Soja: Preços disparam em Chicago e buscam os US$ 9,90 com clima adverso na América do Sul

Publicado em 19/04/2016 13:02

Os preços da soja dispararam no início da tarde desta terça-feira (19) na Bolsa de Chicago e, por volta de 12h20 (horário de Brasília), as altas passavam de 24 pontos nas posições mais negociadas. Dessa forma, os vencimentos mais distantes - julho/agosto/setembro - já buscavam os US$ 9,90 por bushel. O contrato maio/16, referência para a safra brasileira, vinha cotado a US$ 9,80. 

Novamente, uma junção de fatores positivos - alguns já conhecidos, outros novos - vieram dar estímulo às cotações neste pregão e um dos mais fortes, segundo explica a analista de mercado Andrea Cordeiro, da Labhoro Corretora, foram as novas vendas de soja em grão e farelo anunciadas hoje pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). 

Foram vendidas ainda 380 mil toneladas de soja para o México, sendo 47,5 mil da safra atual e mais 332,5 mil da nova temporada. E também para destinos não revelados foi anunciada a venda de 105,412 mil toneladas de farelo de soja. Da temporada 2015/16 foram 55,212 mil toneladas e, da 2016/17, 50,2 mil toneladas. 

"Os prêmios no Golfo do México e no Pacífico Norte estão mais atrativos para os importadores, a indústria americana está comprando e os produtores, que ainda não estão mergulhados nos trabalhos de plantio, estão aproveitando os bons momentos de preços e se mostram dispostos às vendas e assim, vão a mercado", explica Andrea. "Então, a demanda se volta para os EUA já que a competitividade do Brasil acaba ficando menor neste momento", completa. 

Ainda no foco dos investidores, o clima na América do Sul. No Brasil, faltam chuvas para concluir o ciclo da safra 2015/16 na região Matopiba - em função da atuação de um bloqueio atmosférico ma região Central do país, previsto para se estender, pelo menos, até o final desta semana - e na Argentina, o excesso de precipitações. 

No país vizinho, as perdas estimadas por conta de condições de muita umidade e inundações variam de 3 milhões até impressionantes 10 milhões de toneladas. A colheita, dentro deste contexto, está suspensa e já registra o maior atraso em 10 anos. Dia a dia, portanto, as lavouras vêm perdendo qualidade e os embarques, seja da soja em grão ou de seus derivados, também estão atrasados. 

O atraso na chegada dos três produtos, ainda de acordo com analistas internacionais, poderia estimular a demanda pelos produtos norte-americanos, já que reduz a competitividade argentina, mesmo que momentâneamente, e também favorecer o andamento dos preços em Chicago, o que já pôde ser observado nas vendas anunciadas nesta terça. 

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E as últimas previsões climáticas indicam a continuidade tanto do padrão de tempo firme e quente no Brasil e do excesso de chuvas nos demais países ao Sul da América Latina, como mostram os mapas abaixo. A situação, portanto, acaba estimulando as compras de fundos de investimento, que também contribuem para o avanço dos preços. 

Chuvas na América do Sul de 19 a 27 de abril

Chuvas na América do Sul de 27 de abril a 5 de maio

Preços no Brasil

Já no Brasil, os ganhos expressivos registrados na Bolsa de Chicago acabam sendo neutralizados pela baixa do dólar frente ao real. A alta nos preços do petróleo no exterior traz um humor melhor ao financeiro - e também ajudam as altas da soja em Chicago, a propósito - e deixam claro um dia de investidores com maior apetite ao risco. Interamente, os desdobramentos do processo do impeachment - aprovado na Câmara dos Deputados no último domingo (17) - e a ausência do Banco Central no mercado acabam pressionando a moeda. 

Dessa forma, por volta das 13h, a divisa perdia 1,50% e era negociada a R$ 3,543, limitando o potencial dos preços no mercado brasileiro. Em Rio Grande, a soja disponível era negociada a R$ 77,80 por saca, estável em relação ao fechamento desta segunda-feira, e o produto futuro, com embarque previsto para o ano que vem, tinha uma alta de 0,59% para ser negociado a R$ 85,00. 

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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