Safrinha de soja pressiona mercado no PR
Hoje, o produtor recebe em média R$ 32,21 pela saca da oleaginosa no Paraná, conforme levantamento do Deral. O valor é 29% inferior ao apurado há um ano, mas é considerado pelos produtores mais atrativo que o preço do milho, cuja saca vale pouco mais de R$ 14. A opção pela oleaginosa é também uma forma de tentar contornar problemas de infraestrutura. Com os armazéns lotados, a liquidez pesa em favor da soja. Em muitos casos, a oleaginosa que sai da lavoura vai direto para o caminhão. A comercialização do milho, por outro lado, é mais complicada. Com estoques remanescentes de safras anteriores e mercado travado, produtores precisam de apoio do governo para vender o cereal.
Mais líquida e rentável, a soja safrinha deste ano ocupa espaços que em 2009 foram dedicados ao milho. O Oeste do estado, que tem tradição no cultivo do cereal de inverno, foi a região que registrou o maior incremento de área da oleaginosa na entressafra. O crescimento na comparação com o ano passado foi de 161%, o equivalente a pouco mais de 25 mil hectares. Em todo o estado, a soja ganhou 45,8 mil hectares neste inverno.
A colheita da soja safrinha foi oficialmente encerrada nesta semana, com o início do vazio sanitário, na terça-feira. O vazio sanitário proíbe o cultivo da oleaginosa durante 90 dias (15 de junho a 15 de setembro) como forma de controlar o avanço da ferrugem asiática no ciclo de verão. Para cumprir a determinação, muitos produtores tiveram que acelerar os trabalhos de campo. Durante o final de semana, não era difícil encontrar colheitadeiras varrendo lavouras de soja no Paraná.
A pressa se justifica. O produtor que desrespeitar o período do vazio sanitário é notificado. Caso não regularize a situação imediatamente, é autuado e fica sujeito a sanções que vão desde advertência até multa, proibição de comércio, interdição da propriedade e restrição ao crédito rural. As penas podem ser aplicadas isoladas ou cumulativamente e o valor das multas pode variar entre R$ 187 a R$ 10.112.
“Até segunda-feira, realizamos um trabalho de orientação, instruindo os agricultores a eliminar as plantas. A partir de agora, quem for flagrado com soja no campo será autuado”, alerta Maria Celeste Marcondes, engenheira agrônoma do Departamento de Fiscalização e Defesa Agropecuária (Defis) da Seab. No ano passado, a Seab realizou 70 autuações em uma área equivalente a 2 mil hectares de lavouras e 213 quilômetros de rodovia.