Soja disponível tem mais de R$ 60 no interior do Brasil com força da demanda

Publicado em 07/11/2014 13:08 e atualizado em 09/03/2020 09:56

Os preços da soja disponível no Brasil tem mostrado uma firmeza significativa nas últimas semanas. Com a oferta do produto da safra 2013/14 já muito ajustada, uma demanda interna muito aquecida e o mercado interno se descolando do futuro norte-americano, em algumas praças de comercialização no interior do país os valores chegam a estar acima da paridade de exportação. 

Segundo explicou o analista de mercado e economista da Granoeste Corretora, que fica em Cascavel, no oeste do Paraná, nem mesmo a queda registrada pelos preços da soja em algumas sessões desta semana na Bolsa de Chicago pressionaram os preços no interior, os quais seguem no mesmo nível. "Ou seja, os preços estão acima de paridade e sendo definidos pelas pressões locais e regionais de oferta e demanda", diz. 

Essa procura muito intensa e aquecida pela soja em grão se dá, entre outros fatores, pela demanda forte pelo farelo. O setor de carnes no Brasil - e no mundo - tem se mostra muito forte, os preços têm batido recorde em muitos locais e, com isso, a necessidade não só do subproduto da soja, mas também de milho, vem aumentando e trazendo um bom estímulo as cotações. 

A oferta mundial de carnes, especialmente a de suínos, passa por um momento severo de ajuste e, ao mesmo tempo, há uma procura cada vez maior por proteína animal. Nos países emergentes, como a China e outros do sudeste asiático - onde a demanda por farelo aumenta de 7 a 8% e 6 a 7% ao ano, respectivamente  - a renda da população vem crescendo e resultando em uma melhora de sua dieta, com produtos cada vez mais elaborados. 

E nesse quadro, o Brasil tem um papel bastante importante. Atualmente, o país é importante exportador de frango e suínos. De acordo com informações da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a receita com os embarques de carne de frango subiram 9,1% em outubro e, em volume, o aumento foi de 1,9%, para um total de 362,3 mil toneladas. Os embarques de carne suína, por sua vez, ampliaram sua receita em 39,6% para US$ 183 milhões. 

Os preços de ambos os produtos vêm exibindo uma reação bastante importante nos últimos meses diante desse cenário e, consequentemente, trazendo melhores margens aos produtores mesmo diante de custos de produção mais caros. No mercado do boi gordo, o momento também é bastante favorável. O indicador dos preços médios da Scot Consultoria desta sexta-feira (6) estava em R4 142,50/arroba e, na BM&F Bovespa, os futuros superam largamente esse valor. 

Dessa forma, o que se observa agora são as indústrias processadoras buscando garantir essas boas margens do esmagamento de soja e, para isso, tentam garantir também a matéria-prima. Segundo o último estudo feito pelo Cepea, na última semana de outubro, a margem de lucro das esmagadoras subiu para 25%, contra 12% há um ano. "As indústrias que estão mais voltadas para a exportação de farelo e óleo de soja - já que esse não é o momento mais forte para a exportação da soja em grão - sofrem um pouco mais com a oscilação do que acontece em Chicago e com a volatilidade do câmbio", explica Camilo Motter. 

Além disso, como explicou o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, esse é um período em que o setor de carnes e de rações está mais aquecido, uma vez que é esse é o momento dedicado à produção dos animais que serão consumidos nas festas de final de ano. 
Paralelamente, Brandalizze afirma ainda que há também uma demanda forte da indústria de biodiesel, maior do que em anos anteriores nesse período, já que foi elevado o percentual do produto na composição do diesel e a principal matéria para o biocombustível deverá ser o óleo de soja, pelo custom, qualidade e viabilidade. E, no final da noite desta quinta-feira (6), a Petrobras anunciou um aumento de 5% do diesel nas refinarias valendo a partir da 0 hora desta sexta-feira (7). 

Com os atuais preços que têm sido praticados no interior do país - de cerca de R$ 63,00 a R$ 64,00 na região de Cascavel, ou perto de R$ 65,00 em Ponta Grossa, por exemplo - o ritmo de negócios melhorou nas últimas semanas e alguns volumes estão sendo comercializados. "Muitos produtores ainda dispõem de bons volumes, mas enquanto persistirem as dúvidas sobre o impacto do clima sobre a nova safra brasileira, eles acompanham e participam aos poucos", relata o analista da Granoeste. 

EUA - Nos Estados Unidos, essa situação se repete e o movimento positivo para as cotações é favorecido ainda com alguns problemas de logística no país sendo observados, apesar de se tratar de uma situação pontual. 

Em outubro, os preços do farelo na Bolsa de Chicago passaram pelo mais forte rally de preços desde 1974 e os preços registraram patamares recordes. Segundo explicou o editor sênior do site norte-americano Farm Futures, Bryce Knorr, as indústrias processadoras de soja americanas estão em uma corrida para atender a demanda, principalmente do setor de rações que está muito aquecido, uma vez que os preços das carnes têm batido recordes em todo o mundo e a demanda por proteína animal está cada vez maior. 

"No curto prazo, os estoques ainda estão muito apertados. As plantas (processadoras de soja) não estão conseguindo alcançar a demanda. Se você é um consumidor final, tanto tentando conseguir soja quanto tentando embarcar farelo, ou até mesmo sendo um comprador do setor de rações, você vai ter que cobrir o risco de alguma forma", relata o editor. 

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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