Soja tem dia técnico em Chicago, sem novidades, mas preços sobem nos portos do BR nesta 5ª

Publicado em 04/10/2018 17:19

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O dia foi de estabilidade para os preços da soja na Bolsa de Chicago e de cautela para os traders nesta quinta-feira (4) e, assim, os preços terminaram o dia com tímidas baixas de pouco mais de 2 pontos entre as principais posições. O vencimento novembro/18, que é o mais negociado agora, ficou em US$ 8,59 por bushel. O maio/19, referência para a nova safra do Brasil, ficou em US$ 8,99. 

O mercado carece de novas informações para se posicionar de forma mais agressiva neste momento, mesmo diante das preocupações com as chuvas em excesso que chegam ao Meio-Oeste dos Estados Unidos e já comprometem o ritmo dos trabalhos de colheita. 

"O ritmo de colheita nos EUA segue bom, mas os mapas climáticos mostram chuvas, até a primeira quinzena de outubro, excessivas para o Centro-Norte do Cinturão. Assim, por mais que haja a limitação das altas em Chicago por uma falta de acordo entre China e EUA, há um potencial da ameaça da oferta total dos EUA em função das chuvas excessivas", explica o analista de mercado da AgResource Mercosul (ARC), Matheus Pereira. 

Caso esses problemas se confirmem e se efetivem, em função das adversidades climáticas, novas altas podem ser registradas na CBOT. 

Ainda segundo o executivo, desde que foi iniciada a disputa comercial entre China e Estados Unidos foi iniciada e a demanda da nação asiática esteve cada vez mais direcionada á América do Sul, outro grande direcionador dos preços em Chicago tem sido o andamento do consumo interno de soja nos EUA. Com boas margens, o esmagamento cresceu muito no país e tem ajudado a dar algum suporte às cotações. 

"A demanda doméstica nos Estados Unidos continua aquecida e a CBOT hoje precifica muito mais um mercado interno do que externo em nível global. Se essas chuvas realmente se confirme e se observe qualquer prejuízo da produção total dos EUA teremos novas altas sendo precificadas na CBOT", diz. 

Ainda nesta quinta-feira, embora não tenha dado força para altas, os números das vendas semanais norte-americanas para exportação vieram fortes e motivaram um suporte das cotações em Chicago. 

Na semana encerrada em 27 de setembro, os EUA venderam 1.521,2 milhão de toneladas da oleaginosa, enquanto os traders esperavam algo entre 900 mil e 1,5 milhão de toneladas. O maior comprador na semana foi o México. No acumulado da temporada, as vendas americanas de soja já somam 20.188,5 milhões de toneladas, abaixo do mesmo período do ano passado, quando o total passava de 23 milhões. 

As últimas previsões do NOAA, o serviço oficial de clima do governo norte-americano, mostra que de hoje a 11 de outubro, o Corn Belt poderia receber volumes de até 101,6 mm de chuvas.

Mercado Nacional

No Brasil, os preços voltaram a subir nos portos nesta quinta-feira. A leve alta do dólar frente ao real deu espaço à recuperação, ao lado das movimentações limitadas em Chicago, e os ganhos passaram de 1%. 

No terminal de Paranaguá, a soja da safra nova fechou com alta de 1,19% e valendo R$ 85,00 por saca. Já o produto disponível permaneceu estável nos R$ 95,00. Em Rio Grande, R$ 94,50 no disponível e R$ 96,50 para novembro, com altas de 0,53% e 1,05%, respectivamente. 

No interior, por outro lado, os preços cederam em algumas praças de comercialização,como Tangará da Serra, em Mato Grosso, onde a última referência ficou em R$ 74,00, com uma baixa de 2,63%, ou em Campo Novo do Parecis, a R$ 73,00 a saca e queda de 2,67%. 

Os negócios nesta semana têm sido mais escassos, uma vez que trata-se de uma semana volátil para o câmbio em função do primeiro turno das eleições presidenciais que acontece neste domingo (7). Nesta quinta, depois de trabalhar o dia todo em campo negativo, perdendo mais de 1%, a divisa corrigiu e fechou em alta. 

"O mercado continua bem-humorado com o resultado das pesquisas...surgiu espaço para correção técnica", comentou o superintendente da Correparti Corretora, Ricardo Gomes da Silva à Reuters, ao citar que o exterior ajudou no movimento, bem como o Ibope sem novidades.

Assim, o dólar fechou a sessão com 0,22% de alta e sendo cotado a R$ 3,8960 nesta quinta. 

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Além da espera por uma melhor definição do cenário político e financeiro, o produtor brasileiro está focado ainda nos trabalhos de campo da safra 2018/19. O plantio apresenta um ritmo recorde e, de acordo com números da AgResource Mercosul (ARC), já são 13,2% da área plantada em todo o Brasil, contra 6,2% do mesmo período do ano passado. Quem lidera a semeadura é o Paraná, que tem 42% do plantio concluído, seguido pelo Mato Grosso, com 13,5%. 

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>> Com ritmo recorde, Brasil já tem mais de 13% da área de soja da safra 2018/19 plantada, diz AgResource Mercosul

Compradores de soja e milho do Brasil se retraem com queda do dólar, diz Cepea

SÃO PAULO (Reuters) - Compradores de soja e milho do Brasil estão mais retraídos nesta semana, de olho na queda do dólar ante o real em reação a pesquisas eleitorais, apostando que novos recuos da moeda norte-americana possam lhes trazer negócios a preços mais baixos, avaliou nesta quinta-feira um pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

"Essas oscilações afastam negócios, especialmente no médio prazo... Outro aspecto... dessa vez foram os compradores que se afastaram, apostando em queda mais intensa na taxa de câmbio", disse Lucílio Alves, também professor da Esalq/USP, lembrando da relação direta da paridade de exportação com o preço no mercado físico brasileiro.

Considerando a cotação do dólar nesta tarde, em torno de 3,93 reais, o preço referencial da oleaginosa no Brasil caiu menos do que se desvalorizou a moeda norte-americana desde 13 de setembro, quando o câmbio foi o maior da história do Plano Real (1 dólar para 4,1957 reais).

No período, o dólar caiu mais de 6 por cento, enquanto a soja, segundo o indicador Esalq/BM&FBovespa, recuou cerca de 3 por cento, para aproximadamente 94 reais por saca, com os prêmios pagos pelo grão brasileiro na exportação evitando recuos mais expressivos na cotação.

Com a China comprando fortemente a soja brasileira neste ano, enquanto taxa o produto dos Estados Unidos em 25 por cento desde julho, as cotações no Brasil, maior exportador global, estão em níveis próximos de recordes.

Além disso, quase não há produto disponível para venda neste período de entressafra.

Os negócios, no caso da soja, estão concentrados mais nas vendas para entrega futura da safra que deve começar a ser colhida entre o final de dezembro e início de janeiro no Brasil.

"Agora é a vez do comprador", comentou Alves, lembrando que as vendas da nova safra avançaram bastante quando os produtores estavam aproveitando as cotações do dólar acima de 4 reais.

"Se pegar soja e milho, os novos contratos pararam, a liquidez interna também parou, somente compradores com mais urgência aparecem, e é isso que estamos vendo esta semana", comentou ele, ressaltando que isso também tem paralelo no mercado de algodão.

Na última terça-feira, o dólar teve a maior queda diária em três meses e meio.

Ele disse que a cotação do dólar mais fraca também pode interferir nos embarques de milho, realizados normalmente com mais força na segunda metade do ano.

(Por Roberto Samora)

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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