Com safra de soja adiantada, país pode ter maior custo com ferrugem, diz pesquisadora

Publicado em 16/11/2018 14:46
Por Roberto Samora, da Reuters

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SÃO PAULO (Reuters) - O Brasil tem visto focos do fungo da ferrugem asiática da soja em maior número e mais cedo neste ano, na esteira do plantio da oleaginosa mais rápido da história, o que indica a possibilidade de maiores custos para produtores controlarem a doença na safra 2018/19, disse uma pesquisadora da Embrapa.

Além disso, diante de uma maior presença da doença, o setor pode ficar mais sujeito a perdas pela ferrugem, caso erre nas aplicações, acrescentou a pesquisadora Claudine Seixas, da unidade especializada em soja da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, em Londrina (PR).

A ferrugem da soja é a doença que mais exige investimentos dos agricultores. Ao todo, o custo com o fungo gira em torno de 2 bilhões de dólares por ano, sendo a maior parte em gastos com aplicações de fungicidas e uma fatia menor de perdas de produtividade.

"Este talvez seja um ano em que o gasto seja maior. Com a doença chegando mais cedo, corre-se o risco de ter um pouco mais de perda, mas são só hipóteses", declarou Claudine à Reuters, por telefone.

Até o momento, o chamado consórcio antiferrugem, uma parceria público-privada que envolve pesquisadores, já registrou 17 focos da ferrugem em áreas de cultivo comerciais, enquanto no mesmo período do ano passado havia somente uma ocorrência.

A maior pressão da ferrugem no Brasil, maior exportador mundial, acontece em uma safra em que os Estados do Sul estão sendo atingidos por mais chuvas, em meio indicações de desenvolvimento do fenômeno climático El Niño, que traz mais umidade para tais regiões.

O fungo avança com mais facilidade em anos mais chuvosos e quentes. No ano passado, ao contrário, a semeadura foi mais lenta especialmente no Paraná, segundo Estado produtor brasileiro, por conta de uma seca em setembro.

Este ano, ao contrário, choveu bem mais cedo e depois as chuvas foram muito acima da média também em outubro. Foi tanta umidade que houve até uma reversão no ritmo de plantio, que passou a ficar mais lento.

"Tivemos bastantes chuvas, o que favorece o fungo. Iniciamos a safra chuvosa, e quem conseguiu semear no intervalo das chuvas, conseguiu semear bem cedo... Se pensar em época do ano, em termos de data, foi a ferrugem que tivemos mais cedo. Nunca tivemos ocorrência (do fungo) em área comercial tão cedo no Paraná", destacou Claudine.

Ela explicou que, com o plantio de soja precoce este ano, de maneira geral a ferrugem apareceu em fases mais adiantadas das lavouras, quando ela costuma mesmo surgir.

E alerta para possível maior pressão do fungo, com a "desuniformidade" na semeadura. Enquanto alguns produtores começaram muito cedo, em setembro, outros ainda estão plantando.

"Isso acaba não sendo muito favorável, ela (ferrugem) já está produzindo inóculo do fungo para as regiões que semeiam mais tarde", comentou a pesquisadora.

Esse cenário de mais focos também dependerá das condições climáticas ao longo da safra. "Depende muito do clima, se houver um veranico (tempo mais seco), se não favorece a soja, desfavorece a ferrugem também."

Para a segunda quinzena de novembro, as condições climáticas devem seguir favoráveis para o disseminação do fungo na maior parte do país, cujas principais áreas agrícolas devem receber chuvas acima da média.

No Paraná, que concentra os casos de ferrugem, com 13 focos, as precipitações ficarão praticamente dentro da média em parte do Estado e acima do histórico em outros, até o final do mês, de acordo com dados do Agriculture Weather Dashboard, do Refinitiv Eikon.

A pesquisadora disse ainda que os produtores deverão ficar atentos ao aparecimento da doença, para realizar as aplicações logo que surgir.

"Uma safra como esta, em que ela apareceu mais cedo, pode ter pego o agricultor desprevenido. A primeira aplicação é de fato muito importante, e não é fácil acertar o momento."

Dessa forma, ela comentou que é importante que o produtor não queira "calenderizar" as aplicações, quando faz o trabalho apenas com base na fase da lavoura ou do período do ano.

"O fungo é muito agressivo, o ciclo da doença é muito rápido, o ideal é pegar bem no comecinho..."

Com o plantio já caminhando para a parte final dos trabalhos no Brasil, o mercado em geral aposta em uma safra recorde superior a 120 milhões de toneladas, um volume levemente acima do esperado pelo governo.

O plantio da soja 2018/19 no Brasil chegou a 82 por cento da área total até quinta-feira, avanço de 11 pontos percentuais ante a semana passada, mantendo o ritmo como o mais rápido já registrado, disse a AgRural nesta sexta-feira.

A safra está à frente dos 73 por cento no ano passado e dos 67 por cento na média de cinco anos, segundo a consultoria.

(Por Roberto Samora, da Reutres)

Paraná tem quase um novo foco de ferrugem asiática por dia

Com as chuvas, as folhas molhadas das plantas favorecem a germinação e penetração dos esporos do fungo Phakopsora pachyrhizi (relato da Expedição Safra, da Gazeta do Povo)
 

"Desde que foi registrado o primeiro foco de ferrugem asiática em lavoura comercial de soja no país, dia 31 de outubro no município paranaense de Porto Mendes, novos registros da doença têm aparecido em ritmo quase diário, principalmente no Paraná.

Segundo dados do Consórcio Antiferrugem, já são hoje 14 focos detectados nesta safra 2018/19: dois em São Paulo, um em Santa Catarina e onze no Paraná (Mariópolis, São Pedro do Iguaçu, Marechal Cândido Rondon, Nova Santa Rosa, Nova Cantu, Ubiratã, Juranda, Campo Mourão, Peabiru, São João do Ivaí e Jaguariaíva).

O primeiro foco foi detectado no último dia de outubro. Desde então, a incidência da doença tem crescido rapidamente e em pontos bem distribuídos. A pesquisadora Cláudia Godoy, da Embrapa Soja, aponta que a maioria das lavouras com ferrugem foram semeadas no início de setembro e encontram-se com o dossel fechado (12 lavouras estão em fase de desenvolvimento R1 e uma em V8).

“O problema é que as chuvas atrasaram as semeaduras e temos soja em várias fases de desenvolvimento e, em algumas regiões, ainda estão semeando soja. Por isso, é preciso atenção para não perder o controle nessas primeiras áreas que podem gerar grande quantidade de inóculo para lavouras que ainda estão sendo semeadas”, alerta a pesquisadora.

Até agora, o ambiente tem sido favorável para a infecção do fungo, com presença de molhamento foliar. A orientação de Godoy é para o início do controle de proteção nas regiões onde há registro da ferrugem que apresentam lavouras em fase de fechamento.

“As chuvas frequentes que favorecem a doença, muitas vezes, impedem a aplicação de fungicidas no momento ideal”, diz a pesquisadora. “E é importante manter a lavoura protegida, uma vez que a eficiência curativa dos fungicidas atualmente disponíveis é baixa”, alerta.

No ano passado, o consórcio antiferrugem detectou 642 focos de ferrugem asiática da soja no Brasil. O estado com maior incidência foi o Rio Grande do Sul (125), seguido por Mato Grosso (114) e Paraná (113). A ferrugem é a principal doença da cultura da soja e, devido à adaptação do fungo, tem havido uma contínua redução da eficiência dos produtos químicos para combatê-la. A doença, que chegou ao Brasil em 2001, pode causar perdas de produtividade de 10% a 90%.

Cláudia Godoy orienta os produtores a consultarem os resultados de eficiência dos fungicidas para o controle da ferrugem e utilizar os multissítios para aumentar a eficiência das aplicações. Consulte a publicação: Eficiência de fungicidas para o controle da ferrugem-asiática da soja, Phakopsora pachyrhizi, na safra 2017/2018: resultados sumarizados dos ensaios cooperativos."

Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/agronegocio/expedicoes/expedicao-safra/2018-2019.
 

Chuva de novembro já superou a média em Brasília

Por Josélia Pegorim, da Climatempo

Desde o início de novembro, a região de Brasília pancadas de chuva moderadas a fortes quase todos os dias. Pelas observações do Instituto Nacional de Meteorologia só houve registro de alguma chuva entre os dias 4 e 5. Choveu forte no feriado de 15 de novembro e o acumulado entre 10 horas do dia 15 e 10 horas do dia 16 foi de 30,4 mm.

O total acumulado desde o início do mês até 10h do dia de 16 de novembro foi de 269,5 mm, segundo o INMET, que representam 19% de precipitação acima da média de chuva normal para novembro em Brasília,  que é de aproximadamente 227 mm, considerando a média calculada pelo INMET para o período de 1981 a 2010..

Com este volume acumulado em 16 dias, novembro de 2018 já está entre os 6 mais chuvosos desde 2010 a capital federal desde 2008. Mas novembro de 2018 poderá subir um pouco mais neste ranking porque as pancada de chuva vão continuar frequentes até o fim do mês e há risco de mais chuva forte e volumosa até o dia 21 de novembro.

Os mapas de previsão sinalizam chuva também para a próxima semana em todas as regiões produtoras do Brasil, desde o Rio Grande do Sul até o Maranhão. A tendência é que as condições se mantenham bastante favoráveis ao desenvolvimento das lavouras, bem como ao plantio e tratos culturais.

Apenas os trabalhos de colheita é que deverão sofrer interrupções. Ou seja, o clima esse ano – pelo menos até o final do ano, está se mostrando espetacular a produção nacional, sejam de grãos, como soja e milho, como para as perenes, como café, cana de açúcar, laranja e demais frutíferas.  

Confira a previsão para o Centro-Oeste para os próximos dias.

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Foto de Jean Claude, Brasília (DF)

Total de precipitação em novembro em Brasília,  de 2018 a 2010

Totais mensais de 2010 a 2018

Fonte: INMET

2012

444,6 mm

2011

333,8 mm

2017

321,4 mm

2013

278,8 mm

2008

271,0 mm

2018 (até dia 10h de 16/11)

269,5 mm

2010

254,5 mm

2016

228,4 mm

2009

199,1 mm

2014

192,1 mm

2015

167,8 mm

Os mapas de previsão sinalizam chuva também para a próxima semana em todas as regiões produtoras do Brasil, desde o Rio Grande do Sul até o Maranhão. A tendência é que as condições se mantenham bastante favoráveis ao desenvolvimento das lavouras, bem como ao plantio e tratos culturais. Apenas os trabalhos de colheita é que deverão sofrer interrupções. Ou seja, o clima esse ano – pelo menos até o final do ano, está se mostrando espetacular a produção nacional, sejam de grãos, como soja e milho, como para as perenes, como café, cana de açúcar, laranja e demais frutíferas.  

 

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Fonte:
Reuters/Gazeta do Povo

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