Soja: Preços sobem no Brasil e trabalham na casa dos R$ 60 nos portos

Publicado em 22/10/2014 16:29

Os preços da soja registraram, nesta quarta-feira (22), mais um dia de boas altas na Bolsa de Chicago e o vencimento maio/15, referência para a safra brasileira, chegou a superar, no melhor momento da sessão, os US$ 10,00 por bushel. Porém, o mercado fechou a sessão com pequenas baixas, de pouco mais de 1,50 ponto nos principais vencimentos, com o mercado passando por um movimento de realização de lucros. 

Após conseguir ganhos de mais de 17 pontos ao longo dos negócios, o mercado passou por um ajuste no final do pregão, segundo explicou o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. O mercado vem observando, ainda de acordo com o consultor, uma grande e expressiva presença dos fundos de investimentos, os quais aproveitaram as fortes altas observadas mais cedo para venderem algumas posições e realizar lucros. 

No mercado interno, os preços aproveitaram os bons momentos de alta em Chicago, e mais uma nova sessão de ganho do dólar frente ao real, para exibir melhores valores. No porto de Paranaguá, o preço da soja futura, com entrega maio/15, subiu 1,69% e fechou valendo R$ 60,00 por saca. No porto de Rio Grande, o dia encerrou com a oleaginosa valendo R$ 61,50 para o produto futuro, com alta de 1,65%, e registrando uma valorização de 1,61% no produto disponível que terminou os negócios a R$ 63,00. 

A alta da moeda norte-americana, nesta quarta-feira, foi de 0,15% e fechou a R$ 2,48. Em três dias, a alta acumulada é de quase 2%. Além disso, o mercado brasileiro conta ainda com prêmios positivos nos terminais nacionais, situação que se repete nos Estados Unidos, com produtores reticentes em vender em ambos os países. No porto de Paranaguá, o prêmio para o vencimento novembro/14 é de US$ 1,05 sobre o valor praticado em Chicago e, para maio/15, 60 cents de dólar. 

As variáveis que direcionam o mercado, entretanto, permanecem positivas, segundo o analista de mercado Steve Cachia, da Cerealpar. Os investidores seguem atentos ao andamento da colheita nos Estados Unidos que, apesar de um quadro climático mais favorável ainda está atrasado em relação à media dos últimos anos, e às incertezas climáticas na América do Sul. 

"Vínhamos de um processo longo de pressão sobre os preços em função da oferta. Com o clima perfeito nos EUA, os números de estimativa de produção estava sendo superados e as expectativas de abundantes estoques finais mundiais, mas, obviamente, esses fatores já foram precificados e, agora, o mercado começa a focar duas questões diferentes: o clima na América do Sul e o final de safra nos EUA com a colheita atrasada. Além disso, o mercado observa com ainda mais atenção o fator demanda", diz Cachia. 

Clima

Nos Estados Unidos, até o último domingo (20), havia 53% da área de soja já colhida, contra 66% da média dos últimos cinco anos e 61% do mesmo período de 2013. Apesar das chuvas excessivas terem dado uma trégua nos últimos dias, a área produtiva norte-americana é bastante extensa e as condições de clima não são as mais adequadas para os trabalhos de campo em todos os principais estados produtores. 

As previsões, entretanto, apontam para mais semanas de tempo seco no Corn Belt. "Os produtores estão ansiosos para retomar o ritmo da colheita no Meio-Oeste e essa semana devem fazer um bom progresso, já que esse clima mais seco deve se estender até o início da próxima semana. Temperaturas acima do normal que também estão previstas devem ajudar na secagem dos grãos e ajudar nos trabalhos de campo", acredita o analista de mercado e editor do site Farm Futures, Bob Burgdorfer. 

Para Vlamir Brandalizze, esse bom avanço da colheita, ao se confirmar, pode ser um limitante para novas altas. Apesar disso, não acredita que o mercado ainda conte com um espaço muito grande para novas altas já que, no Brasil, as condições de clima não favorecem o avanço do plantio da safra 2014/15. 

Apesar das chuvas que chegaram nos últimos dias, as quais foram pouco volumosas e localizadas, a semeadura da soja continua parada em quase todas as principais regiões produtoras do país e, caso essa situação persista, o aumento de área - que estava previsto para chegar a perto de 1,5 milhão de hectares - pode não se concretizar, ainda segundo o consultor da Brandalizze Consulting, o que também poderia atuar como um fator positivo para o andamento das cotações. 

De acordo com o meteorologista do Inmet, Marcelo Schneider, as chuvas regulares e de bons volumes só devem voltar às regiões produtoras de grãos a partir da última semana de outubro. Nesse final de semana, algumas regiões no Centro-Oeste do Brasil devem receber precipitações com um volume um pouco maior, entretanto, ainda irregulares. Veja a entrevista completa sobre as previsões de chuvas no link abaixo

>> Marcelo Schneider - Meteorologista do Inmet

Demanda

Ao mesmo tempo em que a colheita americana e o plantio brasileiro enfrentam problemas, a demanda continua crescendo e sem dar qualquer sinal de desaquecimento. Nesta segunda, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) anunciou a venda de mais de 500 mil toneladas de soja em grão para a China e destinos desconhecidos. 

Foram vendidas 419 mil toneladas da oleaginosa para a China e mais 113 mil toneladas a destinos não revelados, de acordo com o reporte do departamento norte-americano. A China é hoje a maior importadora mundial da soja e, até o último dia 9 de outubro, ainda de acordo com números do USDA, já havia adquirido 15,49 milhões de toneladas da safra 2014/15 dos Estados Unidos. 

Nesta quinta-feira (23), o departamento norte-americano traz seu novo boletim de vendas para exportação e os números devem mexer com o andamento dos preços. Até a última semana, o volume de soja comprometido da nova safra norte-americano já se aproximava de 30 milhões de toneladas, frente às 46,270 milhões estimadas pelo USDA para serem exportadas em todo o ano comercial 2014/15. Os embarques do país, ou seja, aquilo que efetivamente já saiu dos EUA, supera as 5 milhões de toneladas. 

"A demanda é forte, mas não o suficiente para anular os efeitos desse aumento forte na oferta mundial. Mas, com os preços começando a reagir, estamos sentindo que os compradores lá fora estão acelerando as compras, acreditanto que, se deixarem para fazer essas operações mais para frente, podem pagar patamares mais altos", explica Steve Cachia.

>> Entrevista com Steve Cachia | Cerealpar

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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