Soja: Demanda aquecida e prêmios altos impulsionam preços no interior

Publicado em 18/01/2018 08:03

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O ano de 2018 começa com um ajustado quadro de oferta e demanda no mercado brasileiro de soja e os atuais números ligados às projeções para a nova temporada já começam a impactar sobre os preços e poderiam trazer algumas oportunidades de venda para os produtores que estão com sua comercialização pouco adiantada. 

Após exportações recordes em 2017 - que ficaram em 68.154,5 milhões de toneladas -, de um aumento no consumo interno e de projeções que indicam dados fortes também para este ano, o Brasil começa com apertados estoques iniciais de 1,9 milhão de toneladas e a expectativa, ainda segundo dados da Conab, de estoques finais de menos de 500 mil toneladas. 

Soja - Estoque x Consumo

Na última segunda-feira (15), a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) trouxe dados das exportações de soja referentes ao período encerrado em 12 de janeiro e mostrou um volume de 693,5 mil toneladas, com uma média diária de 77,1 mil, ficando acima do registrado em janeiro passado. 

Os números mostram, para o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, que este pode ser um novo mês de resultados fortes para o mercado exportador. "São sinais de que, seguindo nesta linha, os números irão superar o recorde histórico de janeiro, que foi em 2012", diz. 

A estimativa, também da Conab, é de que as exportações brasileiras este ano totalizem pouco mais de 65 milhões de toneladas, enquanto consultorias privadas apostam em números maiores do que estes, diante da melhor qualidade do produto nacional e de uma competitividade que batalha melhor com a norte-americana nos últimos anos. 

Ao mesmo tempo, porém, este é um momento também de demanda interna forte. As indústrias locais têm tido de ofertar um prêmio para a soja para originar produto e garantir matéria-prima para o esmagamento. E com os baixos estoques também 'mal distribuídos', como explica o consultor em agronegócios Ênio Fernandes, da Terra Agronegócios, esses prêmios são ainda mais expressivos em locais onde a oferta ainda é mais restrita neste momento. 

"A colheita está lenta neste começo e isso puxa os prêmios, já que a oferta em alguns pontos é menor. As fábricas do Cerrado, por exemplo, vêm pagando entre US$ 1,20 e US$ 1,30 acima de Chicago, enquanto nas do Rio Grande do Sul de US$ 0,90 a US$ 1,10 e, nos portos, de US$ 0,78 a US$ 0,80 acima", diz Fernandes. 

Com esses números e mais o atraso da chegada da nova oferta - que ajuda na manutenção dos valores - o momento poderia ser interessante para o produtor que precisa de vendas, principalmente, para garantir renda para compromissos próximos.

"O mercado está mostrando, nos últimos meses, que o prêmio é o diferencial. Olho no prêmio, olho no dólar e muita atenção com os fretes. Em momentos de alta pressão de safra, os prêmios tendem a diminuir, os fretes a subir e pode minimizar as margens de alguns produtores", explica o consultor da Terra. 

Em praças de comercialização do interior de Mato Grosso, por exemplo, a valorização da oleaginosa tem sido bastante expressiva desde o início do ano. Desde o último dia 3, a saca de soja em Primavera do Leste subiu 7,72%, passando de R$ 57,00 para R$ 61,40, enquanto em Rondonópolis o avanço foi de R$ 2,98% passando de R$ 60,50 para R$ 62,30. 

Esse pode ser, entretanto, um movimento passageiro e de rápida duração, como alerta o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities. "Essa primeira soja colhida em Mato Grosso fica por lá mesmo, já que o interior paga melhor do que a exportação. Da segunda quinzena de janeiro ao final do mês, as indústrias começam a sair do mercado e o preço volta a ser da exportação", complementa o analista. 

Ele explica ainda que, apesar de haver uma projeção interessante de aumento no consumo interno, ao mesmo tempo o presente momento é de margens ajustadas para as indústrias esmagadoras brasileiras. "Essas margens estão ruins porque a soja está cara para a indústria e o farelo está barato", diz. Assim, é preciso estar atento a mais este fator na hora de planejar a comercialização. 

Na sequência, os trabalhos de colheita deverão se intensificar em todo o Brasil em meados de  fevereiro e, com uma entrada maior e mais efetiva da nova oferta, será importante que os produtores evitem novos negócios, já que a tendência é de que os preços fiquem ainda mais pressionados. 

"Depois de maio, temos toda a safra americana sendo plantada, o enchimento de grãos nos EUA e isso vai acontecer de junho a setembro. E outro ponto é que a eleição no Brasil é em outubro, e próximo da eleição os nervos dos investidores ficam a flor da pele, e podemos ter pressão de câmbio nessa data, com um mercado mais volátil", explica Ênio Fernandes. 

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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1 comentário

  • gilberto evaristo Kasper toledo - PR

    Sem contar que não haverá safra cheia... o oeste do Paraná todo terá uma quebra considerável, muitas lavouras em mal estado.

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    • Marcio Magarinos

      É de esperar pra ver o que que acontece.

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