Soja fecha com forte recuo, mas baixas no curto prazo são pontuais

Publicado em 03/06/2014 17:58 e atualizado em 03/06/2014 18:31

O mercado da soja registrou um dia de severas baixas no cenário internacional. Com perdas de dois dígitos nos primeiros vencimentos, as cotações fecharam a terça-feira (3) em campo negativo na Bolsa de Chicago, e o contrato julho ficou valendo US$ 14,81 por bushel. Já nas posições mais distantes, o recuo foi mais ameno. As perdas mais expressivas nos primeiros contratos foram acentuadas pelas rolagens de posições por parte dos fundos, que vendem as posições mais próximas e compram as mais curtas. O movimento, consequentemente, limitou o potencial de baixa dos vencimentos mais distantes. 

O avanço do plantio nos Estados Unidos, que no caso da soja já está concluído em 78% da área, tem evoluído em um ritmo muito rápido, com números que já mostram índices acima da média, se mostra como um dos principais fatores de pressão para as cotações nesse momento. 

Essa é, segundo analistas, uma pressão sazonal frente ao andamentos dos trabalhos de campo nos Estados Unidos e, com o passar das semanas, as informações do mercado climático deverão ganhar mais espaço e exercer uma influência ainda mais expressiva sobre as cotações, sobretudo na época de enchimento dos grãos no Meio-Oeste americano. 

Apesar do excesso de chuvas ter provocado um certo atraso no início do plantio nos Estados Unidos, o clima atual mais úmido tem agora contribuído para o bom desenvolvimento e germinação das lavouras, o que reforça ainda mais essas boas estimativas para a produção de grãos no país, segundo explicou a analista de mercado da FCStone, Ana Luiz Lodi.

"Assim como acontece no milho, as perspectivas para a safra de soja também são muito favoráveis. Apesar do clima mais frio no norte do país, a soja tem uma janela de plantio mais ampla do que o milho e, com isso, não deve haver uma perda de área", explicou a analista. 

Entretanto, apesar dessa intensa dinâmica e volatilidade do mercado, as cotações ainda permanecem sustentadas no curto prazo pelos fundamentos de oferta e demanda. 

"Se os preços começam a cair eles criam um risco de voltar a estimular a demanda e isso é inaceitável nos Estados Unidos pela atual situação do país. Então, eu acredito que o mercado não deva ceder mais ou entrar em uma espiral de baixa, as quedas, portanto, são pontuais", explica Vinícius Ito, analista de mercado da Jefferies Corretora, de Nova York. 

Além disso, para o analista de mercado Carlos Cogo, nem mesmo a rolagem de posições por parte dos investidores deixando o contrato julho e migrando para o novembro deverá tirar o suporte do primeiro vencimento, que se mantém sustentado por conta da situação dos estoques norte-americanos. 

Com isso, só de janeiro a abril, os Estados Unidos compraram do Brasil 247 mil toneladas de soja. "Não parece muito, mas eles são o quarto maior importador de soja do Brasil neste ano de 2014, coisa que não acontecia há mais de uma década. Isso é sinal de que eles estão buscando socorro no mercado brasileiro para atender o esmagamento em regiões específicas onde há a produção de suínos e aves", afirma Cogo.

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Veja ainda como fechou o mercado do milho nesta terça-feira:

Milho: Com expectativa de safra cheia nos EUA, mercado fecha pregão no menor patamar em 13 semanas

Por Fernanda Custódio

Na Bolsa de Chicago (CBOT), os futuros do milho fecharam o pregão desta terça-feira (3) em baixa. Durante os negócios, as principais posições da commodity ampliaram as perdas e terminaram a sessão com quedas entre 4,00 e 7,25 pontos. Os contratos atingiram os menores níveis em 13 semanas e o vencimento julho/14 caiu 1,5%, para US$ 4,58 por bushel.

O mercado reflete o bom desenvolvimento das lavouras de milho nos EUA e a expectativa de uma safra cheia no país. Conforme projeções do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), a produção norte-americana deverá totalizar 353,9 milhões de toneladas, apesar do recuo na área cultivada.

Nesta segunda-feira, o departamento reportou que 76% das lavouras do país estão em boas ou excelentes condições, o mais elevado para esta época do ano desde 2010. Cerca de 22% estão em situação regular e 2% apresentam condições ruins ou muito ruins. Números, que na visão da analista de mercado da FCStone, Ana Luiza Lodi, surpreendeu os participantes do mercado.

Já o plantio do cereal foi estimado em 95% da área projetada até o dia 2 de junho. Na última semana, o percentual era de 88%. O índice está acima do registrado no mesmo período do ano passado, de 90% e também da média dos últimos cinco anos, de 94%. 

Além disso, a agência internacional de notícias Bloomberg, divulgou nesta terça-feira que as chuvas deverão ser frequentes no Centro-Oeste do país essa semana, mantendo as condições de umidade favoráveis. Frente a esse cenário, as cotações do cereal recuaram em torno de 10% no mês anterior, com o plantio acelerado após o trabalho nos campos serem adiados pelas chuvas e o tempo frio no início da temporada. 

De acordo com o consultor de mercado, Carlos Cogo, as cotações futuras do cereal já perderam patamares importantes de suporte como US$ 4,80 e US$ 4,60 por bushel. Ainda assim, a analista destaca que a tendência é que as cotações operem em patamares mais baixos a curto e médio prazo. “Ainda pode acontecer muita coisa, mas, por enquanto esse é o cenário. Também é preciso olhar a demanda, como irão ficar as exportações norte-americanas do país e o consumo para etanol, para ver se os preços reagem”, explica Ana Luiza.

BMF&Bovespa

As cotações do cereal negociada na BMF&Bovespa também em campo negativo nesta terça-feira (3). A posição julho/14 era negociada a R$ 27,00.  No Porto de Paranaguá, as cotações recuaram de R$ 27,00 para R$ 26,50, desvalorização de 1,85%. A situação também se repete no mercado interno, as cotações praticadas estão mais baixas e, somente no mês de maio, algumas praças registraram quedas de 13,04%.

No mercado físico, os preços são pressionados pelo aumento na oferta, já que, observando as boas condições das lavouras de milho safrinha e também nos EUA, os produtores aumentaram as vendas da safra de verão. Por outro lado, a proximidade da colheita da segunda safra contribui para a pressão sobre os preços. Em algumas regiões produtoras, a colheita da segunda safra do grão já inicia nas próximas semanas.

Ainda segundo o consultor, não há como escapar dessa pressão baixista no mercado. “Temos preços mais baixos em Chicago, nos portos também e com grande volume da safrinha, as condições das plantas são boas, as vendas estão mais lentas. Não há como fugir dessa pressão nas cotações, especialmente nos meses de junho e julho”, explica. 

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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