Preços de soja e milho em Chicago já estão abaixo dos custos de produção nos EUA

Publicado em 27/08/2015 09:58

Os preços da soja e do milho praticados na Bolsa de Chicago já estão mais baixos do que os custos de produção praticados nos Estados Unidos nesta temporada 2015/16. As baixas dos últimos dias levaram as cotações da oleaginosa a perderem o patamar dos US$ 9,00 por bushel os do milho já atuam, há algum tempo, abaixo dos US$ 4,00. 

Enreretanto, uma pesquisa feita pela Universidade de Iowa mostra que os custos totais de produção da soja transgênica são de US$ 10,98 por bushel - com produtividade de 45 bu/ac - US$ 10,96 com produtividade de 50 bu/ac - e US$ 10,81 - com produtividade de 55 bu/ac. Se for considerado o valor em dólares por acre, os números ficam em US$ 494,18; US$ 547,80 e US$ 594,82, respectivamente. Uma consultoria privada norte-americana, por sua vez, estima esse valor em US$ 10,86 por bushel, projetando um rendimento de 50 bushels por acre. 

No caso do milho, ainda de acordo com a Universidade de Iowa, com produtividade de 160 bushels por acre, o custo total de produção estimado é de US$ 4,24; com 180 bu/ac, US$ 4,23 e com 200 bu/ac, US$ 4,17 por bushel. A consultoria, para o cereal, projeta US$ 4,00 por bushel diante de uma produtividade de 190 bushels por acre.

E com esse quadro, os negócios seguem travados nos Estados Unidos. Os atuais valores observados na Bolsa de Chicago mais os prêmios pagos no país são insuficientes para que os produtores norte-americanos sejam incentivados a voltar às vendas. "Para ter lucratividade nos EUA, os produtores terão que contar com uma produtividade elevada", disse um analista em entrevista ao Notícias Agrícolas.  

Na tabela abaixo seguem as produtividades estimadas para a soja e para o milho pelo Crop Tour Pro Farmer, realizado nos últimos dias:

Produtividade Soja e Milho EUA 2015 - Crop Tour 


Como explicou o editor do site internacional Farm Futures, Bob Burgdorfer, apenas alguns poucos produtores estão realizando algumas vendas com o objetivo de evitar o pagamento de algumas taxas mínimas de armazenagem de grãos nos terminais de embarque que começarão a ser cobradas a partir de 31 de agosto. Estas taxas - com um valor único de 20 a 22 cents de dólar por bushel aos grãos não vendidos ainda dentro dos silos - têm o objetivo de desocupar o espaço antes da entrada da nova colheita. 

Potencial Produtivo e Conclusão da Safra 

O consultor em agronegócios Michael Cordonnier voltou a revisar suas estimativas para a produção e a produtividade da safra 2015/16 dos Estados Unidos. Os números foram reportados pelo site internacional Pro Farmer. A colheita do milho foi estimada em 338,68 milhões de toneladas, enquanto a de soja em 103,7 milhões. Em seu último reporte mensal de oferta e demanda divulgado em 12 de agosto, os números vieram em, respectivamente, 347,64 milhões e 106,58 milhões de toneladas. 

Depois que "generosas chuvas" chegaram por todo o Corn Belt na úlatima, o rendimento da soja passou a ser de 52,17 sacas por hectare (46 bushels por acre) contra as 49,9 sacas/ha (44 bushels/acre) de sua última projeção, reportada na semana passada. No caso do milho, a estimativa do consultor ficou inalterada em 174,62 sacas por hectare (165 bushels por acre). 

Apesar de o clima na semana passada ter se mostrado benéfico, Cordonnier informou ainda uma preocupação com a umidade na região leste do Corn Belt. "As previsões indicam temperaturas mais amenas e tempo mais seco e, para a próxima semana, condições de tempo mais seco do que o normal e de temperaturas mais elevadas do que o normal", diz. 

"Assim, embora não haja um calor extremo na previsão, as condições de tempo mais quente do que o normal não serão as ideais para uma boa conclusão da soja. Há muitas lavouras mais tardias no leste do Corn Belt e o clima seco não será favorável para essa região", explica o consultor. 

De acordo com as últimas previsões do NOAA, o serviço oficial de clima do governo americano, indicou que a maior parte do Meio-Oeste dos EUA deve contar com uma clima um pouco mais seco até quinta-feira (27), porém, as ameaças são limitadas. 

No período dos próximos 6 a 10 dias, a previsão indica mais tempo quente, principalmente na metade leste do país até a próxima semana, com chuvas normais ou ligeiramente abaixo da média para essa época no Corn Belt.  

 

Chuva prevista nos EUA entre os dias 1 a 5 de setembro - Fonte: NOAA

Chuva prevista nos EUA entre os dias 1 a 5 de setembro - Fonte: NOAA

Temperatura prevista nos EUA entre os dias 1 a 5 de setembro - Fonte: NOAA

Temperatura prevista nos EUA entre os dias 1 a 5 de setembro - Fonte: NOAA

Uma equipe da Labhoro Corretora está nos Estados Unidos para mais um tour no Meio-Oeste e e um de seus analistas, que esteve no país em uma primeira edição do tour este ano, pôde afirmar que as lavouras de soja, no caminho de Illinois a Ohio, apresentam um elevado grau de recuperação de qualidade. "Obviamente, algumas áreas ficaram sem plantar, mas foram poucas. Sinal de que, mesmo fora do prazo, os produtores foram aos campos", informou a corretora em nota. 

A Labhoro relatou ainda que, em Indiana, as "lavouras se recuperaram sensivelmente e apresentam condições boas, após sofrerem, em julho, com o excesso de chuvas e até metade de agosto com chuvas abaixo da média". Já as plantações mais tardias ainda necessitam de algumas chuvas para completarem bem o seu ciclo, entretanto, também se mostram em boas condições. 

Também em Indiana, a corretora pôde apurar que as lavouras de milho estão entre boas e médias condições e o potencial de produtividade não é tão expressivo. Já no sul do estado, soja e milho têm condições muito boas e alto potencial de rendimento. 

Em Ohio, "o padrão da soja se assemelha ao de Indiana, porém, com o solo menos úmido".  Desse estado até a divisa com Indiana, a oleaginosa também exibe plantações em boa forma, com as plantas carregadas de vagens. Nessa região, o milho está quase concluído e apresenta elevada produtividade. 

No Sul de Illinois, as condições também são satisfatórias e apresentam elevado potencial de produtividade depois que as lavouras puderam se recuperar do excesso de precipitações registrado nos últimos meses. 

O mesmo pôde ser observado, ainda de acordo com os representantes da Labhoro Corretora, no estado do Missouri. "As chuvas abaixo da média sazonal do final de julho até metade de agosto permitiram a boa recuperação das áreas encharcadas e alagadas, fazendo com que o solo ficasse menos úmido, reduzindo assim os danos às plantas. A expectativa do nosso consultor sênior é que o 
padrão das lavouras ao sul será melhor que da área ao norte do estado". 

As imagens a seguir são da equipe da Labhoro Corretora que segue seu tour no Meio-Oeste americano.

Fotos Dia 1 – Lavouras em OhioFotos-Dia-1-–-Lavouras-em-Ohio---01

Fotos-Dia-1-–-Lavouras-em-Ohio---02
Fotos Dia 1 – Lavouras em Ohio - 4

Fotos Dia 2 – Lavouras no sul de IndianaFotos-Dia-2-–-Lavouras-no-sul-de-Indiana
 

Fotos Dia 3 – Lavouras em Indiana
Fotos-Dia-3-–-Lavouras-em-Indiana-01 - verticalFotos-Dia-3-–-Lavouras-em-Indiana-02 - vertical

Fotos Dia 3 – Lavouras em Indiana-4

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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2 comentários

  • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

    Ah tá! Então nos EUA, na conversão de cambio atual, custa R$ 4299,00 um ha de soja? As máquinas e implementos lá custam a metade do preço que custam no Brasil, eles tem uma logistica muito melhor e mais barata que o Brasil, o dólar forte torna as importações de adubo e insumos mais baratos e eles tem um custo de produção que é o dobro daqui do Brasil? Já estou quase pedindo para a Dilma ficar, ainda bem que tenho o costume da fazer contas. Fora Dilma.

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Sr. Rodrigo, escutei recentemente que todos os especialistas em economia no mundo, olham com muita atenção se o País analisado tem uma infraestrutura sustentável, se o País apresentar essa condição, ele estará bem menos susceptível as mazelas de crises econômicas ao redor do mundo. Nos EUA todos os rios "caminham" sentido Norte-Sul, indo desaguar no Oceano Atlântico, seu transporte fluvial desce os rios carregado de grãos. No Brasil temos três bacias hidrográficas em sentidos diferentes; uma rumo ao Sul (Bacia do Prata), outra ao Leste (Bacia do São Francisco) e, outra ao Norte (Bacia Amazônica), com uma variável relevante: FALTA DE INTERESSE EM BUSCA DE SOLUÇÕES !!!

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Citei somente o exemplo do transporte fluvial que além de não existir, há os pontos negativos com relação a navegabilidade. Quanto ao ferroviário é uma lastima e, o rodoviário está aí mais um problema. O quê falar da armazenagem? Somos o País da "fartura... farta tudo"!!!

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  • Vilson Ambrozi Chapadinha - MA

    Bem, a farra do dólar fraco acabou para os produtores americanos. Vão agora provar o veneno que nos enfraqueceu nos anos de valorização cambial. Basta a nos entender onde será o limite.

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