Sem novidades, soja tem mais um pregão volátil e fecha em campo misto

Publicado em 28/04/2014 17:39 e atualizado em 28/04/2014 23:02

Os futuros da soja fecharam o pregão regular desta segunda-feira (28) em campo misto na Bolsa de Chicago. Diante de uma falta de novidades, o mercado operou sem direção durante toda a sessão, após registrar fortes altas durante o pregão eletrônico. Assim, os futuros da oleaginosa fecharam com as primeiras posições em alta e acima dos US$ 15 por bushel, enquanto os demais contratos terminaram o dia com ligeira queda. 

A participação dos fundos de investimentos continua bastante marcante nos negócios no mercado internacional de grãos, com uma clara disputa entre os que posseum posições compradas e vendidas, ambos tentando garantir seus lucros, principalmente nesse período de encerramento de mês.  

Como explicou o consultor em agronegócio, Ênio Fernandes, o mercado não conta com novas informações que possam sustentar altas tão expressivas como a registrada na manhã de hoje. Uma vez que os valores ultrapassam os US$ e se aproximam dos US$ 15,20 ou US$ 15,30, acabam estimulando movimentos de venda por parte dos investidores, estimulando o recuo pela realização de lucros.

Apesar disso, o mercado, principalmente no curto prazo, segue sendo sustentado pelo quadro de oferta e demanda nos Estados Unidos, que é um dos mais apertados dos últimos anos. Os estoques estão bastante ajustados e o volume de soja embarcada no país já se aproxima da última estimativa do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) que é de 43 milhões de toneladas para toda a temporada, que só se encerra em 31 de agosto. 

De acordo com o boletim de inspeções de exportações divulgado nesta segunda, os EUA embarcaram 254,299 mil toneladas na semana que terminou no dia 24 de abril e, no acumulado do ano comercial, esse número já chega a 41.353,670 milhões de toneladas. 

No entanto, o mercado já vem, aos poucos, separando a influência dos atuais fatores de influência para os preços para os contratos referentes ao mercado atual e aos que se referem à nova safra norte-americana. Assim, para Flávio França, consultor em agronegócio, "ainda há um suporte bem forte para os contratos mais próximos, dentro da linha de estoques americanos muito apertados". 

França explica, portanto, que esse cenário ainda obriga, portanto, o mercado a manter os preços em alta, uma vez que serão essas cotações as responsáveis por racionar a demanda em um quadro de escassez de soja. "O mercado não pode cair muito daqui a setembro porque senão a demanda aumenta ainda mais (...) Daqui até setembro, nós teremos um mercado muito sólido". 

Safra 2014/15 dos EUA

Paralelamente ao cenário de mercado referente à safra 2013/14, as notícias sobre o desenvolvimento da temporada 2014/15 começam a ganhar espaço no mercado internacional de grãos, principalmente sobre o clima nos Estados Unidos.Agências internacionais trazem previsões de clima frio e úmido no Meio-Oeste americano podendo comprometer os trabalhos de campo da nova safra. De acordo com o instituto meteorológico DTN, a semana deverá ser de uma queda nas temperaturas e chuvas mais expressivas. 

Para a primeira semana de maio, de acordo com a Bloomberg, são esperadas temperaturas abaixo do normal entre 3 e 7 graus para esse período do ano, além de tornados e tempestades, segundo Matt Rogers, presidente do Commodity Weather Group.

"Para a safra nova, há uma previsão de área maior, portanto, um viés de baixa para os preços e isso já é fácil notar nos vencimentos novembro/14 ou maio/15, então, a princípio, o perfil para a safra nova é bem mais conservador para os preços", disse França. 

Milho: Mercado reflete previsões de chuvas para os EUA e fecha com leves altas

Por Fernanda Custódio

Os futuros do milho negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) encerraram o dia com leves ganhos. Durante o pregão, as cotações reduziram as altas e fecharam com valorização entre 0,75 e 1 ponto, nos principais contratos. O vencimento maio/14 terminou a sessão cotado a US$ 5,07 por bushel, mas ao longo das negociações alcançou o patamar de US$ 5,12 por bushel. 

No momento, as previsões climáticas para os EUA tem sido a principal variável para o mercado de milho. Por enquanto, as previsões indicam chuvas em partes do cinturão produtor de grãos norte-americano, incluindo os estados de Iowa e Wisconsin, durante essa semana, conforme informou a agência internacional Bloomberg nesta segunda-feira.

As temperaturas também deverão ficar mais baixas no cinturão produtor durante essa semana. Frente a essa situação, a expectativa é que os trabalhos nos campos norte-americanos diminuam. Até o dia 20 de abril, a área cultivada com o milho nos EUA atingiu 6%, contra a média dos últimos cinco anos de 14%, segundo informações do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). Um novo boletim de acompanhamento de safras será divulgado nesta segunda-feira e a estimativa é que órgão reporte a semeadura em 20% da área.

Diante desse quadro, a preocupação é que o atraso no plantio do milho acabe transferindo área para a cultura da soja. Os produtores norte-americanos têm até o final do mês de maio para finalizar o plantio do milho.

Apesar das especulações, o consultor em agronegócio, Ênio Fernandes, destaca que os agricultores têm capacidade de realizar o plantio do grão em grandes áreas e em curto espaço de tempo. "E as previsões para o mês não apontam para um maio tão chuvoso nos EUA, situação que pode contribuir para a semeadura do grão", afirma. 

Do lado fundamental, a demanda pelo produto norte-americano permanece aquecida. As vendas semanais foram reportadas em 1,156.332 milhões de toneladas na semana encerrada no dia 24 de abril, pelo USDA. Na última semana, o número anunciado pelo departamento foi de 1,633.180 toneladas (número revisado).

Já no mesmo período do ano passado, as vendas somaram 295.795 toneladas. No total acumulado no ano safra, iniciado em 1º de setembro, as vendas totalizam 27,991.018 toneladas, contra 12,247.293 toneladas acumuladas no ano safra anterior.

Na visão do pesquisador do Cepea, Lucílio Rogério Alves, a demanda forte pelo milho dos EUA, faz com que haja uma redução nos estoques do país e, com isso, os compradores se voltam ao Brasil. A partir de julho, somente o país terá milho para ofertar, até setembro, quando a produção norte-americana entra no mercado.

Mercado interno

O cenário no mercado interno brasileiro segue sem grandes modificações, os preços permanecem estáveis e as negociações estão mais lentas. De acordo com o pesquisador do Cepea, os compradores saem do mercado à espera de uma oferta no mercado interno maior a partir do segundo semestre, com a colheita da safrinha, enquanto que os vendedores evitam os negócios tendo em vista uma valorização nos preços no cenário mundial. 

Enquanto isso, a queda de braços entre as duas pontas contribui para manter as cotações de milho estáveis em importantes regiões produtoras do país, cerca de R$ 30,00 a saca. “Do ponto de vista dos compradores, a aposta é que uma menor taxa de câmbio e um excedente de oferta maior nos EUA, apesar da redução na área cultivada no país, poderia dificultar as exportações do Brasil e com uma oferta interna maior poderia pressionar os preços. Na ponta vendedora, a expectativa é que o atraso no plantio norte-americano reduziria a produção e a menor área cultivada no Brasil, com condições climáticas desfavoráveis poderia afetar a produção, situação que elevaria os preços”, explica Alves. 

Até o momento, as lavouras, em importantes regiões produtoras do país, apresentam boas condições, apesar dos problemas pontuais. E para que haja uma valorização nos preços do cereal no mercado interno, seria necessária uma modificação nesse quadro, como a ausência de chuvas no Mato Grosso, ou até mesmo, a possibilidade de geadas em algumas regiões do Paraná ou no Mato Grosso do Sul. 

“Algo assim poderia alavancar os preços, mas a tendência é de mercado equilibrado e não prevalecendo nenhuma das pontas, compradora ou vendedora. As cotações cainham para uma estabilidade para os próximos 4 a 5 meses”, acredita o pesquisador.

Desde o final do ano passado, as cotações do cereal já subiram em torno de 15% a 18% em algumas praças, frente às projeções que indicam uma redução na produção da safrinha. As projeções para a safra brasileira de milho ainda são divergentes, muitos analistas acreditam em uma produção ao redor de 70 até 76 milhões de toneladas, mas a expectativa é que esse número fique próximo de 74 até 75 milhões de toneladas, conforme relata o pesquisador. 

“E se as exportações brasileiras ficarem abaixo de 18 milhões de toneladas, pressionaria as cotações do grão. Porém, acima de 22 milhões de toneladas, enxugaria o mercado interno e impulsionaria os preços do cereal. Se o volume embarcado ficar próximo a 19 a 21 milhões de toneladas, manteria as cotações nos atuais patamares”, acredita Alves.

No ano anterior, as exportações de milho do país somaram 26 milhões de toneladas, situação que contribuiu para enxugar o mercado e manter o Brasil entre os principais exportadores do cereal no mundo. 

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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