Soja: Brasil já conta com prêmios de até US$ 1/bushel acima de Chicago para concluir comercialização da safra 2022/23
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O Brasil ainda tem cerca de 48 milhões de toneladas de soja da safra 2022/23 para negociar, informa o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. O mês de agosto começa com um volume ainda bastante grande para ser vendido pelos brasileiros, mesmo depois da anterior ter sido, segundo o especialista, uma das melhores do ano e com negócios para cerca de 3,5 milhões de toneladas.
A notícias positiva, todavia, é de que os prêmios estão melhorando nos contratos mais curtos, ajudando a formar preços melhores para o produtor mesmo em um momento de tanta volatilidade como é o atual para os futuros da oleaginosa na Bolsa de Chicago.
De agosto a outubro, os prêmios já sinalizam indicativos positivos, enfim respirando, depois de pressões tão agressivas sentidas no início do ano. Para negócios com referência outubro, os prêmios já chegam a US$ 1,00 por bushel acima de Chicago. Entre agosto e outubro, entre as pedidas do comprador e do vendedor, as referências já variam de 35 cents a US$ 1,00 sobre os valores de Chicago.
"Dá para ver que o mercado até não caiu muito, mas está tentando se sustentar. O mercado de porto hoje (1º de agosto), por exemplo, trabalha de R$ 153,00, em Rio Grande, a R$ 156,00. Ou seja, está de R$ 150,00 a R$ 154,00, caiu de R$ 5,00 a R$ 6,00, mas se olharmos o tombo que teve em Chicago de mais de US$ 1,00 por bushel, poderia ter caído mais. O prêmio é que está sustentando as cotações. A queda não foi tão grande, poderia ter sido maior", explica Brandalizze.
Assim, o produtor que tem condições de aguardar ou planejar operações para tais meses onde os prêmios já se mostram bem melhores, a espera pode ser vantajosa, não só segundo Vlamir Brandalizze, mas também Carlos Cogo.
"Para a safra atual, compensa esperar, fazer essa posição de venda e planejar a entrega entre setembro, outubro e novembro", explica o diretor da Cogo Inteligência em Agronegócios.
Como referência, o executivo usou como referência Sorriso, em Mato Grosso, com a soja liquidando R$ 126,35 por saca para setembro e R$ 128,40 para novembro, contra R$ 124,00 no vencimento agosto. Já olhando para Cascavel, no Paraná, são R$ 140,03 no setembro e novembro, R$ 142,08, "já considerando prêmio, dólar futuro e cotação em Chicago".
Os prêmios agora dão sinais melhores, mas já estiveram bem negativos frente à safra recorde de soja 2022/23 do Brasil.
"Os prêmios negativos sempre vão ser uma encrenca, porque estão ligados à nossa falta de armazenagem, etc...e aí preocupa, porque o pico do negativo (para os prêmios) vai ser igual ao deste ano, entre março e maio, já andando na casa de 90 a 110 cents de dólar negativos, e vai descontar um preço enorme do produtor. O ideal é travar o que for possível e, dentro do possível, não ofertar nada fisicamente até, pelo menos, o final do primeiro semestre do ano que vem. Afinal, não houve nada de mudança que prometa que teremos algo diferente do que tivemos este ano", afirma Cogo.
O analista complementa dizendo que o que há ainda para ser embarcado pelo Brasil de agosto até o final do ano, é possível sem causar grandes estress nos portos. "Estamos chegando a casa de 66 milhões de toneladas embarcadas - contando com a última semana de julho - e o que temos para embarcar daqui pra frente - cerca de 30 milhões de toneladas nas nossas contas - podemos embarcar nos portos brasileiros e não deve mais pressionar os prêmios daqui pra frente".
Um novo pico viria a partir de janeiro, com a chegada dos novos volumes de soja da safra 2023/24.
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