Soja: Com dólar acima dos R$ 4 e Chicago estável, preços no BR tem novas altas nesta 3ª

Publicado em 20/08/2019 17:47

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Nesta terça-feira (20), os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago terminaram o dia com estabilidade, porém, do lado positivo da tabela. Os preços subiram entre 1,50 e 1,75 ponto nas posições mais negociadas, com o novembro valendo US$ 8,68 e o março/20, US$ 8,95 por bushel. O mercado registrava ganhos melhores mais cedo, que passavam de 7 pontos, porém, foi amenizando-os ao longo do dia. 

Embora a safra norte-americana ainda inspire muita preocupação, a demanda fraca pelo produto dos EUA mantém uma pressão severa sobre as cotações no mercado internacional, e tira o combustível dos preços. 

"O mercado, durante a última sessão noturna, até tentou precificar um potencial de redução de produtividade, em consequência de uma má formação vegetativa da safra de grãos no país. Entretanto,
as cotações seguem sob a influência de uma demanda restrista neste ano comercial", explicam os diretores da ARC Mercosul. 

Além disso, o último final de semanal foi de chuvas melhores do que o esperado, chegando a importantes regiões produtoras. Mais do que isso, os próximos dias também deverão ser precipitações consideráveis. 

"Em teoria, tais chuvas extras são altamente favoráveis para a grande maioria das regiões produtoras de soja e milho, uma vez que tais culturas estão adentrando os estágios de reprodução. Entretanto, uma recuperação de produtividade é improvável", complementam os especialistas da ARC.

Nesta semana, todos os olhos do mercado internacional de grãos estão voltados para o tradicional ProFarmer Midwest Crop Tour, um dos mais antigos tours de safra dos EUA, conhecido por trazer números bem próximos da realidade das lavouras norte-americanas. E como já era de se esperar, nas primeiras paradas feitas pela equipe já puderam ser verificados problemas sérios de maturação e desenvolvimento dos campos Corn Belt a fora, além de grandes extensões de área que não foram plantadas.

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>> Fotos do ProFarmer Crop Tour mostram o crítico desenvolvimento da safra dos EUA

Ainda na atenção dos traders estão as novidades vindas das relações comerciais entre China e Estados Unidos, os movimentos de ambos na guerra comercial e até mesmo na possiblidade de Xi Jinping visitar os EUA nas próximas semanas para dar continuidade às negociações com Donald Trump. 

PREÇOS NO BRASIL

A terça-feira foi de novas altas para os preços da soja, principalmente no interior do Brasil. Em importantes praças do interior do país, os ganhos passaram de 2%, e as referências têm variado entre R$ 70,00 e R$ 84,00. 

Nos portos, as cotações também subiram de maneira significativa nesta terça. Os ganhos foram de 1,79% no disponível em Paranaguá, onde o último preço foi de R$ 85,50 e de 1,76% para R$ 86,50, no indicativo setembro. Em Rio Grande, altas respectivas de 1,80% e 1,06%, com preços no final do dia em R$ 84,80 e R$ 85,70 por saca. 

Embora o dólar tenha recuado nesta sessão, continua ainda bastante alto e acima dos R$ 4,00. A moeda americana terminiou o dia com queda de 0,40%, valendo R$ 4,05 e atuando como importante catalisador dos preços da soja no Brasil. 

A demanda intensa pela soja brasileira tem motivado também uma boa recuperação dos prêmios no país. Do lado do comprador, os valores têm variado, nas principais posições de entrega, entre 105 e 115 centavos de dólar acima dos preços praticados na Bolsa de Chicago. Já do lado do produtor, ainda de acordo com informações apuradas pela Brandalizze Consulting, a pedida é entre 150 e 170 cents sobre a CBOT. 

Diante disso, o Brasil já tem 57,7 milhões de toneladas de soja embarcadas este ano, de acordo com os últimos números da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). O ritmo dos embarques brasileiros segue bastante aquecido e se intensificou ainda mais depois que a China voltou a comprar mais frequentemente nas últimas semanas. Somente na primeira quinzena de agosto foram quase 3 milhões de toneladas. 

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>> Brasil já tem mais de 57 mi de t de soja embarcadas em 2019 e ritmo segue aquecido

Brasil vê aumento na nova safra de soja; quebra nos EUA traz oportunidades, diz Conab

BRASÍLIA (Reuters) - A safra de soja 2019/20 do Brasil poderá atingir cerca de 122 milhões de toneladas, o que seria um crescimento de 6% ante a temporada anterior, com os produtores investindo para tentar tirar proveito de uma quebra de safra nos Estados Unidos, disse nesta terça-feira um diretor da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

A projeção preliminar, baseada em uma recuperação de produtividades após a safra 2018/19 ter sido prejudicada pelo tempo seco em alguns Estados, considera ainda indicativos de preços e custos --a Conab divulga números baseados em pesquisa de campo mais à frente no ano.

A estimativa foi apresentada durante evento realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que usou dados preliminares da Conab para a principal cultura do agronegócio do país para estimar um aumento de 2% no PIB Agropecuário brasileiro em 2020.

"É um setor que consegue dar voltas. Querendo ou não, essa quebra da safra norte-americana traz algumas oportunidades que estávamos preocupados no início do ano. Caso não houvesse, estaríamos em uma situação bem diferente hoje, então isso deu um bom fôlego", afirmou o diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, Guilherme Bastos, durante o evento.

Por impacto de problemas climáticos no plantio, a produção de soja dos EUA está estimada em cerca de 100 milhões de toneladas, redução de mais de 20 milhões de toneladas ante a temporada anterior, segundo dados do Departamento de Agricultura norte-americano (USDA, na sigla em inglês).

Por outro lado, o Brasil lida com uma menor demanda da China, maior importador global de soja, cujo rebanho de porcos tem sido reduzido pela peste suína africana.

Isso tem resultado em uma demanda não tão forte quanto em 2018, quando chineses recorreram ao produto brasileiro diante da guerra comercial com os norte-americanos.

"Em termos de perspectiva do setor, a soja daqui para frente, será que vai interromper o crescimento da soja? Acredito que não", acrescentou Bastos.

Ele citou ainda uma série de ações estruturantes, incluindo questões logísticas no Brasil, que terão impacto nos próximos anos.

"Temos muito o que crescer, e não é por outro motivo que os americanos estão vindo para o Brasil, explorando o etanol de milho lá no Mato Grosso..."

Outro fator que contribuirá para o aumento da nova safra é o estoque baixo do grão no país, após fortes exportações em 2018 e um ritmo razoável em 2019, apesar da menor demanda da China.

Ele disse que a demanda da indústria de biodiesel, com uma mistura maior no diesel, também deve ser considerada na decisão dos produtores.

PIB AGROPECUÁRIO

O Produto Interno Bruto do setor agropecuário do Brasil deverá crescer 0,5% em 2019 e 2% em 2020, previu nesta terça-feira o Ipea, que apontou o resultado das lavouras de soja como um limitador para o avanço do PIB do setor, após quebra de safra neste ano.

A avaliação do Ipea é de que o PIB agropecuário tenha caído 1,3% no segundo trimestre, também por influência da menor safra de café, além da soja --esta última é o principal produto do agronegócio brasileiro.

O PIB agrícola, que considera apenas o resultado das lavouras, sem a pecuária, deve crescer apenas 0,2% em 2019, enquanto aumentará 2,8% em 2020, previu o Ipea, que considera ainda aumentos de 6% para as safras de arroz e algodão na nova temporada.

Já o PIB da pecuária deverá ter aumento de 2,3% em 2019 e 2,2% em 2020, com impulso do setor de bovinos, citou o instituto.

Com guerra comercial se arrastando, CEO da Bunge quer evitar decisões precipitadas

CHICAGO (Reuters) - Um ano após a aposta perdida de que a guerra comercial entre Estados Unidos e China se resolveria rapidamente, a comercializadora global de grãos Bunge enfrenta agora um ambiente de negócios ainda mais incerto, com um novo presidente-executivo, que está determinado a não queimar a empresa novamente.

Gregory Heckman, que se juntou ao conselho da Bunge no final do ano passado e assumiu como CEO em janeiro, disse à Reuters nesta terça-feira que melhorar o gerenciamento de riscos na empresa de 200 anos é fundamental, à medida que supervisiona uma revisão de portfólio que deve durar até meados de 2020.

Além de a guerra comercial entrar em seu segundo ano sem sinais de uma resolução, a Bunge e outras comercializadoras de grãos também encaram safras reduzidas por problemas climáticos nos EUA, um grande surto de peste suína africana na China, o que reduziu a demanda por soja, e oscilações cambiais que abastecem a incerteza em locais como a Argentina, principal exportadora de farelo de soja.

O surpreendente prejuízo registrado pela Bunge no segundo trimestre do ano passado, quando a crença em uma rápida resolução à guerra comercial fracassou, e uma nova aposta que desencadeou perdas no quarto trimestre são coisas que Heckman está determinado a evitar.

"Queremos evitar quaisquer surpresas pelo risco de decisões precipitadas", disse Heckman, referindo-se a riscos imprevisíveis, como as abruptas alterações políticas do governo norte-americano ou os tuítes do presidente Donald Trump.

"Embora tenhamos que tomar certas decisões para controlar os riscos inerentes e proteger as margens em nossos ativos de esmagamento, distribuição e moagem, tentamos nos manter absolutamente fora de qualquer grande mudança que possa ocorrer", acrescentou.

A Bunge manteve inalterado seu "guidance" para o ano de 2019 ao anunciar seus resultados do segundo trimestre em 31 de julho, mas alertou que as incertezas relacionadas à peste suína africana e à guerra comercial significavam que a maior parte do lucro do segundo semestre de 2019 viria do quarto trimestre.

"Acreditamos que nossos lucros (do segundo semestre) terão um forte peso do quarto trimestre. E ainda mais agora, provavelmente", disse Heckman.

A Bunge está em busca de agilizar suas operações e maximizar o lucro, como parte de seu programa de otimização de portfólio, já em andamento.

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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte:
Notícias Agrícolas

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