Exportação de soja do Brasil deve superar marca de 80 mi t em 2018, aponta mercado

Publicado em 12/11/2018 17:28
Por Roberto Samora e José Roberto Gomes, da Reuters

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SÃO PAULO (Reuters) - As exportações de soja do Brasil deverão superar em 2018 a marca de 80 milhões de toneladas, ante 68 milhões de toneladas no ano passado, com os embarques do país se mantendo fortes em função da demanda da China, de acordo com dados da programação de navios nos portos e de um negociante.

Em disputa comercial com os Estados Unidos, a China voltou-se para o Brasil, maior exportador global de soja, após taxar o produto norte-americano em meados do ano.

A exportação de soja do Brasil no acumulado do ano até a segunda semana de novembro somou 76,4 milhões de toneladas, segundo dados do governo brasileiro.

Até o dia 5 de dezembro, o Brasil deverá embarcar mais 3,2 milhões de toneladas, conforme dados de line-up de navios da agência Williams, volume que considera exportações a partir desta segunda-feira.

O volume de exportação esperada para o ano supera as estimativas da associação da indústria de soja Abiove, que na semana passada revisou para cima seus números de vendas externas em 2018 para 79 milhões de toneladas da oleaginosa.

Na avaliação do presidente da originadora de grãos Agribrasil, Frederico Humberg, o país conseguirá exportar ainda mais em 2018, ou algo entre 82 milhões e 83 milhões de toneladas.

Humberg, que está em viagem de negócios pela China, afirmou que o Brasil conseguirá elevar mais seus embarques neste final de ano por conta de estoques maiores que os estimados, além de uma colheita em 2018 superior às previsões.

Pelos dados da Agribrasil, as exportações no ano até 1º de novembro já tinham atingido 76 milhões de toneladas, um volume maior do que o visto até aquela data pelo governo brasileiro (74,5 milhões de toneladas).

"Já exportamos 76 milhões e tem mais 4,2 milhões de toneladas programados em navios na fila pra carregar (até o fim de novembro). Ou seja, o Brasil deve exportar este ano cerca de 82 a 83 milhões de toneladas! Recorde absoluto!", afirmou ele à Reuters.

Os volumes de exportação obtidos no mercado consideram o total efetivamente embarcado, diferentemente do governo, o que pode explicar a diferença.

Humberg não descartou que, diante dos forte embarques que reduzem a oferta da oleaginosa do Brasil, o país acabe importando alguns volumes adicionais para ser processado pela indústria nacional, até a chegada da nova safra, esperada para a segunda quinzena de dezembro.

Brasil negocia com China habilitação de unidades para exportação de farelo de soja

SÃO PAULO (Reuters) - Uma missão do governo do Brasil e de integrantes do setor privado esteve na China na última semana para negociar a habilitação de unidades brasileiras produtoras de farelo de soja, visando a exportação do derivado da oleaginosa ao gigante asiático, disse o presidente da associação Abiove nesta segunda-feira.

O processo de habilitação é um primeiro passo para o Brasil poder exportar, no futuro, farelo de soja para a China, que atualmente concentra suas importações no grão brasileiro.

Para os chineses, argumenta a Abiove, que representa as principais empresas do setor, seria importante contar com uma oferta adicional do país sul-americano, especialmente neste momento em que Pequim está em guerra comercial com os Estados Unidos.

Atualmente, cerca de 80 por cento da soja exportada pelo Brasil vai para a China, que por questões de políticas internas e de segurança alimentar quer processar o grão internamente.

Com eventuais embarques de farelo de soja, o Brasil conseguiria diversificar suas exportações à China, ao mesmo tempo em que garantiria bom mercado para o derivado, cuja oferta tende a crescer com o aumento do esmagamento da oleaginosa para a produção de biodiesel, cuja mistura no diesel vai aumentar no próximo ano.

"Querer exportar farelo para a China é uma coisa totalmente nova... É um processo de ir acostumando o governo chinês com a ideia de que nós temos interesse em vender farelo para eles. A China não compra farelo, ela esmaga toda a soja e produz o farelo localmente", disse à Reuters André Nassar, presidente da Abiove, que integrou a missão à China na última semana.

Segundo ele, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, voltou a tocar no assunto com representantes do governo da China.

"O nosso processo é devagar, tem que dizer para os chineses que temos interesse... O Blairo falou isso novamente... o Brasil vender farelo é importante neste momento em que a China está em contencioso com os EUA, tem todo um racional que tem que ser construído", acrescentou Nassar.

Ele disse ainda que o Brasil está tentando aprofundar as relações comerciais com a China, mostrando que a compra de farelo do Brasil seria uma contrapartida importante para uma indústria que abastece o mercado chinês com grão.

Nassar não quis estipular um prazo para o Brasil eventualmente conseguir exportar farelo aos chineses.

"Não teve grandes conclusões do meu assunto."

Segundo ele, a habilitação das unidades produtoras pela China teria que ser obtida antes de o Brasil começar a negociar uma cota para exportar farelo em melhores condições tarifárias.

"Não adianta muito discutir cota enquanto não tiver sinalização positiva do governo chinês sobre a autorização das plantas."

Contudo, mesmo uma tarifa de 5 por cento para a importação de farelo de soja imposta pela China não seria impeditivo para o Brasil exportar aos chineses, segundo Nassar, até porque a taxa sobre importação de óleo de soja é de 9 por cento e ainda assim as empresas brasileiras conseguem vender o produto.

No ano passado, a China importou 335 mil toneladas de óleo de soja do Brasil, segundo dados do governo.

"Não é uma questão de potencial, é mais diversificar, adicionaria valor nas exportações, isso geraria mais investimento em esmagamento, e temos o biodiesel que está crescendo a demanda, falta a ponta do farelo para estimular mais", completou Nassar.

Ele disse que o Brasil não quer inundar o mercado chinês de farelo, mas complementar a demanda chinesa em momentos como o atual, no qual a China está em disputa comercial com os Estados Unidos e reduziu compras do grão norte-americano.

A compra de mais farelo poderia eventualmente reduzir a pressão de preços sobre a soja em grão no Brasil, uma vez que os chineses poderiam fazer uma parte dos negócios em farelo.

Vendas de soja de MT avançam pouco por queda do dólar, diz Imea

SÃO PAULO (Reuters) - A comercialização da soja em Mato Grosso, maior produtor brasileiro da oleaginosa, avançou apenas 1,86 ponto percentual no último mês, para 35,73 por cento do total previsto na temporada 2018/19, com a queda do dólar frente ao real, informou nesta segunda-feira o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).

As vendas antecipadas de soja da safra que está sendo plantada, que vinham fortes, passaram a ficar abaixo da média para esta época (38,32 por cento), segundo dados levantados até o início de novembro.

Mas as vendas ainda estão mais avançadas na comparação com o ritmo verificado (para a safra passada) nesta época em 2017 (32,8 por cento).

A comercialização da safra velha atingiu 97,32 por cento do total previsto, representando um avanço de 1,56 ponto percentual em relação ao mês de outubro.

"Nesse cenário, a justificativa para o baixo avanço na comercialização é dada, principalmente, pela queda nas cotações do dólar, pelo foco dos produtores nas lavouras devido à reta final da semeadura e, também, pelo tabelamento do frete, que segue influenciando na logística da soja no Estado", afirmou o Imea em nota.

Dessa forma, o preço médio mensal de comercialização foi de 68,64 reais/saca para a safra 17/18 e de 65,40 reais/saca para a 18/19.

"Para os próximos meses o dólar continua como principal vetor de negócios, mas atenção também à Cúpula do G20 no final do mês, que pode trazer novidades quanto à disputa comercial entre EUA e China e alterar este cenário", apontou o Imea.

As vendas de milho da safra 2018/19, a ser colhida no ano que vem, avançaram quase 4 pontos percentuais, para 33,45 por cento.

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Fonte:
Reuters

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