Soja fecha o dia em queda na CBOT, mas se mantém estável no Brasil
Nesta terça-feira (19), os preços da soja encerraram o dia em terreno, predominantemente, negativo na Bolsa de Chicago. A exceção foi o primeiro vencimento - setembro/14 - que fechou a sessão subindo 4,75 pontos e cotado a US$ 11,20 por bushel.
Durante todo o pregão, os futuros da oleaginosa trabalharam no vermelho refletindo as boas e elevadas expectativas para a nova safra dos Estados Unidos. O esperado para a temporada 2014/15 é de que sejam colhidas mais de 103 milhões de toneladas até esse momento e, segundo analistas, o mercado mais pressionado e atuando em um novo patamar de preços já é um reflexo do efeito psicológico que a entrada desse novo produto terá sobre os negócios.
Enquanto que, ao menos no médio e longo prazo, as indicações apontam para pouco espaço de alta para as cotações da oleaginosa na Bolsa de Chicago, no Brasil, o mercado está descolado dos negócios no mercado internacional. Segundo explicou o consultor de mercado do SIM Consult, Liones Severo, esse quadro é reflexo dos bons prêmios que vêm sendo pagos nos portos brasileiros.
Em Paranaguá, por exemplo, para o vencimento setembro o prêmio subiu e passa agora a US$ 2,75 sobre o valor praticado na CBOT, e o dia terminou com o valor de R$ 66,50 por saca. Em Rio Grande, esse preço chegou a R$ 67,90 nesta terça-feira, com alta de 0,44%.
"Enquanto os preços do mercado físico forem governados pelos prêmios, não existe razão para alterações nos preços cotados na Bolsa de Chicago. O preço sobe para resgatar ofertas dos mercados produtivos e os preços baixos buscam equalização dos preços que os consumidores podem pagar. No caso presente, o resgate da oferta está por conta da valorização dos prêmios, agregando valores distantes dos preços de bolsa. O mais interessante deste fenômeno é de países produtores de buscar preços deprimidos, aqueles mesmos países que deveriam perseguir melhores preços para seus excedentes exportáveis, enquanto os mercados consumidores nunca reclamaram dos preços elevados pagos nos últimos sete anos, em nenhum tempo. Tanto é verdade que continuam praticando preços elevados nos mercados de consumo", afirma Liones Severo em um artigo no Notícias Agrícolas.
Além disso, o mercado observa ainda os produtores mais retraídos em suas vendas. Tantos nos Estados Unidos, quanto no Brasil e na Argentina, a comercialização acontece de forma mais contida nesse momento, com os produtores dos principais países exportadores aguardando melhores momentos de comercialização. Ao mesmo tempo, a oferta nesses países é ajustada e favorece e a formação dos preços no mercado interno, bem como uma demanda, tanto interna quanto para exportação, bastante aquecida.
"Até que se tenha um volume considerável da nova safra entrando no mercado, teremos uma situação de aperto na oferta no curto prazo. Por isso, vemos uma baixa mais acentuada nos vencimentos de mais longo prazo com essas perspectivas para a safra americana", afirma o analista de mercado da Cerrado Corretora, Mársio Antônio Ribeiro. "Os estoques brasileiros também são ajustados, as exportações estão aquecidas e isso segue como importantes fatores de suporte para as cotações", completa.
EUA: Clima favorável e boas perspectivas
O bom desenvolvimento das lavouras nos Estados Unidos vem refletindo o cenário climático favorável no Corn Belt. De acordo com o último boletim de acompanhamento de safras do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), o índice de lavouras em boas ou excelentes condições subiu, em uma semana, de 70 para 71% refletindo, justamente, essas boas condições de clima.
No último final de semana, boas chuvas chegaram à regiões que vinham sofrendo com um clima mais seco há alguns dias, afastando, ao menos por hora, qualquer ameaça climática à produção dessas áreas. Além disso, são esperadas novas chuvas para ainda essa semana, principalmente nas regiões norte e leste do Meio-Oeste americano. Para os próximos dias, são esperados 76mm de precipitações em importantes regiões de produção de soja.
De acordo com as primeiras informações do Crop Tour Pro Farmer - um percurso de avaliação feito por especialistas da consultoria pelos campos norte-americanos -, a estimativas para a produtividade norte-americana já estão ligeiramente acima da última projeção do USDA em seu último relatório mensal de oferta e demanda divulgado no dia 12 de agosto.
As estimativas do Crop Tour indicam o rendimento em algo entre 52,27 e 53,52 sacas por hectare, enquanto o departamento americano aposta em algo em torno de 51,47 sacas/ha. Em alguns estados como Ohio e Dakota do Sul com produtividade maior do que a registrada no ano passado.
No link abaixo, confira a íntegra do comentário de Liones Severo:
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