Soja fecha com mais de 30 pts de alta. Safra dos EUA comprometida pelo verão intenso
O foco do mercado de grãos voltou a ser, exclusivamente, os danos que o clima excessivamente quente e seco nos Estados Unidos tem causado à lavouras da oleaginosa e do cereal. O mês de julho foi o mais quente desde 1955.
A produção norte-americana deverá ser bem menor do que a esperada em função da redução da produtividade por conta dessas condições climáticas adversas. No fim da tarde desta sexta-feira, o Pro Farmer divulga seu relatório final do Crop Tour e os números de baixa para a safra 2011/12 do maior produtor e exportador mundial de soja e milho devem ser menores ainda do que os reportados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). De acordo com alguns analistas, essas condições podem piorar ainda mais.
O que preocupa o mercado agora é a relação oferta x demanda. O abastecimento, por conta dessa produção menor nos EUA, deverá ficar muito comprometido, haja visto que os estoques já apresentam níveis historicamente baixos e isso tem impulsionado as cotações.
Como se não bastasse o estresse pelo qual as lavouras já passaram, a previsão da meteorologia norte-americana é de que as temperaturas se mantenham elevadas e de que a ausência de chuvas se estenda.
Porém, é preciso atenção diante de altas tão expressivas como essas vistas hoje. Como explicou o analista de mercado Daniel D'Ávila, da New Edge Consultoria, o mercado se antecipou ao boletim que o Pro Farmer divulga hoje e já teria precificado as perdas na produção. "O mercado pode estar ainda mais forte na semana que vem. Porém, o mercado não é bobo e já precificou as perdas. Existe um exagero aqui ou acolá que faz essa movimentação do mercado muito para cima ou muito para baixo...Teoricamente eu não acredito que vá muito para cima e que fique por lá", afirmou.
Diante desse cenário, portanto, a orientação de D'Ávila é que os produtores vendam parte de sua safra para fixar os bons preços atuais. Afinal, como explica o analista, apesar de poder avançar ainda mais, o atual patamar em que se encontram a soja e o milho já são muito bons.
Macrocenário - Apesar dos fundamentos positivos, não foi só a força deles que impulsionou a alta no complexo de grãos. O mercado contou também com o recuo do dólar index, que favorece os ganhos nas commodities agrícolas.
Além disso, o pronunciamento de Ben Bernanke, presidente do Federal Reserve (o Banco Central norte-americano) trouxe uma certa tranquilidade ao mercado financeiro. Apesar de não ter anunciado nenhuma medida de ajuda a economia, Bernanke garantiu que já tem as ferramentas necessárias e, que se preciso for, irá usá-las no momento certo. "Não foi tão ruim quanto o mercado esperava", disse o analista da New Edge.
Com isso, foi possível registrar uma volta dos fundos de investimento retornando às compras e contribuindo para as fortes altas desta sexta-feira.
Veja como ficaram as cotações no fechamento da Bolsa de Chicago: