Hedgepoint atualiza safras 23/24 de soja para 146M mt e de milho para 117,1M mt
As últimas semanas foram extremamente relevantes para as safras brasileiras de soja e milho. Na primeira, as enchentes no Rio Grande do Sul seguem impactando os trabalhos de colheita e trazendo incertezas sobre a produção do estado, enquanto no milho a principal incerteza se encontra no impacto da baixa umidade do solo no Centro-Oeste. A Hedgepoint Global Markets aborda, em relatório, como esses desenvolvimentos impactam as estimativas de produção.
Soja: Impacto das enchentes deve ser maior do que o estimado pela Conab
Na soja, a colheita foi praticamente finalizada na maioria dos estados, com exceção do Rio Grande do Sul – e é aqui onde reside a grande diferença entre nossa estimativa e a da Conab.
Em seu último relatório de atualização de safra – divulgado em 14/mai – a agência realizou um corte de cerca de 0,4M mt na estimativa de produção do RS, o que representa um corte de menos de 3% sobre a estimativa de quase 22M mt para o estado em abril.
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“Contudo, entendemos que os impactos das enchentes serão muito maiores do que o atualmente previsto pela Conab. Segundo a Emater/RS, houve redução drástica na qualidade dos grãos em comparação ao produto obtido antes do excesso de chuvas. Estima-se que a área colhida alcançou 85%. Além disso, o avanço provavelmente será pouco significativo nos próximos dias, já que muitas lavouras, dos 15% restantes, devem ser abandonadas em razão da inviabilidade econômica, ou seja, a colheita dessas áreas não cobre os custos da operação, o frete e os descontos aplicados no recebimento pelas cerealistas”, explica Alef Dias, analista de Grãos e Macroeconomia da Hedgepoint.
Segundo Alef, “dados esses impactos, estimamos uma safra de 18,2M mt para o estado, redução que é de certa forma suavizada por ajustes positivos no Centro-Oeste, já que os dados advindos das agências locais apontam para resultados acima do estimado nos últimos meses”.
“Com isso, nossa estimativa é de uma safra de 146M mt de soja no Brasil no ciclo 23/24, 4,1M mt menor do que nossa leitura anterior”, destaca o analista.
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No milho, o foco do mercado está nos estágios finais da safra de inverno, que deve ter sua colheita iniciada nas próximas semanas.
“Desde nossa última atualização de safra, diversas regiões do Centro-Oeste receberam chuvas abaixo da média, mantendo a umidade do solo nas mínimas dos últimos 5 anos e somente algumas regiões do MT estão com condições favoráveis de safra, segundo a Conab”, observa.
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“Apesar de se tratar de condições distantes das ideais, entendemos que a estimativa da Conab é extremamente pessimista para a região, especialmente em MT e MS. As agências locais apontam que o plantio dentro da janela ideal deve levar a produtividades melhores do que as estimadas pela Conab, ainda que menores do que as da safra passada”, pondera.
“Com isso, estimamos a produção total de milho do Brasil em 117,1M mt na safra 23/24, 2M mt menor do que nossa leitura anterior, mas 5,5M mt acima da estimativa da Conab”, pontua.
Contudo, é importante citar que o clima nos próximos dias deve seguir extremamente seco em todas as principais regiões, então cortes adicionais – ainda que menores – não devem ser descartados.
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Em resumo, apesar do foco do mercado cada vez mais se direcionar para as safras americanas, os números brasileiros ainda podem trazer impactos relevantes para os preços de soja e milho, principalmente por conta das discrepâncias entre as estimativas do USDA e da Conab.
“Na soja, nosso número de 146M mt é 4,1M mt menor que nossa leitura anterior e 1,7M mt menor do que o da Conab. Já no milho vemos uma safra de 117,1M mt, 2M mt menor do que nossa leitura anterior mas 5,5M mt acima da estimativa da Conab”, conclui.