Soja 2019/20: Apesar de chuvas melhores, produtores seguem em alerta; veja fotos e vídeos
As chuvas que chegaram ao cinturão da soja, no Centro-Sul do Brasil, foram melhores no último final de semana, porém, ainda insuficientes para diminuir a apreensão dos produtores em importantes regiões do Brasil. A necessidade de replantio já está confirmada em estados como Goiás, Paraná, Mato Grosso do Sul e até mesmo pontos de São Paulo.
Informações apuradas pelo Commodity Weather Group (CWG) mostram que, nas últimas 72 horas, cerca de 40% a 45% da área de soja foi alcançada pelas chuvas, ainda muito irregulares e de volumes limitados. Foram precipitações variando entre 12,7 e 44,45 mm, com alguns registros locais chegando a 88,9 mm.
Chuvas acumuladas nas últimas 72h - Fonte: Commodity Weather Group
"O final de semana foi chuvoso no Centro-Sul do Brasil, mas há ainda faltas de umidade no leste e norte do Paraná, centro e leste de São Paulo e noroeste do Mato Grosso do Sul", diz o CWG. "E as previsões mostram a chegada das chuvas em mais áreas que sofrem com seca na próxima semana", diz o instituto meteorológico internacional. E as previsões para as próximas semanas seguem indicando precipitações abaixo do esperado para o Goiás - onde o replantio de muitas áreas também é certo - partes de Minas Gerais, Mato Grosso e São Paulo.
Já o INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) mostra, no mapa abaixo, que quase todo o país recebeu chuvas de volumes altos a moderados, permitindo alguma melhora nas condições de plantio da nova safra de soja.
Mapa de precipitação acumulada dos últimos três dias em todo o Brasil - Fonte: Inmet
PARANÁ
Com essas pequenas mudanças sendo confirmadas, no Paraná os trabalhos de campo se intensificaram em algumas regiões, embora as chuvas dos últimos dias ainda não tenham sido tão expressivas, como relata o presidente da Aprosoja PR, Márcio Bonesi. Nesta segunda-feira (21), segundo ele, comenta-se sobre chuvas de 7 a 20 mm em diferentes partes do estado.
"De sexta-feira para cá eu já pude observar o plantio acontecendo em algumas regiões, de Maringá a Cascavel, por exemplo. Os produtores estão apostando nessas chuvas. Ainda não é volume ideal, mas voltou a chover, e isso dá um fôlego para o produtor", diz Bonesi. "Mas há muitos produtores com a certeza do replantio", completa.
Como explicou o presidente da Aprosoja local, há grandes áreas onde o replantio já está confirmando e as cooperativas, inclusive, já estão preocupadas com a possibilidade de uma falta de oferta de sementes em função desse cenário. "São áreas grandes onde terá que ser feito o replantio", complementa.
Bonesi destaca regiões ainda como o norte paranaense, onde há também um atraso no plantio diante da falta de chuvas, "mas a semente ainda não está no solo". E assim, o clima de apreensão entre os produtores do Paraná continua. "As piores condições estão sendo registradas no noroeste e no oeste do estado. No centro-sul até chove um pouco melhor, mas não sobre água", complementa.
Segundo ele, que está no Paraná desde 1994, "nunca houve um período tão sério de falta de umidade como este no estado. Na sequências, fotos mostram as diferenças entre lavouras em diferentes regiões do estado.
Goioerê
Fotos: Márcio Bonesi
Guaíra
Japurá
Seguro - Bonesi alertou ainda para pecualiaridades do seguro para o replantio que às quais os produtores têm des estar atentos. "Alguns contratos de companhias de seguro têm a cláusula do replantio, porém, só quando a planta depois de emergir atingiu os 15 cm e em algumas regiões isso não foi alcançado", diz.
MATO GROSSO DO SUL
"Ainda não chegou uma boa chuva no estado e o ano está sendo bem difícil para o Mato Grosso do Sul", diz o produtor rural Juliano Schmaedecke. Segundo ele, diante dessas condições, poucas regiões evoluíram com o plantio nos últimos dias e os produtores ainda estão muito apreensivos.
Como relatou Schmaedecke, o risco de replantio segue muito elevado, principalmente em áreas como o oeste e o sul do estado, onde as chuvas ainda não chegaram adequadamente. Nestes últimos dias, algumas precipitações foram registradas em cidades como Maracaju, Sidrolândia, Bonito e em partes de Rio Brilhante.
"As chuvas são muito irregulares, algumas áreas chegaram a marcar até 30 mm, mas são chuvas somente parciais", diz.
Na região de Laguna Carapã, o plantio foi feito, as sementes estão no solo, mas as chuvas que caíram foram extremamente mal distribuídas e podem causar prejuízos consideráveis. "Tivemos chuvas que ajudaram bastante algumas áreas e outras, não. Há áreas com problemas sérios, onde pode haver replante. O grão da soja está no chão, pode até vir a embebedar e não germinar", explica Antônio Rodrigues Neto, consultor técnico da Casa da Lavoura.
Neto enviou vídeos ao Notícias Agrícolas mostrando as condições das lavouras na região. As imagens mostram que as sementes, em algumas áreas, até chegaram a germinar, porém, precisam de regularidade da umidade para manter seu potencial.
E fotos mostram mais detalhadamente como reagem as plantas de soja neste momento na localidade.
MATO GROSSO
O mapa mostra que as chuvas chegaram a quase todo o estado de Mato Grosso, porém, ainda de forma irregular também, com volumes diferentes em diferentes regiões. Sapezal, por exemplo, recebeu no último domingo (20), 43 mm, de acordo com números do Inmet. O município registrou um dos maiores acumulados do país.
Na região de Primavera do Leste, a produtora rural Melissa Galbieri registrou, nos últimos dias, duas ocorrências expressivas, com precipitações de 70 mm no dia 8 e de 30 mm no dia 17 de outubro em sua propriedade. "Depois tivemos alguns chuvisqueiros, mas chuvas expressivas mesmo foram estas", diz.
Melissa relata que já tem cerca de 65% de sua área plantada, considerando áreas irrigada e de plantio convencional, e que teve de parar seus trabalhos de campo no convencional neste domingo agora diante da falta de chuvas.
Primavera do Leste
Áreas de plantio convencional nas fazendas Santa Fé e Campolina
Áreas de plantio irrigado nas fazendas Santa Fé e Campolina
Fotos: Melissa Galbieri
Fotos: Ana Luiza Borghetti
TOCANTINS
No Tocantins já há algo entre 6% e 8% do plantio da soja 2019/20 concluído no estado, com a chegada da chuvas, mesmo que também irregulares, permitindo a arrancada dos trabalhos de campo. Segundo o presidente da Aprosoja TO, Maurício Buffon, o estado estima ampliar em até 8% a área cultivada nesta safra, crescendo sobre regiões de pastagem, e espera conquistar uma produtividade média de até 52 sacas por hectare, contra as 48 sacas registradas em 2018/19.
No link abaixo, veja a íntegra da entrevista de Buffon ao Notícias Agrícolas nesta segunda-feira (21):
PREVISÃO DO TEMPO
Para os próximos dias, as chuvas devem seguir, principalmente sobre áreas centrais do Brasil com a circulação de ventos intensificando as instabilidades. O Inmet, inclusive, emitiu alerta de chuvas intensas e tempestade de raios nesta segunda-feira.
A Climatempo destaca que as condições de chuva aumentam sobre áreas do Centro-Oeste do país nesta segunda-feira, mas também pode chover em pontos da região Sudeste. A circulação dos ventos sobre o Brasil intensifica as áreas de instabilidade em pontos do Centro-Oeste.
Leia mais na matéria de Jhonatas Simião:
Mapa com a previsão de precipitação acumulada para até 93 horas (22/10 a 24/10) em todo o Brasil - Fonte: Inmet