Lagarta falsa medideira traz problema para soja

Publicado em 16/02/2012 12:18
Embora de ocorrência frequente na soja, no passado, os níveis populacionais da lagarta falsa-medideira (Pseudoplusia includens) eram muito baixos, sendo considerada como praga secundária. Porém, nas últimas safras em muitas regiões, essa lagarta tem sido considerada uma das pragas principais. Os pesquisadores da equipe de entomologia da Embrapa Soja respondem a algumas questões que envolvem o tema.

1) Por que se observa a ocorrência exagerada de Pseudoplusia includens no período reprodutivo da soja na safra 2011/2012?

No passado, as populações da lagarta falsa-medideira eram controladas naturalmente por uma gama enorme de inimigos naturais representada, principalmente por parasitoides, como as vespinhas (Copidosoma sp) e, especialmente, por doenças fúngicas como a doença branca (Nomuraea rileyi) e doença marrom (Pandora sp. e Zoophthora sp). É possível se afirmar que a aplicação exagerada de inseticidas sem critério técnico, no inicio do desenvolvimento da soja, não obedecendo os níveis de dano indicados no manejo integrado de pragas, além do uso de fungicidas não seletivos para o controle da ferrugem asiática da soja, afetaram negativamente as populações desses inimigos naturais e, consequentemente, aumentaram os problemas com a lagarta falsa-medideira. Para tornar o quadro mais drástico na atual safra tem sido observado veranicos e altas temperaturas, principalmente a partir do inicio de fevereiro que são também extremamente favoráveis para a ocorrência da explosão populacional da praga. 

2) Pontos importantes para um bom manejo de Pseudoplusia includens no período reprodutivo da soja:

É importante realizar o monitoramente das pragas com o auxílio do pano-de-batida e aplicar o inseticida apenas quando for necessário (30% de desfolha no vegetativo ou 15% de desfolha no reprodutivo). Além da aplicação no momento certo é importante escolher um produto registrado para a lagarta alvo do controle.

Além da aplicação no momento correto é importante levar em consideração alguns critérios que interferem na eficiência do controle como:

- A praga tem hábito diferente da lagarta-da-soja. Ela é mais tolerante a inseticidas e para o seu controle necessita de doses duas até quatro vezes maiores. Se alimenta de folhas da parte mediana da planta e ocorre no período reprodutivo da soja. Dessa forma, fica “protegida” pelo dossel da planta que nessa fase da cultura está fechado, dificultando o contato do inseticida com a praga (“efeito guarda-chuva”). Isso ainda é agravado com a utilização de um baixo volume de calda/ha.

- Temperaturas elevadas, acima de 30 oC, e a umidade abaixo de 60%, aumentam a evaporação, dificultando o controle. Assim, nessas condições climáticas extremas, sugere-se controlar as lagartas durante a madrugada, quando as temperaturas são relativamente mais baixas e a umidade mais alta além da ausência de ventos que proporcionarão melhores condições para aplicação.

- Utilização de ponteiras de aplicação que proporcionem boa cobertura do baixeiro da planta irá auxiliar no controle da praga.

Sendo assim, a lagarta falsa-medideira é um praga importante na soja, mas que com a adoção do manejo integrado de pragas, realizando monitoramento, respeitando os níveis de ação e usando uma boa tecnologia de aplicação dos inseticidas, ela pode ser mantida em baixas populações sem prejuízos ao agricultor ou ao meio ambiente.

Texto elaborado a partir das respostas da equipe de entomologia da Embrapa Soja:
Adeney de Freitas Bueno1, Beatriz S. Corrêa-Ferreira2, Clara Beatriz Hoffmann-Campo1, Daniel Ricardo Sosa-Gomes1, Edson Hirose, Samuel Roggia1
1Pesquisador em Entomologia da Embrapa Soja, Londrina, PR;
2Consultora, Londrina, PR.
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Fonte:
Embrapa Soja

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