Soja: Mercado pode apresentar correção técnica nos próximos dias, por Miguel Biegai da OTCex Group

Publicado em 05/07/2017 07:49

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Bom dia. Mercado de soja na Bolsa de Chicago fechado desde segunda-feira de tarde, e abre novamente hoje as 10:30 horário de Brasília (15:30 da tarde aqui em Genebra, Suíça). Tentarei projetar o que pode ocorrer no pregão de hoje, embora essa seja uma missão espinhosa, e tudo o que eu escrever aqui pode ser desmentido por novas previsões climáticas que sejam atualizadas nas próximas horas.

Os dois últimos pregões (sexta e segunda-feira), foram dias de intensa alta na soja, muito motivada pelo relatório surpreendente do USDA e clima desfavorável no Noroeste, desencadeando desmontagem de posições vendidas dos fundos.

Explica-se: De acordo com o relatório CFTC, um órgão do governo americano que  monitora os mercados futuros americanos, os fundos estavam com uma imensa posição vendida em soja até o dia 27/06. Eles estavam com 73 mil contratos comprados contra 192 mil contratos vendidos. Ou seja, uma posição “líquida vendida” (net short) de quase 120 mil contratos. Os “hedgers” (produtores, industrias, etc) tem direcionamento contrário. Estavam com 332 mil contratos comprados e 256 mil contratos vendidos. Ou seja, uma posição líquida comprada de cerca de 76 mil contratos.

Ocorre que os fundos e os hedgers tem comportamentos diferentes. Enquanto que hedgers tendem a segurar mais suas posições, pois o objetivo é apenas travar margens de lucro, os fundos são conhecidos por mudarem de posicionamento quando percebem que o mercado está mudando de direcionamento.

Pois bem, o contrato de novembro/17, que é o driver de mercado na soja, subiu quase 60 pontos em dois pregões. No entanto, o volume de contratos em aberto no novembro reduziu-se em quase 20 mil contratos. A literatura de mercado nos diz que quando existe alta forte com redução de posições em aberto é porque os fundos literalmente torraram dinheiro. Ou seja, prejuízo grosso. Pra quem acha que os fundos só ganham dinheiro, saibam que de vez em quando eles perdem, e perdem muito. Os últimos dois dias provavelmente foram de perdas pesadas para alguns fundos. O resultado foi tão feio ( o pior em uma década) que o Goldman Sachs, um dos maiores fundos (se não for o maior), está pensando em rever toda a direção de sua carteira. Não só por causa da soja, estão levando perdas em várias outras commodities também, como trigo, milho, farelo, etc.

Só vamos saber o quanto os fundos reduziram suas posições vendidas na próxima sexta-feira, ao final da tarde. Mas o novembro perdeu uns 20 mil contratos em aberto, o setembro cerca de 8 mil. Se considerarmos que os hedgers devem ter aumento as compras (aumentando as posições em aberto gerais), então não é de se duvidar que os fundos tenham se livrado de uns 30 a 40 mil contratos vendidos. Curiosamente, o contrato de março/18 e maio/18 aumentaram posições em aberto. Também provavelmente por compras de hedgers.

Considerando que os fundos deram uma boa reduzida em suas posições, fica a pergunta se continuarão liquidando. A resposta está nas previsões climáticas e na demanda. As atenções estão focadas nas Dakotas, cujas chuvas que eram esperadas para esta terça-feira, mesmo sendo de baixa intensidade, acabaram sendo ainda mais fracas do que o estimado. Isso pode trazer suporte para o trigo primavera, disparado a cultura que mais vai ter problema com essa estiagem nos EUA.

Mas na soja, vários operadores acreditam que o mercado pode ter alguma realização nesta quarta-feira, o que seria normal depois de subir 60 pontos em dois dias. Faltando 3 horas e meia para o mercado abrir, tem comprador a US$ 975,00 e vendedor a US$ 975,50 na tela novembro/17. Ou seja, se não mudar nada até lá, o mercado abriria com 5 de baixa. Mas nessas 3 horas e meia, tudo pode acontecer, pois o mercado está em seu momento mais sensível do ano.

Graficamente, o contrato de novembro/17 está “devendo” uma correção técnica, e que pode acontecer nos próximos dias, se não surgir nada de novo no clima.

Gráfico Miguel Biegai

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Fonte:
OTCex Group Genebra

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