Sem espaço, compradores se retraem e travam negócios com a soja na Bahia

Publicado em 24/04/2018 16:49

Soja em silo bag na Bahia

LOGO nalogo

Os produtores rurais do oeste da Bahia estão encontrando dificuldade para avançar com a comercialização da safra 2017/18 de soja. Os terminais locais das multnacionais não têm mais espaço para novos e já não aceitam mais a oleaginosa, nem mesmo dos sojicultores que já tem o produto negociado, como relatou o produtor local João Luiz Ryzick. 

"Não tem mais lugar para colocar soja na Bahia. 60% do oeste do estado está com a soja no chão ou em silo-bolsa. Nos terminais há filas de dois dias para descarregar um caminhão de soja", diz. "Isso nunca aconteceu por aqui e ainda não entendemos o que está acontecendo. Nos outros anos, os compradores iam a cada três dias na fazenda para conseguir soja, hoje não nos atendem nem no escritório", lamenta o sojicultor.

Soja armazenada em silo bolsa na Bahia - Abril 2018

Soja armazenada em silo bolsa na Bahia - Abril 2018

E em um ano em que a região recebeu chuvas intensas e excessivas, conta com uma soja mais úmida, que fica, portanto, mais difícil de ser armazenada, principalmente em silos-bolsa, onde também pode perder qualidade e, consequentemente, preço. 

Diante dessa oferta maior - e já alocada com os compradores - os preços estão cerca de 10% mais baixos do que a principal referência que sempre tiveram, que é o interior do Paraná, ainda como explicou Ryzik. Os principais indicativos neste momento, nas regiões próximas a Luís Eduardo Magalhães, é de R$ 68,50 por saca. 

Enquanto isso, em praças do estado paranaense como Castro, Cascavel e Ponta Grossa, os preços da soja balcão variam entre R$ 75,50 e R$ 76,50 por saca, e a oleaginosa disponível já bate em R$ 85,00. 

Soja armazenada em silo bolsa na Bahia - Abril 2018

Soja armazenada em silo bolsa na Bahia - Abril 2018


Imagens da fazenda Recreio de Laércio Tagliari Bortolin, próxima à cidade de Luís Eduardo Magalhães/BA 
 

Exportações do Brasil

No Brasil, a semana começou com negócios lentos e pontuais não só na Bahia, mas em todo o Brasil. Como explicou o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, "os portos brasileiros estão abarrotados de soja e os embarques devem continuar aquecidos nos próximos meses, mas com soja que já foi negociada. A semana começou com o ritmo lento dos negócios, ao contrário do que ocorria nas semanas anteriores onde muitos negócios estavam sendo comentados". 

Na última semana, de acordo com os últimos números da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil embarcou mais de 3 milhões de toneladas de soja, registrando a melhor semana do ano. No acumulado de abril, os embarques já somam 7.435,5 milhões de toneladas. 

"Lembrando que ainda temos 6 dias úteis para serem embarcados, com o mês fechando na próxima segunda-feira. Aí sim temos condições de colocar nos navios mais umas três milhões de toneladas ou pouco acima e passar das 10,5 milhões de toneladas embarcadas no mês. Se confirmada a projeção, este será um recorde histórico para o mês de abril", complementa Brandalizze.

O volume acumulado em 2018 é de 20.667,2 milhões de toneladas de soja até agora. 

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

1 comentário

  • Liones Severo Porto Alegre - RS

    O concentração das vendas de soja pelos produtores brasileiros em pequeno período, atenderam a demanda dos exportadores para a primeira rodada de embarques e processamento, causando exaustão logística dos dutos de escoamento (pipelines). Falta a percepção que o mercado precisa de tempo para despachar essa soja negociada tanto no tempo físico como nas posições vendidas na CBOT, ou seja, as vendas precisam ser diluídas no tempo porque os navios e as indústrias precisam do desempenho do consumo que é parcimonioso e desenvolve no tempo físico. O mercado de derivativos (papel) despreza essa natureza dessas etapas do produto físico.

    1