INTERNACIONAL: Margens de esmagamento na China estão baixas e podem comprometer demanda por soja

Publicado em 16/11/2012 13:40 e atualizado em 16/11/2012 14:14
As companhias de esmagamento de soja da China têm levado um duro golpe com os altos e baixos dos preços da commodity no mercado internacional já que "julgaram de forma errada" os movimentos do mercado. 

Em função dessas margens de esmagamento negativas, nesta sexta-feira (16) o Centro Nacional de Informações sobre Grãos e Óleos da China (CNGOIC) informou que foram canceladas as compras de dez navios de soja norte-americana, o que equivale a aproximadamente 600 mil toneladas. Os volumes deveriam ser entregues em dezembro e janeiro. 

"Os esmagadores estão lidando com grandes perdas, enquanto a demanda doméstica por óleo e farelo de soja continua baixa, e essa situação pode não melhorar mais adiante", informou o relatório do CNGOIC.  

As esmagadoras chinesas começaram a estocar soja quando o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) estimou, em seu relatório de setembro, que poderia contar com sua menor safra de soja em nove anos depois de ter sido severamente atingido por uma das piores secas da história do país. 

Desde então, os investidores vinham apostando em preços cada vez mais altos para a oleaginosa até que dados novamente do USDA apontaram que os estragos causados pela seca tinham sido menores do que o previsto. 

Em seu boletim de oferta e demanda divulgado no último dia 9, o departamento aumentou suas projeções para a safra e estoques tanto norte-americanos quanto mundiais. Frente a esses novos números, os preços da soja despencaram na Bolsa de Chicago, com importantes vencimentos operando até mesmo sem o patamar dos US$ 14 por bushel. 

Esse recuo das cotações acaba trazendo prejuízos também para a indústria processadora, que vêm lucros menores depois de terem estocado soja a preços maiores anteriormente por temerem altas ainda mais expressivas. 

Segundo Wang Xiaoyu, secretário geral da Heilongjiang Soybean Association, no cenário atual, o processamento de uma tonelada de óleo ocasionará a a perda de cerca de 400 yuans para as companhias chinesas. Com isso, a estimativa de Wang é de que 90% das empresas já teriam suspendido sua produção desde o terceiro trimestre deste ano. 

"Os esmagadores que dependem de fornecimento do exterior tendem a sofrer perdas neste ano", disse um analista de mercado chinês ao jornal China Daily. 

Como explicou o analista de mercado Eduardo Vanin, a demanda da China por soja está intimamente ligada ao comportamento das margens de esmagamento no país e informações como as desta sexta-feira impactam diretamente nos preços do grão no mercado internacional. 

"Se os preços estão subindo, as margens também sobem e as importações acompanham. Porém, se os preços estão caindo, ao contrário do que a gente pensa, de que a demanda voltaria ao mercado com esses preços menores, com margens negativas, como é o caso agora, as importações também se encolhem. Por isso, o que temos que acompanhar muito de perto na China é o comportamento da soja, que não é favorável agora", explicou Vanin. 

Porém, analistas afirmaram ainda que esse tipo de movimento por parte da China não seria bem uma "novidade" para o mercado, já que é bastante comum. O país anuncia o cancelamento de alguns cargos e depois reporta a venda de outros, tentando, dessa forma, equilibrar os preços no mercado internacional. 
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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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