Mercado internacional da soja espera por resultados de nova reunião entre EUA e China

Publicado em 30/01/2019 15:25

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Neste 30 de janeiro, em Washington, recomeçam as conversas entre China e Estados Unidos em torno de suas relações comerciais e reacendem as expectativas do mercado de um acordo. O período de trégua firmado entre os dois países na última reunião do G20, em dezembro último, termina em 1º de março e ainda não se conhece mais detalhes sobre o avanço das negociações entre as duas maiores economias do mundo. 

Embora o mercado já esteja exausto de trabalhar com rumores que não se confirmam em nenhuma esfera, todos seus olhos estão voltados para este encontro e para as informações que saiam dele, mesmo que venham de forma ainda limitada. Apesar disso, as apostas sobre o que pode acontecer são bem mais comedidas do que em reuniões anteriores. 

"Todos já entenderam muito bem que quando se trata de política tudo é muito imprevisível, mas quando se trata de política com o fator Trump no meio é algo que fica ainda mais difícil prever alguma coisa concreta", explica o diretor da ARC Mercosul, Matheus Pereira. 

Ainda assim, segundo ele, a maior parte do mercado acredita que as relações entre China e Estados Unidos serão amenizadas, com menos peso sobre a possibilidade de as novas tarifas previstas para entrarem em vigor a partir de março por parte dos EUA, bem como sobre uma retaliação da China. 

"Provavelmente, essas tarifas serão postergadas para abrir mais espaço para completar essa negociação comercial. Porque hoje essa guerra política travada entre China e EUA é prejudicial para ambos os lados", diz o executivo. "Hoje temos que pensar que as duas maiores economias do mundo não vivem uma sem a outra. Então, eles têm sim que encontrar um ponto de equilíbrio, mas ainda se mostra muito obscuro qual seria esse ponto", completa. 

E no último domingo, dia 28, a China abriu um processo legal contra os EUA na Organização Mundial do Comércio (OMC) contras as tarifas impostas nos últimos meses sobre US$ 234 bilhões em produtos. Segundo uma liderança chinesa, a nação asiática quer uma análise sobre o quadro e a queixa lançada no último mês de abril por um painel de especialistas, segundo noticiou a Reuters.

"Esta é uma violação gritante das obrigações dos Estados Unidos sob os acordos da OMC e está colocando um desafio sistêmico ao sistema multilateral de comércio. Se os Estados Unidos ficarem livres para continuar infringindo esses princípios sem consequências, a viabilidade futura organização estará em grave perigo.", disse o diplomata chinês. 

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Enquanto as novidades não chegam, os efeitos sobre o mercado da soja, principalmente o internacional, continuam a ser sentidos. Na Bolsa de Chicago, os futuros da soja, como também explica a ARC Mercosul, contam com um volume medíocre de operações, além de baixíssimo interesse de especulação. 

Há meses as cotações da oleaginosa vêm trabalhando em um restrito intervalo de valores, testando altas e baixas, sem combustível ou novas informações que pudessem as tirar dessa banda. 

Ainda assim, somente neste mês, até o último dia 29, os dois primeiros contratos já acumulam ganhos de mais de 1%. O vencimento março foi de US$ 9,07 a US$ 9,19, subindo 1,32%, e o maio passou de US$ 9,19 a US$ 9,32, com ganho de 1,41%. Ao se comparar com o dia 28 de dezembro, as altas são um pouco mais expressivas. O março tem alta de 2,68% e o maio de 2,64%. 

A disputa comercial entre chineses e americanos também resultou em uma considerável redução da demanda do país asiático por soja, o que favorece essa limitação do mercado. E esses entraves se deram ainda em meio a um período de surto de peste suína na China, o que restringiu ainda mais o consumo da oleaginosa no país, principalmente em forma de farelo. 

"Para os chineses, o consumo do farelo de soja já tem sido parcialmente regulado, com uma desaceleração do crescimento anual da demanda pelo resíduo", ainda segundo os executivos da ARC. Na temporada comercial 2018/19, de acordo com números levantados pela consultoria, o uso interno de farelo na China cresceu 2,2 milhões de toneladas, ou 3% em relação ao ano anterior. Globalmente, o aumento da demanda por fareolo de soja foi de cerca de 5%, ou 7,8 milhões de toneladas

Farelo de soja - ARC

O analista de mercado da Agrinvest Commodities, Eduardo Vanin, explica que a expectativa para este primeiro trimestre do ano é de que o recebimento de soja pela China caia, aproximadamente, 30%. As margens de esmagamento no país estão levemente melhores nos últimos dias, mas não ainda em patamares que possam estimular um volume muito maior de compras do que está sendo feito nesse momento. 

Para o produtor brasileiro, a expectativa também é grande. Enquanto não mudam as cotações em Chicago, os preços no Brasil também ficam engessados. Um consenso sendo alcançado pelas duas nações poderia servir de força para os futuros em Chicago e os reflexos seriam importantes para as cotações nacionais. 

"Com um acordo entre China e Estados Unidos, acredito que poderia haver um ajuste de até 50 cents de dólar em Chicago e isso poderia significar uma alta de até R$ 5,00 por saca para o produtor brasileiro", diz o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. 

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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