Soja: Mesmo com alta do dólar, preços recuam até 5% no interior do Brasil

Publicado em 24/04/2019 18:03

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O dólar fechou a quarta-feira (24) no Brasil com alta de 1,63% e cotado a R$ 3,9863, patamar mais alto em quase sete meses, segundo informa a Reuters. Na máxima do dia, a divisa bateu nos R$ 3,9950, se aproximando mais uma vez dos R$ 4,00 e surpreendendo o mercado depois da aprovação da reforma da Previdência pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) no dia anterior. 

Na contramão, os preços da soja amargaram uma nova sessão de perdas na Bolsa de Chicago. Os futuros da oleaginosa encerraram o pregão com perdas de 6,75 pontos nos principais vencimentos, pressionando ainda mais os valores da soja aqui no mercado brasileiro. 

"Mesmo com as altas recentes do câmbio, os preços de grãos físicos no Brasil caíram fortemente, precificando quedas consecutivas aqui na CBOT", explicam os analistas da ARC Mercosul.

No mercado físico, as baixas chegaram a bater em 5%, como foi o caso do Oeste da Bahia, onde o valor de referência no fim desta quarta ficou em R$ 63,00 por saca. Em praças do Rio Grande do Sul como Não-Me-Toque ou Panambi, por exemplo, as baixas passaram de 1% e os preços ficaram na casa dos R$ 65,00.

Nos portos, os preços da soja nacional também caíram um pouco mais. No spot, baixa de 0,40% em Paranaguá, para R$ 75,50 por saca, e de 0,13% em Rio Grande, para R$ 74,60. Em São Francisco do Sul, em Santa Catarina, a queda foi de 1,17% para R$ 76,10/saca. Para maio, perdas de 0,65% e 0,665, para indicativos fechando o dia com R$ 76,00 e R$ 75,00 por saca. 

O analista de mercado Luiz Fernando Gutierrez, da consultoria Safras & Mercado, afirma que, neste momento de pressão, "o dólar não faz os preços subirem, mas ajuda a não caírem ainda mais. E neste ano, os preços só caíram, praticamente". 

E além da pressão externa, com Chicago renovando suas mínimas, a finalização da colheita no Brasil e um maior volume de oferta disponível ajuda a manter as cotações pressionadas internamente. Este fator aliado a uma demanda ainda ativa, porém, limitada, se torna mais uma barreira para os preços do grão brasileiro. 

Além de tudo, essa entrada de safra pressiona ainda os prêmios no mercado nacional e deixam as cotações ainda mais travadas. Somente nos últimos 30 dias, os prêmios pagos além de Chicago para a soja do Brasil caíram mais de 25%. Além dos vendedores, os compradores, afinal, também se mostram retraídos. 

"O mercado sente a entrada da safra e só sente menos quando há uma grande quebra. E como não é o caso deste ano, até houve uma ameaça, mas ainda se trata de uma safra grande, e é portanto muita soja disponível no mercado", diz Gutierrez. 

No link a seguir, veja a íntegra da entrevista do analista da Safras & Mercado ao Notícias Agrícolas:

>> Grande oferta disponível nos EUA e na América do Sul segue pressionando preços na Bolsa de Chicago; demanda é limitada

Com todo este movimento, se confirma uma expectativa de que o primeiro trimestre não seria realmente bom para os preços da soja, como não foi. Ainda assim, o analista acredita que o produtor que não comercializou ainda 50% de sua produção "deve entrar aos poucos no mercado e aproveitar esses repiques do dólar para negociar, porque nada garante que o segundo semestre pode ser melhor, que a união de fatores vai ser positiva". 

Mercado Internacional

Falta força ao mercado neste momento e, especulando sobre uma possível melhora climática nos EUA, tem novos momentos de baixa, portanto. 

As influências do clima no Meio-Oeste americano deverão começar a ganhar mais espaço no andamento dos preços dos grãos no mercado internacional a partir de agora e trazer mais volatilidade ao mercado. É importante lembrar,no entanto, que a nova safra dos Estados Unidos começa em um cenário de oferta e demanda completamente diferente dos últimos anos, principalmente no caso da soja. 

Neste momento, os trabalhos de campo estão atrasados no Corn Belt diante das adversidades climáticas registradas nas últimas semanas, principalmente no final de março.  "Atrasos são reais hoje, indiscutivelmente, mas não trazem grande preocupação agora", explica Matheus Pereira, diretor da ARC Mercosul. 

Leia mais:

>> Clima atrasa plantio nos EUA, mas ainda não ameaça potencial da nova safra

Da mesma forma, a continuidade da guerra comercial entre China e Estados Unidos também se mantém como outro fator de pressão sobre os futuros da soja. 

"A falta de atividade nas negociações entre chineses e americanos também afasta a CBOT de novas altas, cenário que deve perdurar até que efetivos avanços sejam concretizados nos encontros entre os representantes dos dois países agendados para o final de abril e início de maio", explica a ARC Mercosul.  

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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1 comentário

  • Edmundo Taques Ventania - PR

    Pouco importa o dólar subir, CBOT esta controlando totalmente o preço da soja brasileira!!! Sobe o premio, desce Chicago, sobe o dólar no Brasil, desce Chicago pra compensar, obviamente esses preços (premio/dólar) no Brasil já estão inseridas nas formulas de algoritmos deles, eu pelo menos não tenho duvida. O controle é total, para que a soja americana fique competitiva o suficiente para abaixar os estoques por lá, a UNICA coisa realmente importante pra eles. O resto não importa e essa é a verdade!!! Como a maioria dos custos do produtor brasileiro é dolarizada, já estou naquela de torcer pro dólar abaixar e Chicago subir ou vocês acham que as multinacionais estão sendo legais ao oferecer troca como estão oferecendo?? Oferecer de pagar melhor não acha uma sequer, mas oferecer troca com a soja a U$$8,50 o bushel e dólar a R$ 4,00 ai chove ligações!! Fiquem espertos colegas, essa talvez seja a pior base de troca que já vi na minha vida!!! Abs a todos

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