Vazio sanitário: Três autuações no MT
De acordo com informações do Instituto de Defesa Agropecuária do Estado (Indea/MT), das três autuações duas foram por não cumprimento do prazo estipulado para a eliminação de plantas tigüeras nas lavouras, nos municípios de Paranatinga e União do Sul. A outra autuação foi registrada no município de Campos de Júlio, onde um produtor plantou 54 hectares de soja durante o período do vazio sanitário. A soja foi plantada no começo do mês e as sementes já estavam germinadas. O dono da área foi multado em R$ 3.56 mil e ainda foi obrigado a fazer a destruição da planta germinada. O nome das propriedades onde ocorreram as irregularidades não foram divulgados pelo Indea/MT.
O agrônomo Ronaldo Medeiros, fiscal agropecuário do Instituto, informou que este ano a situação “está mais tranqüila” do que outros anos devido ao longo período sem chuvas no Estado, mas alertou que as ações do órgão vão continuar até o final do prazo do vazio sanitário. Mais de 20 fiscais estão percorrendo as lavouras do Estado e observando o aparecimento de plantas tigüeras (brotos que nascem voluntariamente após a colheita de soja) e possível plantio antecipado. “Se a planta germinar antes do dia 15 o produtor será autuado e terá de destruir a lavoura”, adverte Medeiros.
No ano passado o Consórcio Antiferrugem constatou 624 ocorrências de ferrugem em Mato Grosso.
Autorização - Durante o período do vazio sanitário o plantio de soja só é permitido para pesquisa científica, com prévia autorização dos órgãos competentes. Este ano, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) autorizou o plantio de 250 hectares de soja em Mato Grosso, para fins de pesquisa científica. No total, 13 áreas de plantio foram autorizadas, localizando-se nos municípios de Sinop, Itiquira, Dom Aquino, Sorriso, Lucas do Rio Verde, Primavera do Leste, Rondonópolis, todos com “ferrugem zero”.
Os plantios para fins de pesquisa também ficam sujeitos à fiscalização. “Caso as áreas não respeitem os padrões de conformidade (ferrugem zero), serão sumariamente destruídas pela fiscalização”, esclareceu.
O objetivo da pesquisa neste período de proibição de plantio é o melhoramento genético, avanço das variedades, avaliação de outras doenças da soja e multiplicação de sementes genéticas.
Os pesquisadores querem obter mais detalhes sobre a doença durante o período do vazio sanitário. “Se chegarmos à conclusão de que em determinada região a ferrugem fica viva por mais tempo ou plantas de tigüera morrem antes, poderemos passar informações mais precisas e orientar o produtor a fazer um melhor monitoramento da lavoura”.
Segundo a legislação, o controle das plantas voluntárias, conhecidas como tigüeras, deve ser feito através de processo químico ou mecânico, pois elas ficam propagando o fungo que provavelmente atingirá a próxima safra.
Redução - A expectativa das autoridades sanitárias é de que o número de focos tenha uma redução em relação ao ano passado. “Temos notado que a adesão dos produtores [ao vazio sanitário] tem aumentando ano a ano e acho que isso pode refletir diretamente no resultado da safra”, afirmou Medeiros. Ele acredita que Mato Grosso terá um número menor de casos em função da menor ocorrência de chuvas.