, após alugarem parte do território a madeireiros, acabaram perdendo o controle sobre a área.

Em Mato Grosso, a PF detectou o problema em 2007 no Parque Nacional do Xingu, uma das maiores áreas indígenas do mundo. A Justiça Federal chegou a bloquear bens de madeireiros. A decisão dizia que os índios "se tornaram agentes ativos e destacados na extração e comercialização de madeiras".

Em Rondônia, o líder indígena Almir Suruí, da terra Sete de Setembro, disse aos jornalistas da Folha que informa a Funai sobre a conivência de alguns índios com os madeireiros. "Eles falam que não podem mandar fiscalização porque tem índio envolvido. Se tem, para mim é bandido como quaisquer outros. Além de roubar o próprio povo, rouba um bem da União."

Vez por outra há desavenças em relação aos pagamentos, o que gera ações como as evidenciadas pelas imagens da Reuters. É preciso investigar se a ação dos urubu-kaapor não foi planejada pelos índios ou até mesmo pelo fotógrafo, que é um conhecido militante indigenista. É curioso como ele está sempre no lugar certo, na hora certa.

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Fonte:
Questão Indígena

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