Colheita da soja: No MT, 99% da área concluída e no RS 75%

Publicado em 18/04/2011 08:42
Com seus 6,4 milhões de hectares praticamente colhidos até o último dia 14, a colheita da safra 10/11 de soja, em Mato Grosso, encerrou mais uma temporada. Conforme levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), mais de 99% da área coberta está colhido, restando hectares pontuais nas regiões nordeste e sudeste.

Na comparação com o mesmo período do ano passado, há atraso de 0,6 pontos percentuais em relação ao ritmo empregado pelas máquinas na safra anterior. As chuvas fortes e constantes foram os principais obstáculos enfrentados pelos sojicultores estaduais neste ciclo.

A região nordeste cultivou nesta safra 694 mil hectares (ha), volume concentrado principalmente em três municípios considerados importantes produtores da oleaginosa, como Querência, Canarana e Gaúcha do Norte. Conforme o Imea, a colheita atinge 96% da área, ou pouco mais de 666 mil ha.

A região sudeste, com característica de concentrar o plantio tardio do Estado, por meio de variedades de ciclo longo, cultivou 1,5 milhão de hectares dos quais 98,5% foram colhidos. Restam nos principais polos produtores da região – Campo Verde, Primavera do Leste, Santo Antônio do Leste, Alto Garças, Alto Taquari, Jaciara e Juscimeira – pouco mais de 22 mil ha para ser colhidos.

Nas regiões norte, noroeste, oeste, médio norte e centro-sul, os trabalhos estão encerrados.

Apesar das chuvas em excesso, Mato Grosso colherá sua maior safra de soja – estimativa compartilhada por várias consultorias e analistas de mercado como Imea, Agroconsult, AgRural e o próprio Ministério da Agricultura – assim como terá a sua maior produtividade. Como explica o superintendente do Imea, Otávio Celidônio, a produção desta safra rompe a barreira de 20 milhões de toneladas, ante 18,8 milhões da safra passada (que até então era o recorde estadual). “A produção reflete o bom índice de produtividade, que fecha em 52,9 sacas por hectare, frente às 50 sacas da safra anterior, a 09/10”.

De acordo com dados da Agroconsult, que realizou mais uma etapa do Rally da Safra, a média nacional nesta safra também evoluiu em relação ao ciclo anterior, de 49 sacas para 50,3. Mato Grosso supera a média nacional. O Brasil deverá colher 72,69 milhões de toneladas, volume acima dos 68,97 milhões contabilizados no ano passado.

SAFRA NOVA – Com a soja colhida e com o milho safrinha em desenvolvimento nas lavouras estaduais, o produtor mato-grossense já dá início ao planejamento da nova safra, a 11/12. Conforme a primeira estimativa divulgada pelo Imea, na última quinta-feira, a sojicultura estadual superará o recorde deste ano. Com incorporação de área de pastagens degradas e migrações de culturas, a projeção é de que a superfície cultivada atinja 6,57 milhões ha, 2,5% acima da área desta safra. A produção avançaria das atuais 20,35 milhões toneladas para 20,86 milhões, incremento de 10,9%.

E os números mostram que o recorde sinalizado não está apenas no planejamento, e, sim, na prática. Conforme o Imea, neste mesmo período do ano passado 56% das sementes, 55% dos fertilizantes e 52% dos defensivos estavam comercializados. Agora, o volume de negócios destes insumos chega a 72%, 68% e 66%, respectivamente. Em uma enquete, o Imea observou que nas cinco principais regiões produtora de soja, em Mato Grosso, mais de 50% dos produtores disseram que já compraram fertilizantes. Em algumas regiões como a médio norte – que detém cerca de 40% da produção de grãos no Estado –, no ano passado, apenas 25% disseram ter comprado contra atuais 75%. Na região sudeste eram 35% com compras feitas, e agora são 65%.

Colheita da soja está na reta final no RS

A colheita da soja está em um estágio bastante avançado em praticamente todo o Rio Grande do Sul. Os produtores intensificaram a retirada do grão das lavouras, otimizando o trabalho das máquinas. Estão sendo colhidas as variedades de ciclo médio e tardio, conforme explica o assessor de Política Agrícola da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag/RS), Márcio Langer. Ele destaca que nas regiões norte e nordeste do Estado o processo está mais avançado, em função da antecipação do plantio, opção por variedades mais precoces e influência climática.

O trabalho no campo iniciou na segunda quinzena de março e deve se estender até o final de maio, pois muitos produtores fizeram o plantio da soja na resteva do milho. Conforme projeção da Emater-RS/Ascar, até o momento aproximadamente 75% das áreas já foram colhidas. O percentual saltou significativamente se comparado aos 28% registrados há duas semanas. Com a previsão de chuvas mais intensas para os próximos dias, o trabalho de retirada dos grãos das lavouras deverá diminuir de intensidade.

A abundante produção obtida até o momento, confirma a expectativa de uma excelente safra de soja para o Rio Grande do Sul e começa a causar problemas de logística aos sojicultores. Em algumas regiões já falta espaço nos armazéns. Conforme Langer, a média do Estado deve superar os 45 sacos por hectare. No entanto, há casos de produção de menos de 30 sacos por hectare nas regiões mais afetadas pelas estiagens e casos de produtividade acima de 3,6 mil quilos por hectare. “Tudo depende da tecnologia utilizada, regularidade das chuvas e manejo”, explica.

PREÇO

De acordo com os dados da Fetag/RS, a qualidade dos grãos está muito boa, com exceção da região sul e parte da região das Missões, onde o clima não foi muito favorável. Mesmo com alguns problemas de armazenagem e escoamento, Langer destaca que, até o momento, o setor tem encontrado alternativas para que a soja seja absorvida pelo mercado, especialmente por causa da liquidez do produto. A maior queixa dos agricultores, no entanto, é em relação ao preço. Dados da Emater-RS/Ascar apontam R$ 44,00 o saco de 60 quilos, em média, para os produtores que optaram por não fazer contrato.

Todavia, a soja ainda representa uma boa rentabilidade para os sojicultores. Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a atividade movimenta aproximadamente R$ 152 milhões nos 10 maiores municípios produtores do Vale do Rio Pardo e Centro-Serra. O cálculo é baseado na cotação média de R$ 44,00 a saca de 60 quilos. Somente Rio Pardo cultiva 22 mil hectares de soja e tem uma produção estimada superior a 2,5 mil quilos por hectare.

Faturamento

Os negócios com o cereal em 2011 dependem de vários fatores, como comércio global, estoque dos países produtores e cotação do dólar. Atualmente, os atuais patamares de valorização da moeda americana não permitem uma valorização mais acentuada do produto, que é o anseio dos produtores em todo o Brasil para melhorar os rendimentos. A Secretaria Estadual da Agricultura aposta em uma superssafra de soja, o que representa R$ 2,2 bilhões a mais na economia do Estado, um total de R$ 8,8 bilhões. A projeção supera a estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

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Diário de Cuiabá + Gazeta do Sul

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