Safra recorde de soja gera gargalo no estoque
O secretário Barbieri diz que está em contato com o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) para lançar linhas de financiamento para a construção de silos. Esta linha beneficiaria principalmente cooperativas, cerealistas e produtores. Para o secretário estadual, a ação é urgente, pois a tendência é de safras cada vez maiores no Estado, devido às novas tecnologias para garantir sementes mais produtivas.
Uma das maiores do país no setor agropecuário, a Cooperativa Regional Alfa (Cooperalfa) lida com esse gargalo no processo de estocagem. A cooperativa alugou quatro armazéns de terceiros para colocar um excesso de 500 mil sacas. Outras 100 mil estão guardadas em depósitos que antes eram ocupados por fertilizantes ou feijão.
Apenas na unidade de Xaxim, no Oeste catarinense, cerca de três mil sacas de adubo foram retiradas do armazém e colocadas debaixo de lona, para abrir espaço para a safra de soja.
De acordo com o gerente do silo da Cooperalfa em Xaxim, Antônio Zanetti, 30 mil sacas de soja foram despejadas no local onde ficava o fertilizante. O motivo é que a safra de soja recebida na unidade deve chegar a 220 mil sacas, contra 172 mil sacas do ano passado. Ele afirmou que a unidade tem dois silos com capacidade para armazenar 100 mil sacas.
Em anos normais é possível mandar para a indústria parte do que está sendo colhido. Mas neste ano, com a safra muito boa, o volume de soja que chega é maior do que o volume industrializado.
Sobras de 2009 agravam situação
O gerente da Cooperalfa de Xaxim, Moacir Mistura, estima que na cidade a safra de soja está 30% maior do que a do ano passado, devido ao aumento da área plantada e ao clima favorável.
- O produtor plantou mais, investiu mais e o tempo colaborou - compara.
Além da boa produção há um complicador, que são os grãos armazenados de outras culturas ou até de safras passadas. Moacir diz que ainda existem 50 mil sacas da safra de trigo armazenadas, o que ocupa o espaço que poderia ser destinado para a soja.
O gerente de cereais da Cooperalfa, Luís dos Santos, informa que em toda a área de atuação da cooperativa, que vai do Extremo Oeste ao Planalto Norte, existem 1,3 milhão de sacas de trigo e mais 3 milhões de sacas de milho.
A capacidade de armazenamento da cooperativa é de 8 milhões. Mas a cooperativa recebeu 4,8 milhões de sacas de milho mais 4,7 milhões de sacas de soja. Mesmo comercializando ou industrializando parte da produção obtida, faltou espaço para guardar um volume 40% superior ao ano passado, segundo Santos.